A manutenção da temperatura corporal influencia a frequência cardíaca e respiratória, o metabolismo celular, o processo de digestão e também pode interferir significativamente no desempenho dos atletas.
Aprenda porque isso acontece e o que é certo e errado na hora de suar a camisa.
O ser humano é homeotérmico, isto é, possui a capacidade de manter a temperatura corporal dentro de um intervalo pré-determinado, mesmo frente às grandes variações termicas do meio ambiente. Nosso corpo possui um sistema preciso de controle responsável por manter a temperatura do corpo constante, uma vez que, muitos mecanismos fisiológicos e bioquímicos dependem da eficiência no ajuste da temperatura corporal como, por exemplo, a manutenção da frequência cardíaca e respiratória, o metabolismo celular, o processo de digestão, entre outros. Sabe-se que a eficiência mecânica do organismo humano é extremamente baixa. Em uma caminhada rápida, por exemplo, no máximo 25% da energia química proveniente da metabolização de nutrientes se transforma em energia mecânica, atuante no movimento.
O restante é transformado imediatamente em energia térmica. Cabe ressaltar que posteriormente, a energia mecânica, que proporcionou o movimento, também é transformada em energia térmica. Portanto, 100% da energia é transformada em calor. Essa energia térmica se acumula durante a prática de exercícios elevando a temperatura corporal e se não dissipada promove o colapso das funções orgânicas devido ao superaquecimento.
O equilíbrio térmico é conseguido através do balanço entre a perda e a produção ou aquisição de calor. Quando pensamos na contribuição dos diferentes fatores no controle do metabolismo corporal, verificamos uma intensa variação. Se compararmos uma situação de repouso com uma de exercício físico, por exemplo, verificamos que no primeiro caso a termogênese, ou geração de calor, é decorrente essencialmente do metabolismo basal, enquanto que no segundo deriva principalmente da atividade contrátil da musculatura. Um órgão de extrema importância para o equilíbrio destas relações térmicas é a pele, que nas extremidades, contrariamente ao que acontece ao nível das regiões corporais mais profundas, têm maior variação de amplitude térmica. O que faz do fluxo sanguíneo cutâneo o eixo de ligação entre a superfície da pele e as regiões mais centrais. A irrigação da pele é composta por um sistema complexo de ramificações vasculares do qual faz parte uma infinidade de vasos que mudam de forma conforme o grau de exigência.
Para refrigerar nosso corpo o organismo lança mão de sistemas de perda de calor como a evaporação, que acompanha a vaporização do suor a partir da superfície corporal. Em temperaturas ambientes superiores a 36ºC a evaporação é o mecanismo exclusivo de perda de calor, por outro lado, em situações térmicas neutras ocorrem perdas insensíveis (sem possibilidade de controle) de água, por difusão contínua através da pele e dos pulmões. Esse mecanismo é chamado de perspiração, atinge de 450-600 ml/dia e equivale a aproximadamente 12-16 Kcal por hora. A sudorese, ou seja, o ato de produzir e liberar suor inicia-se quando a temperatura corporal central é superior a 37ºC e é controlada pela intensidade de ação das milhões de glândulas sudoríparas, distribuídas por toda a superfície corporal.
Essas glândulas são especialmente abundantes nas palmas das mãos, nas plantas dos pés, na fronte e no peito, e menos numerosas nas costas. O suor é constituído por um fi ltrado incolor proveniente do plasma, que é 99% água e 1% outras substâncias químicas como: compostos de sódio, cloro, potássio, cálcio, fósforo e ácido úrico. O fluído é também uma forma de excretar dejetos de nitrogênio e também uma forma de regular a temperatura,que deve ficar entre 36ºC e 36,8ºC. Quando a temperatura do organismo ultrapassa 37ºC, o suor age como um mecanismo de refrigeração, assim, quando um indivíduo sente calor por causa de exercício ou da temperatura do ambiente mais suor é produzido. Em situação máxima, um adulto produz mais de 0,5 litros/hora de suor. Em atletas bem treinados cada grama de suor que se evapora absorve 584 calorias. A quantidade de suor depende de fatores genéticos, das condições climáticas e do estado de hidratação, além do peso corporal, uma pessoa que está acima do peso, por exemplo, tem tendência a transpirar mais. É importante ressaltar que a manutenção de uma temperatura corporal estável é essencial para o funcionamento dos elementos envolvidos na sua regulação, ou seja, os sensores térmicos e o centro integrador localizado no sistema nervoso central, mais especificamente em uma região denominada hipotálamo.
Os sensores térmicos são células sensíveis ao calor, ativadas pelo aumento na temperatura, ou frio, estas em maior número e ativados pela redução na temperatura, cujo grau de estimulação depende das variações na temperatura do sangue que percorre a pele. Assim, a estimulação térmica destas células nervosas traduz-se por um aumento da frequência dos impulsos emitidos, que chegam aos centros hipotalâmicos. O risco da desidratação Percebe-se que concomitante com a sudorese elevada há perda de sódio, fato que influencia na concentração dos líquidos orgânicos que banham terminações nervosas e fi bras musculares, podendo promover cãibras. Para se ter um referencial, um atleta de 70 quilos correndo a uma velocidade de 10 km/h pode elevar até nove graus centígrados a sua temperatura corporal.
Outro dado importante aponta que em praticantes de atividade física, um litro de suor pode conter cerca de 30 a 60mEq/litros de sódio e entre 8 e 15mEq/litros de potássio ou mais e a sudorese pode ocorrer em quantidades maiores a dois litros por hora. Para diminuir este efeito sugere-se uma reposição de sódio. Além disso, a ingestão excessiva de água, refrigerante ou outra bebida com teor muito baixo de sódio praticamente não reidrata o organismo rapidamente e, em algumas pessoas, pode ocasionar hiponatremia – baixas concentrações de sódio no sangue – que pode ser fatal. Ao analisarmos praticantes de atividade física em provas de longa duração, observamos a possibilidade de haver desidratação defl agrada pela alta sudorese, podendo atingir 2 litros/hora, sem esquecer que este evento depende de fatores como o ambiente, condicionamento físico, intensidade do esforço, aclimatação e tempo de exposição. Para contrapor aos processos que conduzem a desidratação, se faz necessário o uso de soluções de reposição oral hidroglicoeletrolíticas, que permitem a reposição de água associado a carboidratos simples e eletrólitos. Desidratação leve e moderada causa fadiga, perda de apetite, sede, pele ruborizada (vermelha), intolerância ao calor, tontura e aumento da concentração da urina, já a desidratação grave causa pele seca e murcha, olhos afundados, visão fosca, delírio, espasmos musculares, choque térmico e coma, podendo evoluir para óbito. Devemos prestar muita atenção e orientar praticantes de atividade física, tendo em vista que a perda de peso total refl ete o grau de desidratação, uma vez que, as alterações de massa corporal do atleta representam uma resultante, tanto de perdas hídricas quanto de fontes não hídricas como, por exemplo, a glicogenólise, ou seja, da perda do glicogênio muscular e hepático, em detrimento da preservação da disponibilidade de glicose. Em relação às atividades prolongadas, deve ser adotada uma estratégia que reduza não somente os riscos da desidratação, mas também os decorrentes da superhidratação ou hiper-hidratação, que são condições promotoras de injúria térmica ou hiponatremia. Você sabia? • Quanto mais agradável a temperatura ambiente, menos você vai suar. Isso não quer dizer que você não esteja queimando calorias, pelo contrário, com menos sudorese, menor a desidratação e maior sua capacidade de desempenho. • Quanto maior a intensidade da atividade física mais contração muscular, gerando mais calor. •
Devido a componentes de fundo genético algumas pessoas suam mais que outras nas mesmas condições. • Quanto melhor o condicionamento físico, mais suor se produz: o corpo se torna mais eficiente para manter a temperatura adequada. Atletas bem treinados suam mais. E eles começam a suar em uma temperatura corporal mais baixa resfriando o corpo mais eficientemente do que uma pessoa não treinada. • Quanto à fase de vida: idosos, crianças e gestantes são mais susceptíveis à desidratação, tendo que tomar cuidados redobrados. • A partir de uma desidratação que cause entre 1 e 2% da perda de peso corporal ocorre aumento da temperatura do organismo em 0,4ºC para cada percentual subsequente de desidratação. Com que roupa? Outro fator importante para praticantes de atividade física está relacionado ao vestuário. Orienta-se a fazer opção por tecidos que facilitem as perdas de calor, ao permitir a criação de uma camada de ar junto à superfície corporal. Por outro lado, esta capacidade perde-se quando as roupas se tornam molhadas ou úmidas (por exemplo em roupa suada), devido à elevada condutibilidadeda água que aumenta a taxa de transferência de calor através da roupa em 20 vezes ou mais.
O vestuário ideal deve assegurar as condições físicas apropriadas para a sobrevivência do organismo, além do conforto fisiológico, ergonômico e psicológico. Se um esportista perde 720g (720ml) durante o exercício e consome 360ml, deveria beber 720ml + 360ml, ou seja, 1080ml por hora durante exercícios sob condições semelhantes. A qualidade de vida do esportista se fundamenta na prática constante da atividade física, na alimentação adequada e na hidratação correta. Deixe que o termostato hipotalâmico, de forma automática, corrija as variações térmicas. Exercite-se e deixe o suor escorrer, ou como diz o poeta “o suor refrigera o corpo e purifi ca a alma”. Curiosidade: Você sabe o que é a bromidrose? Bromidrose é o suor malcheiroso decorrente de inúmeras condições como: a) Atividade física intensa, condição na qual o suor se acumula sobre a pele e impregna as roupas, quando essas são pouco ventiladas ou muito absorventes, as secreções rapidamente deterioram devido a alimentarem as bactérias que existem na pele; b) Alimentação, ou seja, com base no que comemos adquirimos odores específi cos uma vez que alimentos ou medicamentos são eliminadas pelas glândulas sudoríparas, por exemplo, alho, cebola, certos antibióticos, vitaminas e algumas toxinas exógenas ou mesmo as produzidas pelo corpo, podem dar um cheiro característico ao suor; c) Nos pés a causa do mau cheiro são os fungos, que provocam fi ssuras entre os dedos ou se concentram em pequenos nódulos na base dos artelhos na micose conhecida como pé de atleta; d) O vestuário que é um item importante, uma vez que, as roupas retêm o calor do corpo e por isso favorecem o suor e a consequente produção dos resíduos bacteriológicos que geram o mau cheiro. Mas o odor pode inclusive provir da própria roupa, e não do suor. Alguns tecidos sintéticos usados em camisas ficam mau cheirosos quando aquecidos pelo calor do corpo. e) O próprio banho diário que ao utilizar sabonetes bactericidas evitam o mau cheiro axilar.
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