Prof. Dr. Christiano Bertoldo Urtado
Doutor em Ciências Médicas pela UNICAMP, Pesquisador do Programa de Mestrado em Educação Física da UFMA – Universidade Federal do Maranhão
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Prof. Me. Rafael Miranda
Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP, Gestor de carreira dos Personal Trainers
Email: rafaelchagasmiranda@gmail.com
Instagram: @prof_rafaelmiranda
Atletas que competem em diversas modalidades esportivas, estão inseridos em programas de musculação para melhorar o desenvolvimento muscular específico do esporte, além da performance na modalidade.
Tradicionalmente, as diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Esporte para aumento de força e hipertrofia, apontam que o treinamento deve ser realizado pelo menos à 70% de 1RM (ACSM, 2009). Porém, a cada dia, cresce o número de evidências científicas que suportam o treinamento de força com baixas cargas combinado com restrição parcial do fluxo sanguíneo para facilitar os ganhos de força e hipertrofia (TAKARADA et al.,2000; YASUDA et al., 2011). Além disso, já é reportado na literatura aumento na massa óssea (KARABULUT et al., 2010), aumento da síntese proteica (FRY et al., 2010) e melhora da funcionalidade (YOKOKAWA et al., 2008). Entretanto os mecanismos subjacentes a essas respostas ainda não estão totalmente elucidados.
Pearson & Hussain, (2015) relatam que o estresse metabólico presente neste método, pode exercer importante papel na hipertrofia e a tensão mecânica também se faz presente e tem sua importância. De acordo com os autores, tanto a tensão mecânica, quanto o estresse metabólico agem sinergicamente para mediar diversos mecanismos secundários associados, agindo de forma parácrina e autócrina, na hipertrofia muscular.
Este estresse metabólico, ou seja, acúmulo de metabólicos resultantes de um ambiente isquêmico/hipóxico (LOENNEKE et al., 2011) é hipotetizado agir em outros fatores como:
I. Recrutamento de fibras rápidas ou tipo II
II. Aumento suprafisiológico de GH
III. Síntese proteica
IV. Redução da expressão gênica de Miostatina
V. Ativação de Células Satélites
VI. Redução na expressão dos atrogenes e consequente redução na degradação proteica
VII. Inchaço celular e aumento da síntese de proteínas
Isso tem aplicações para praticantes (pacientes, iniciantes na musculação e até mesmo atletas) que apresentam dificuldades em tolerar o estresse mecânico associado ao treino de força com cargas elevadas.
Se olharmos com calma e principalmente com bom senso para as evidências científicas, atletas saudáveis e bem treinados não tem recebido tanta atenção à pesquisa, haja visto que mudar rotina de treino, dieta, mas principalmente preparação para intervenções científicas, podem comprometer o ciclo de planejamento.
Em pesquisa publicada em setembro de 2018 em uma das melhores revistas científicas da área (Medicine & Science in Sports & Exercise), pesquisadores da Faculdade de Ciência do Esporte e Saúde da Universidade de Agder na Noruega, avaliaram os efeitos do treinamento de força com restrição do fluxo em atletas altamente treinados em força. Os pesquisadores encontraram 12% de hipertrofia muscular em fibras do tipo 1 e aumento significativo do volume do quadríceps como um todo, utilizando a restrição de fluxo na coxa, durante o exercício de agachamento.
Dependendo do tipo de modalidade praticada: fisiculturismo, atletismo, futebol, rugby, basquete, dentre outras, muitos atletas necessitam desenvolver simultaneamente várias qualidades fisiológicas, físicas e habilidades específicas para seu esporte.
Quando organizamos uma preparação, precisamos considerar não apenas quanto tempo levará para o atleta atingir o objetivo, mas também, o estresse que o treinamento com alta carga pode gerar no corpo do mesmo. Nesse sentido, utilizar o treinamento de força com restrição de fluxo sanguíneo durantes várias fases de preparação, respeitando-se a periodização escolhida, pode ajudar o atleta a contornar os potenciais efeitos mecânicos ‘negativos’ das altas cargas de treinamento.
Se levarmos em consideração atletas que apresentam uma baixa capacidade de recuperação de treinos com alta carga, a restrição do fluxo pode ser uma estratégia extremamente útil, pois estudos mostram que de fato, a técnica parece fornecer estímulo fisiológico adequado para o desenvolvimento muscular, o que já não é encontrado com cargas baixas, que causam pouco dano (LOENNEKE et al., 2014).
Abaixo, a tabela resume os principais resultados dos atletas estudados, a pressão mais utilizada nos manguitos, o volume e a intensidade, assim como o tempo de treinamento.
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