1 - Você sabe o que é?
É a ansiedade que nos faz em alerta sempre quando há mudanças ou ameaças. Ela caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas somáticos e psicológicos, que interferem no funcionamento cognitivo e comportamental, causando prejuízos na vida de uma pessoa, porém ela pode se tornar patológica quando interfere de forma negativa em nossa vida, gerando sofrimento.
De acordo com a psicóloga Thais Cristina de Almeida Prado o diagnóstico de um Transtorno de Ansiedade só pode ser mantido quando os sintomas são persistentes e comprometem a rotina da pessoa. “Uma pessoa com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade tem muita dificuldade em lidar com preocupações, pois, as preocupações associadas ao transtorno são mais generalizadas, pronunciadas, aflitivas, duradoras e frequentemente ocorrem sem desencadeantes, ou seja, sem motivo aparente. Quanto mais a pessoa apresenta preocupações excessivas, mais provável o diagnóstico”, afirma.
A psicóloga Ana Paula Cavalheiro completa: “Dentro dos Transtornos de Ansiedade temos variações e tipos diferentes, como: Transtorno de Ansiedade de Separação, Mutismo Seletivo, Fobia Específica, Agorafobia, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Ansiedade Induzido por Substâncias/medicamentos, Transtorno de Ansiedade devido à outra condição médica e ou Transtorno de Ansiedade especificado”, explica
2 - Quais são as causas do transtorno?
O transtorno pode estar relacionado com a experiência de vida do indivíduo desde a infância e a forma como ocorreram tais experiências negativas podem gerar crenças disfuncionais e o indivíduo começará a associar novas situações com base nas experiências negativas, como uma forma de ‘prever’ antecipadamente o que irá acontecer.
Sabe aquela sensação de frio na barriga que sentimos no primeiro dia de aula ou em uma apresentação? São momentos como estes que podem ser identificados como ansiedade, porém em um grau comum e normal.
Aparentemente não há comprovações exatas sobre a origem do TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), mas, estudos relacionam situações traumáticas ou situações ambientais em que o indivíduo está inserido, por exemplo, ao estresse excessivo ou a baixa qualidade de vida.
A psicóloga Dagmara Moraes Eberle completa: “Geralmente, a ansiedade decorre de situações em que o indivíduo se sente ameaçado em sua integridade física ou psicológica, que nem sempre representam perigo real. Para se compreender a origem é preciso partir do pressuposto de que cada indivíduo é um universo simbólico constituído de crenças, valores e vivências afetivas que interagem de forma complexa, refletindo na maneira como ele interpreta o mundo e em como estabelece suas relações interpessoais”.
3 - Conheça os fatores de riscos
Os fatores de riscos variam de acordo com o tipo de transtorno, por exemplo, no Transtorno de Ansiedade Social (ou Fobia Social) os fatores compreendem em inibição comportamental e medo de avaliação negativa, já no Transtorno de Pânico, temos fatores de risco temperamentais como afetividade negativa, sensibilidade à ansiedade e histórico de períodos de medo ao longo da existência.
Um dos fatores mais conhecidos é a personalidade, pessoas muito tímidas ou negativas estão mais propensas a adquirir a ansiedade, quando falamos de genética é muito importante ver se em sua família existe histórico de pessoas com TAG, pois aumentam-se as chances de adquirir a ansiedade.
O transtorno também pode se desencadear através de traumas psicológicos e ao uso de certos medicamentos. Além também do excesso de estresse decorrente de doenças físicas ou fator social, traumas, experiências negativas e abuso de substâncias psicoativas como álcool e drogas.
4 - Quem pode adquirir? Quais os sintomas?
O Transtorno de Ansiedade pode ser adquirido por qualquer pessoa e em qualquer idade. Entre os sintomas mais comuns temos: tensão, preocupação excessiva, dificuldades em relaxar, em se concentrar, em lidar com incertezas e em tomar decisões, além de palpitação, falta de ar, aperto no peito, tremores, inquietação, insônia, cansaço, tontura, inquietação interna, desconforto mental e apreensão, medo, nervosismo e expectativa.
De acordo com os profissionais consultados, são esses sintomas que nos assolam no decorrer da vida, mas, é preciso saber identificar a partir de que ponto deixa de ser normal e passa a afetar a rotina, lembrando que os sintomas podem variar conforme o tipo de transtorno, no entanto, todos de um modo ou de outro, dizem respeito a aspectos das relações sociais.
5 - Como é realizado o diagnóstico?
Para ocorrer o diagnóstico é necessário que a pessoa apresente três ou mais sintomas, por pelo menos seis meses com diversos eventos ou atividades.
Segundo o DSM V (Manual diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) os sintomas são: inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se ou sensações de ‘branco’ na mente, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto), lembrando que o diagnóstico em primeiro momento pode ser identificado por um clínico geral, mas somente o profissional psiquiátrico pode finalizar o diagnóstico.
6 - Como é realizado o tratamento?
Existem técnicas simples que podem ser utilizadas no auxílio do controle da ansiedade, uma delas é respirar fundo. Atividades como caminhada e natação ou atitudes como afastar pensamentos negativos que preocupam e afligem, também são soluções.
É importante sempre pensar positivo e evitar pensar em situações que você não tenha controle, não pode resolver ou não tem resposta. Em casos agudos são de extrema importância o acompanhamento psiquiátrico e o uso de medicamentos.
A psicóloga Camila Cavalheiro explica como é o tratamento. “O papel do psicólogo é auxiliar o indivíduo a identificar os fatores que podem ter desencadeado a ansiedade, propondo compreensão das condições do transtorno e sintomas. Desta forma, contribui-se para a consciência das questões emocionais, enfrentamento das situações e mudança de pensamentos. Através de técnicas de relaxamento desenvolve-se autoconhecimento e encontra maneiras de controlar a ansiedade em situações cotidianas”, detalha.
O apoio familiar é de extrema importância e o tratamento dependerá da avaliação de cada caso, por isso é necessário procurar um profissional.
7 - A ansiedade pode desencadear outras doenças?
Se o transtorno não for controlado ele pode levar ou piorar, outras condições de saúde mental e física, como: depressão, abuso de substâncias químicas, insônia, problemas digestivos ou intestinais, cefaleia, hipertensão, alergias e obesidade e pode ainda desenvolver uma síndrome do pânico, fobia específica, estresse pós-traumático, fobia social e problemas cardiovasculares.
8 - Existe cura?
Em média um em cada três pacientes não respondem ao tratamento convencional e os estudos demostram que o tratamento com medicamentos geralmente precisa ser mantido de 6 meses a 1 ano após o desaparecimento dos sintomas e deve ser removido aos poucos.
Dentro do tratamento o paciente vai encontrar suporte para ressignificar pensamentos disfuncionais e desconstruir crenças que geram sofrimento físico e psíquico, buscando superação dos sintomas da ansiedade, equilíbrio emocional e autocontrole.
A psicóloga Sheila Lamas nos explica um pouco mais sobre o tratamento. “Na psicoterapia, o papel do psicólogo é ajudar o indivíduo para que entre em contato consigo mesmo para identificar e se conscientizar sobre as causas que desencadeiam a ansiedade generalizada, onde juntos, poderão encontrar formas de se controlar, caso a ansiedade saia do controle novamente”, finaliza.
9 - Quais são as formas de prevenção?
Praticar a fala do que incomoda e preocupa, além de promover o autoconhecimento, traz muitos benefícios à vida. Outras formas de prevenção é a prática de atividades físicas, meditação e técnicas de relaxamento, além de ter uma boa alimentação, pois ela ajudará muito no equilíbrio bioquímico do organismo evitando pensamentos ansiosos. Mas, é através da psicoterapia que o indivíduo conseguirá auxílio necessário para lidar com as emoções e as experiências de vida, afim de evitar o sofrimento psíquico causado pela ansiedade.
FONTES CONSULTADAS:
Dagmara Moraes Eberle: CRP 06/80448. Psicóloga pela UNIMEP, Pós-graduada em Psicologia Junguiana pela FACIS – IBEHE/SP e em Psicologia Hospitalar pelo Programa de Aprimoramento Profissional no Inst. de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Fac. de Medicina da USP.
Sheila Regina Marcondes Lamas: CRP 06/131282. Psicóloga pela CEUNSP, trabalha com psicologia clínica com base na Abordagem Centrada na Pessoa.
Thais Cristina de Almeida Prado: CRP 06/104592. Psicóloga pela Anhanguera, MBA em Gestão de Pessoas, Especialista em Neuropsicologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, Treinanda em Avaliação Neuropsicológica de Idoso no Hospital das Clínicas da UNICAMP.
Ana Paula Cavalheiro: CRP 06/121680. Bacharel em Ciências Sociais pela USP-SP, licenciada em Psicologia pela Metodista de Piracicaba e Especialista em Psicopedagogia.
Camila Cavalheiro: CRP 06/146837. Psicóloga pela UNIP, atuante dentro da abordagem Cognitivo Comportamental na Clínica Espaço Terapêutico Sorocaba.
Comentários