SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Infantil: Papinha liquidificada é nutritiva para o bebê?

O momento de iniciar o desmame do bebê e passar a oferecer outros alimentos, além do leite, é um período delicado para os pais, pois gera muitas dúvidas sobre como oferecer os novos alimentos

Infantil: Papinha liquidificada é nutritiva para o bebê? https://nutrinfantil.com.br/
Crédito: BANCO DE IMAGENS

O momento de iniciar o desmame do bebê e passar a oferecer outros alimentos, além do leite, é um período delicado para os pais, pois gera muitas dúvidas sobre como oferecer os novos alimentos. Afinal, até então o único alimento que o bebê ingeria era o leite materno ou a fórmula infantil, o resto é tudo novidade.
Entretanto, é uma fase importantíssima para o bebê, pois é na introdução alimentar e nos primeiros contatos com os alimentos, que desenvolvemos o paladar de nossos filhos e criamos hábitos alimentares que eles levarão ao longo da vida.
Eu costumo dizer que o paladar do bebê é uma página em branco e são os pais quem irão escrever essa história! É nesse ponto que cometemos um dos maiores erros da introdução alimentar, que são as famosas papinhas liquidificadas.
Quando oferecemos tudo batido e misturado, por mais que sejam alimentos nutritivos, o bebê não consegue distinguir os diferentes sabores e texturas porque tem tudo a mesma consistência e o mesmo sabor. O bebê não aprende a tomar decisões e não desenvolve o paladar. Com a papinha ele pode até comer de tudo, mas não vai aprender nada!
Por mais que coloquemos apenas alimentos nutritivos na papinha, ricos em micronutrientes essenciais para o bom desenvolvimento da criança, fica tudo com um gosto só: de papinha. Geralmente o sabor predominante é o do alimento mais forte, não tem textura nem aroma, o bebê não treina a mastigação que também é importantíssima na introdução alimentar.
Atualmente a maioria das papinhas industrializadas são muito boas, sem conservantes e com ingredientes de qualidade (sempre leia o rótulo para se informar). Claro que isso é positivo, mas ainda assim são papinhas e caímos no mesmo erro.
A introdução alimentar, que vai mais ou menos dos 6 aos 12 meses, tem que ser entendida pelos pais como uma fase de aprendizado. Mais importante do que alimentar o bebê é ensiná-lo a comer. Isso vai fazer toda diferença nos hábitos alimentares que ele levará ao longo da vida e claro, que queremos ver nossos filhos com uma alimentação saudável e nutritiva.
Não que seja impossível mudar os hábitos alimentares depois, mas vai ser muito mais difícil, vai exigir muito mais da criança e dos pais. Na idade adulta é muito mais penoso mudar um hábito que adquirimos, seja alimentar ou comportamental.
Criança aprende tudo mais fácil e rápido, é uma fase de desenvolvimento incrível. É como aprender um novo idioma, quanto mais novos somos, mais fácil. Mas aí vem aquela dúvida: “Meu filho não está comendo nada, não aceita os alimentos que ofereço, será que ele está passando fome? ”.
É nessa hora que os pais se desesperam e apelam para praticamente qualquer coisa que o bebê aceitar. Preferem dar papinha bem liquidificada para ficar com a consistência mais parecida com o leite e facilitar a aceitação. Oferecem também sucos, afinal suco é líquido como o leite e o bebê vai aceitar melhor. Porém, o suco também não é recomendado antes de um ano por conter uma quantidade muito alta de frutose, que é o açúcar da fruta. Prefira oferecer a fruta in natura que é muito mais saborosa e nutritiva, tem muito mais fibras e micronutrientes que o suco.
Voltando ao ponto de o bebê estar passando fome por não ter aceitado os alimentos oferecidos, não se preocupe com isso. Ele não está passando fome! Não, não e não! Se ele estivesse com fome ele comeria. Você acabou de oferecer comida e ele não quis, respeite seu filho.
Guarde bem o que vou escrever agora: até um ano de idade a principal fonte de nutrientes do bebê é o leite, seja o materno ou a fórmula infantil. A alimentação é complementar e deve ser levada como uma fase de aprendizado. O mais importante é ensinar seu filho a comer e desenvolver hábitos alimentares saudáveis que ele levará ao longo da vida.
No início ele vai comer pouquinho mesmo ou não vai comer nada. É tudo novidade, novas descobertas, novas cores, sabores, texturas, aromas...
É como aprender a andar. A criança não levanta do nada e sai correndo pela casa do dia para a noite. É aos pouquinhos, primeiro aprende a engatinhar, depois a ficar em pé, dá o primeiro passo, cai, levanta, tenta de novo e assim vai. Há um processo de aprendizado que precisa ser respeitado.
Nunca force o bebê a comer. Lembre-se sempre que até um ano a principal fonte de nutrientes é o leitinho, ele não está passando fome. Além disso, o estômago dele é bem pequenininho, cabe pouca coisa mesmo.
Se seu filho está ganhando peso normalmente, está dentro da curva esperada de crescimento e ganho de peso, não há com que se preocupar.
A introdução alimentar é uma fase de aprendizado, por isso é importante apresentar os alimentos individualmente e sem sal, use apenas temperos naturais como alho, cebola, salsinha, manjericão, orégano, etc., ou não use tempero nenhum. É importante que o bebê conheça o sabor e a textura de cada alimento individualmente para ir se familiarizando com cada um e desenvolvendo seu paladar.
Na papinha está tudo misturado. O bebê pode até comer de tudo, mas não vai aprender nada. Se não pode misturar nem bater os alimentos, você deve estar se perguntando como dar comida para o bebê? Ofereça os alimentos individualmente, em pedaços pequenos, ou amassados com um garfo, depende do método que você escolher.
Quando for oferecer arroz e feijão em uma refeição, por exemplo, não misture os dois. Ofereça o arroz e o feijão separadamente para o bebê conhecer o sabor e a textura de cada um.
Fazer a introdução alimentar da maneira correta, oferecendo os alimentos individualmente e não em papinhas liquidificadas, dá muito mais trabalho. É tudo muito simples, mas definitivamente não é fácil.
Quando estiver se questionando se realmente vale a pena todo esse sacrifício ao invés de simplesmente oferecer as papinhas liquidificadas, pense nos benefícios que seu filho vai ter para o resto da vida dele.
Daqui alguns anos, quando você vir seu filho comendo de tudo, com uma alimentação saudável e balanceada, você vai olhar para trás com orgulho e a certeza de que valeu a pena todo o sacrifício.


CAMILA GARCIA - CRN 34782
Formada em nutrição pela PUC-Campinas e pós-graduada em saúde e nutrição infantil pela Unifesp. 
“Acredito no poder da alimentação infantil como essência de um mundo mais leve e saudável”

Camila Garcia

Nutricionista

CRN  - 34782

Formada em nutrição pela PUC-Campinas e pós-graduada em saúde e nutrição infantil pela Unifesp.
“Acredito no poder da alimentação infantil como essência de um mundo mais leve e saudável”

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