*Danielle Fava - Nutricionista
Os mais recentes estudos sobre nutrição materno-infantil destacam a importância da nutrição para a saúde da criança, desde a concepção até os dois anos de idade. Esse período é composto por 1000 dias e, de acordo com as pesquisas, tudo o que é feito em relação aos cuidados de saúde nesse período tem impacto nas funções cognitivas, motoras e sociais dos pequenos, contribuindo para que o melhor potencial em seu desenvolvimento seja alcançado.
Esses estudos sobre os 1000 dias começaram a partir de uma série de artigos publicados em 2008, cuja temática era a desnutrição materno-infantil e, por meio do qual foram explorados diversos outros assuntos, incluindo as intervenções nutricionais, mostrando a necessidade de se construir esforços para o crescimento e desenvolvimento das crianças nesse período.
Nesse sentido, temos a nutrição como um fator primordial e de grande impacto na saúde da criança, tanto em curto quanto em longo prazo. Os primeiros 1000 dias é um período de grande desenvolvimento do bebê que parece ter forte regulação na epigenética da criança. Sendo assim, o aporte de nutrientes é fundamental para que cresçam e tenham o desenvolvimento de saúde global adequadamente.
Os benefícios dos cuidados nos primeiros 1000 dias, a longo prazo, são: diminuição da morbimortalidade infantil, maior estatura (pois a criança consegue alcançar o melhor do seu potencial de crescimento), melhor desenvolvimento cognitivo, motor, social e emocional, diminuição de doenças crônicas e obesidade, melhora na performance escolar e aumento da capacidade de trabalho e produtividade.
IDADE FÉRTIL
Tudo começa com uma boa nutrição na idade fértil, onde a mulher que pretende ter filhos já deve manter uma nutrição adequada, peso adequado e boas condições de saúde. Esses são aspectos relevantes para iniciar uma gravidez de forma saudável.
Durante a gestação, deverá haver aporte nutricional adequado a essa fase da vida onde as necessidades de ferro encontram-se aumentadas, bem como há necessidade da suplementação de folato e cálcio.
A mulher deve cuidar do ganho de peso, realizar acompanhamento pré-natal adequadamente, tomar as vacinas necessárias e se atentar para comer de forma equilibrada.
Assim que o bebê nasce, temos a necessidade e importância do leite materno ou da fórmula infantil adequada, em caso da impossibilidade de amamentar ao seio.
O leite materno deve ser oferecido como fonte alimentar exclusiva até os seis meses de idade e como complementar até dois anos ou mais, de acordo com as orientações dos órgãos de saúde.
Na introdução da alimentação complementar, há de se considerar não somente a ingestão nutricional adequada, mas fatores como a higiene dos alimentos, a suplementação de vitaminas e minerais, caso haja necessidade, bem como o fornecimento de água.
A forma como ocorre essa introdução da alimentação no que concerne à consistência e utensílios utilizados para oferecer o alimento ao bebê também são importantes.
Apresentar diversos alimentos para o bebê auxilia na formação de seu repertório alimentar. Nessa fase também é importante a identificação de possíveis alergias alimentares, evitar alimentos industrializados e respeitar a fome e saciedade do bebê. Além disso, não são recomendados o uso de sal e açúcar para que a criança aprenda a conhecer o sabor natural dos alimentos.
A partir de 1 ano, a alimentação da criança já pode ser semelhante à da família, ressaltando apenas que ainda é preciso evitar os alimentos industrializados, doces, refrigerantes e outras guloseimas. Nessa fase, a criança passa a ter maiores vínculos sociais e, consequentemente, fica mais exposta a esse tipo de alimentos, tornando eminente a promoção da educação alimentar e nutricional desde cedo.
Todos os cuidados impressos no período dos 1000 dias irão modular a programação metabólica e a expressão genética da criança e interferir ao longo de toda sua vida.
Como base nesse conhecimento, os profissionais de saúde têm fortemente trabalhado em estratégias que orientem as famílias desde antes da concepção, até todo o cuidado pré e pós-natal necessários para garantir o melhor, no que concerne ao desenvolvimento infantil.
É claro que a qualquer momento da vida a retomada por uma alimentação saudável irá trazer benefícios. Então, mesmo que os pais não foram orientados antes, sempre é tempo de reavaliar a alimentação atual e modificá-la.
Sempre procure um profissional de nutrição para auxiliar com a sua alimentação, principalmente se estiver grávida ou se for mudar algo na alimentação de seu filho.
Comentários