NUTRIÇÃO & ESPORTE

Nutrição e Esporte: Maratona Aquática com Poliana Okimoto

Conheça a trajetória de sucesso da primeira nadadora brasileira a fazer parte do Hall da Fama da Maratona Aquática, com vocês: Poliana Okimoto

Nutrição e Esporte: Maratona Aquática com Poliana Okimoto Poliana Okimoto
Crédito: Satiro Sodre
Você já ouviu falar em Maratona Aquática? 
Aposto que você já deve ter tentado fazer algo parecido quando foi passar a virada de ano na praia, ‘pulando’ mais que sete ondinhas para a paz e a prosperidade aparecerem! A Maratona Aquática não se trata apenas de nadar o máximo que você aguentar e sim de um esporte que exige força, resistência e agilidade. 
Também conhecida como natação em águas abertas, natação de alto mar, natação de águas livres, natação de longa distância ou natação de fundo, os praticantes desta modalidade devem nadar pela distância estipulada por cada competição, sendo vitorioso aquele que percorrer a distância em menor tempo, ou seja, o mais veloz. As provas podem acontecer tanto em lagos, rios ou em mar aberto.
Apesar da natação ser uma atividade milenar, da sobrevivência ao lazer, apenas no ano de 2005 é que o Comitê Olímpico Internacional decidiu integrar a natação em águas abertas no quadro de esportes – fazendo sua estreia nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Ainda em 2005, a Organização Desportiva Pan-Americana também enxergou o potencial do esporte – sua estreia foi em 2007 nos Jogos Pan-Americanos do Rio. Em ambas as competições a distância definida foi de 10Km.
Nesta edição vamos apresentar a trajetória de sucesso de uma brasileira que encheu de orgulho os nossos corações ao conquistar a primeira medalha olímpica, no evento que aconteceu no Rio de Janeiro em 2016, através de sua garra e coragem, se tornando hoje um ícone da Maratona Aquática, conheça a fera Poliana Okimoto.
Nascida e criada na terra da garoa, São Paulo – capital, o esporte escolhido para Poliana Okimoto foi a Natação – que não muito mais tarde migraria para uma de suas derivações, a Maratona Aquática. 
Nadadora há 34 anos, a atleta nos revela de onde veio tamanha ligação com a água. “Comecei a nadar com dois anos de idade, pois minha mãe tinha muito medo dos filhos se afogarem. Então pensando na nossa segurança, ela matriculou meu irmão e eu numa escola para aprendermos a nadar e aos sete anos eu já treinava Natação. Tomei gosto pela modalidade, pratiquei outros esportes, mas foi pela Natação que me apaixonei”, relembra.
Apesar de ser uma pessoa competitiva, no início Poliana não tinha pretensões de competir profissionalmente, nadava porque era uma atividade que lhe dava bem-estar. Ao chegar à adolescência, a atleta já se destacava em seus treinos e logo veio a curiosidade de participar de um campeonato profissional. “Comecei a competir profissionalmente aos 12 anos. Antes eu sentia dificuldade, pois as provas eram muito curtas, de apenas 50m. Mas, quando as provas ficaram longas, foi o momento em que passei a me destacar. Ainda com 12 anos, ganhei o Campeonato Paulista, foi ali que minha paixão pela Natação cresceu. Já aos 13 anos, no Campeonato Brasileiro (absoluto) fui a mais nova nadadora a ganhar uma medalha – um campeonato absoluto significa que todas as categorias e idades podem competir juntas”, detalha Poliana.
Como Poliana se sentia um ‘peixinho’, preferindo nadar por distâncias mais longas, não demorou muito para ela trocar as piscinas pelas águas abertas. A transição da Natação tradicional pela Maratona Aquática aconteceu no ano de 2005. “Meu técnico viu que eu tinha muita capacidade aeróbica, então, as provas mais longas seriam melhores para mim. As provas na piscina de 500 ou 800m já eram curtas, assim as de Maratona seriam melhores. Nessa época descobri que a modalidade passaria a fazer parte dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Pan-Americano”, relembra. 
A primeira prova de Poliana foi a Travessia dos Fortes e ela sentiu muito medo em nadar no mar, uma verdadeira ‘prova de fogo’, que quase a fez desistir da competição devido ao medo, mas, graças à adrenalina ela superou. Na ocasião a nadadora venceu e ainda bateu um recorde. “Nesse momento, meu técnico confirmou que eu poderia ser uma atleta de Maratona Aquática, foi então que resolvi investir nas provas da modalidade”, completa a maratonista.
Como a Maratona Aquática é realizada em águas livres, os atletas ficam vulneráveis às adversidades climáticas e fatores da natureza que influenciam no resultado da prova. “Além dos fatores climáticos, o que diferencia este esporte da Natação em piscina é o contato físico, pois na Maratona Aquática não tem raias separando os competidores”. 
Além de sentir medo em sua primeira competição no esporte que exige muito do físico, Poliana Okimoto passou por diversos ‘perrengues’ durante sua carreira de nadadora profissional, mas sempre vendo o lado positivo de tudo o que passou. “Em algumas competições tive um tímpano perfurado e durante os Jogos Olímpico de Londres sofri hipotermia. São as características do esporte que o tornam um desafio, tanto que essa modalidade tem crescido no Brasil e no mundo. O número de atletas amadores tem crescido bastante, eles têm tomado gosto justamente pela dificuldade, é emocionante terminar uma prova e conseguir ver tudo o que foi superado”, detalha atleta. 
“O esporte nos ensina muitas coisas que vamos levar para o resto da vida. Acredito que os principais ensinamentos são: disciplina, força e dedicação, sem isso não somos nada – pois a rotina de treino é muito desgastante – sem esses três pilares seria impossível alcançar tudo o que conquistei até hoje”, destaca a primeira nadadora brasileira medalhista Olímpica. 
Além disso, para Poliana Okimoto é fundamental ser leal com os competidores, técnico e com as pessoas que trabalham ao seu redor,  sempre mantendo o foco para continuar em frente. “Através do esporte me tornei uma pessoa resiliente, pois dentro do esporte há muitos altos e baixos, assim como na vida. Nesses momentos, precisamos saber sair dos baixos e mesmo nos altos ter os pés no chão e humilde, pois lá na frente podemos errar novamente. Isso me ajuda muito fora da água também”, complementa.

A VIDA DE SEREIA
Quem pretende se arriscar na modalidade, tem que estar ciente que viver embaixo d’agua não é uma tarefa fácil de encarar. A primeira nadadora brasileira medalhista Olímpica, nos explica que para o atleta profissional é necessário levantar cedinho para enfrentar o primeiro treino, que são duas horas na água; logo em seguida vem a musculação, que intercala com o treino funcional durante a semana e uma pausa para descanso. “Os treinos físicos fora da água me ajudaram muita na performance nas competições, pois sempre tive dificuldade em ganhar massa muscular, por conta dos treinamentos intensos dentro da água, cheguei a perder massa muscular. A musculação e o treinamento funcional, foram grandes aliadas para que eu ganhasse força - que é muito importante na hora da prova”.
No período da tarde é preciso estar preparada para o segundo ‘round’ de treino. “O treino da tarde sempre foi o principal para mim. Entrava na água às 16:30 e só saia às 19:30. Voltava para casa, jantava e dormia – todos os dias, exceto no domingo”, brinca a atleta.  Mas, na época de pré-competição, o treinamento passa por algumas alterações. “Não há muita alteração no horário, porém, diminuo bastante a carga de treino – a intensidade e o volume. Para os Jogos Olímpicos, cheguei a treinar 100km semanais, uma média de 20km por dia. Conforme chegava mais perto da competição, o volume diminuía, para que pudesse repor as energias e estar 100%. Além disso, descansar para uma competição é uma peça fundamental, tarefa que tive dificuldade, devido a calendário intenso”, completa.
Atenção! Para aguentar esse pique é necessário cuidado redobrado com os nutrientes do corpo. A atleta explica que uma das principais necessidades que o esporte exige é a fonte de energia, por conta das provas longas e treinos intensos. “Durante a pré-competição, três dias antes da prova, a ingestão de carboidrato é maior e deixo de lado saladas e fibras, para ter carboidrato e glicogênio muscular na hora que o corpo pedir”, detalha Poliana.
Fora da rotina de treinos Poliana não descuida da alimentação por um segundo. Ao todo são sete refeições diárias para se manter em forma. “Sou perfeccionista, sigo a dieta à risca mesmo quando estou de férias, pois sempre tive medo de voltar a treinar com sobrepeso – isso atrapalha muito o atleta profissional, pois leva-se muito tempo para perder o excesso de peso, atrasando toda a temporada”.
Além da atenção com os hábitos alimentares, para complementar o desempenho dentro d’agua, a maratonista é adepta de suplementação diária à base de maltodextrina e BCAA. “A suplementação sempre foi muito importante porque nem sempre conseguimos suprir somente com alimentação o que estamos precisando no momento. O desgaste é muito grande durante os treinos, precisamos da suplementação para ficarmos bem. Consegui a primeira medalha olímpica com 33 anos e minha recuperação muscular não era mais a mesma, tive muita dificuldade para estar bem em todos os treinos. Então o suplemento me ajudou muito nessa parte. Consegui ter energia para dar meu 100% em todos os treinos”, revela Poliana.
Nos períodos de competição a nadadora faz uma leve alteração dos suplementos que consome. “A alteração depende muito da época de treino, sempre dividimos o planejamento em três blocos. O primeiro com mais volume e menos intensidade, chegando a treinar 100km por semana, daí inserimos mais carboidratos; no segundo bloco diminuímos o volume e aumentamos a intensidade, aumentando a ingestão de proteína para ganhar massa muscular e reduzir um pouco o consumo de carboidrato, e finalmente no terceiro bloco, onde se encontra o período de pré-competição, aumentamos o carboidrato para ter bastante glicogênio muscular na hora de competir”, detalha.
Segundo Poliana, para se destacar dentro da Maratona Aquática o atleta precisa investir pesado no treinamento e assim conseguir nadar durante 10km de prova. A preparação é a base para um bom desempenho, tanto físico quanto psicológico, para encarar as dificuldades no decorrer da competição. “Tenho dois diferencias: um físico e outro mental. Físico, pois tenho técnica de natação e flutuablidade e isso faz com que eu não tenha lesão e o mental é que tenho uma mente muito boa para treino e competição, mesmo sabendo que minhas adversárias são maiores, nunca senti desvantagem. Quando vejo as fotos das provas é sempre estranho me ver ali tão pequena e magra perto das outras. Costumo brincar que me pareço com aquela imagem do gatinho olhando seu reflexo na água e se vendo como um leão. É dessa forma que me vejo, nunca me vi mais rebaixada que atleta nenhuma”, revela.

APOSENTADORIA, E AGORA?
Após ter tido um excelente desempenho representando o Brasil, nos Jogos Olímpicos Rio/2016, em dezembro de 2017, Poliana Okimoto anunciou sua aposentadoria como atleta profissional. “Ao praticarmos um esporte profissional temos que abdicar de muitas coisas e dedicar a vida toda a isso. Dediquei 34 anos da minha vida ao esporte – foram 20 anos de seleção brasileira e conquistei tudo o que eu queria. Acredito que fiz a minha parte dentro do esporte, me aposentei muito realizada e plena com a minha carreira”, confessa.
Calma, a nossa sereia brasileira não abandonou o esporte, ela segue praticando a Maratona Aquática, mas desta vez como atleta amadora. “Gosto muito de nadar e gosto muito de competir, então vai ser difícil eu sair do meio”, brinca. Ao lado do marido e técnico há 14 anos, Ricardo Cintra, a nadadora enxergou uma nova oportunidade dentro do esporte, a de empreendedora e assim nasceu Okimoto & Cintra Swim Team – uma assessoria esportiva. “Em nossa assessoria, já contamos com vários atletas, inclusive amadores, que fazem provas do Circuito Brasileiro. Estou empolgada e motivada com o time, desta forma continuarei frequentando as competições, seja para nadar ou para acompanhar a nossa equipe”, vibra Poliana Okimoto.
Deixar de lado o cargo de nadadora profissional possibilita Poliana colocar em pratica diversos projetos e sonhos que estavam apenas no papel, como o de ser mãe e lém da assessoria esportiva, ela também conseguiu tempo para planejar a primeira travessia que acontecerá este ano e que levará o seu nome – Travessia Poliana Okimoto.
Hoje, realizada, Poliana Okimoto é dona da sua rotina. Leva uma vida mais tranquila e consegue conciliar tudo o que deseja fazer. “Todos os dias eu nado, muito menos que antes, agora de 3 a 4km por dia, somente no período da manhã e na parte da tarde, alguns dias faço CrossFit, Ioga ou corro – depende muito do meu humor, não impus nenhuma rotina à tarde. Estou levando a vida desta forma e está sendo muito gostoso”, celebra.

PRINCIPAIS CONQUISTAS
2018 - Primeira mulher brasileira a entrar para o Hall da Fama da Maratona Aquática - Londres
2016 - Primeira nadadora brasileira medalhista Olímpica - Rio de Janeiro
2013 - Primeira e única nadadora brasileira Campeã Mundial em provas Olímpicas - Barcelona
2013 - Primeira nadadora a ganhar o Prêmio Brasil Olímpico
2009 - Primeira nadadora brasileira a ganhar um Título Mundial - Circuito Mundial
2007/2011 - Primeira e única medalhista em Jogos Pan-Americanos em Maratonas Aquáticas - Rio/Guadalajara
2009/2013 - Primeira nadadora brasileira eleita Melhor do Mundo pela FINA 
2007 - Primeira nadadora brasileira a vencer uma etapa do Circuito Mundial - China 
2006 - Primeira nadadora Brasileira em pódio de Campeonato Mundiais – Napoles

MEDALHAS
28 medalhas em Copa do Mundo
6 medalhas em Campeonatos Mundiais
2 medalhas em Jogos Panamericanos
1 medalha olímpica

Poliana Okimoto
Data de Nascimento: 08/03/1983
Local de Nascimento: São Paulo/SP
Modalidade: Maratona Aquática
Categoria: Prova de 10km
Peso: 54kg
Altura: 1,65m
Equipe: Okimoto & Cintra Swin Team
Patrocinador: Speedo

Redes Sociais:
Instagram: @polianaokimoto
Facebook: Poliana Okimoto
Site: www.polianaokimoto.com.br

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