Bruna Morales
CRMV SP 26.313
Veterinária e especializada em Medicina Funcional e Nutrição Animal
www.animalnatural.com.br
Hoje em dia percebemos que grande parte dos cães de companhia apresentam sobrepeso ou obesidade, o que vem atrapalhando a saúde dos cães e comprometendo a qualidade de vida e longevidade dos mesmos. Mas afinal, o que é a obesidade?
A obesidade é quando ocorre um acúmulo excessivo de tecido adiposo (gordura branca) no organismo do animal prejudicando assim a função de seu organismo, comprometendo as suas funções fisiológicas, podendo levar ao surgimento de doenças e consequentemente comprometendo a qualidade de vida dele.
A célula adiposa é uma célula que tem como função armazenar a gordura (a triglicérides, ‘responsável pela energia do organismo’, e o colesterol, entre outros). Quando se tem o oferecimento excessivo de comida, principalmente carboidratos, e o animal não tem muito gasto de energia e não pratica nenhuma atividade física, ocorre-se o acúmulo das células adiposas no animal, tendo um balanço positivo de energia e ocorrendo a formação de ácidos graxos que serão armazenados nas células adiposa levando a obesidade.
Podemos considerar que um animal é obeso quando o mesmo apresentar mais de 20% da massa corpórea. Já o sobrepeso acontece quando ele apresenta 15% da massa corpórea do organismo.
Para diagnosticar a obesidade usamos a inspeção e a palpação do animal, avaliando sua estrutura física e o acúmulo de gordura em algumas regiões como: cintura, abdômen e tuberosidades ósseas, definindo então o escore de condição corpórea do animal.
Outras maneiras utilizadas para mensurar a obesidade são a bioimpedância e o exame DEXA, que precisa de sedação, dentre outros. Medir o animal também é importante para mensurar a expressão da gordura corpórea, com uma fita métrica deve-se medir a circunferência pélvica (CP) do animal e a tuberosidade do calcâneo ao ligamento patelar (CL) médio e fazer uma equação para ter o resultado.
POR QUE TANTOS ANIMAIS APRESENTAM OBESIDADE?
Existem muitos fatores envolvidos que fazem com que o animal tenha maior propensão a desenvolver a obesidade. O fator genético do animal é muito relevante na obesidade, pois sabe-se que são mais de 800 genes envolvidos na obesidade e esses genes são responsáveis por controlar o apetite do animal e o gasto metabólico através de neurotransmissores de hormônios ou de neurohormônios que são determinantes neuroendócrinos.
Esses genes podem ser responsáveis tanto pelo aumento do apetite e diminuição do gasto energético, como também pelo aumento da saciedade e aumento do gasto energético. O próprio animal produz hormônios (adipocinas) que controlam a saciedade e aumentam o metabolismo como leptina, adiponectina e resistina.
Indivíduos obesos normalmente apresentam resistência a leptina. A insulina por exemplo, também promove a saciedade e indivíduos obesos normalmente apresentam resistência insulínica. Já animais obesos costumam apresentar níveis altíssimos de grelina no organismo. Hormônios como a grelina proporcionam o aumento da fome.
A saciedade alimentar que é acionada no hipotálamo e no núcleo do trato solitário do cérebro é acionada por citocinas e hormônios do trato digestório que são comprometidos nos animais que apresentam obesidade. Então vemos que a obesidade é uma condição genética e hormonal.
O estilo de vida e o comportamento do tutor influencia muito no estilo de vida, saúde e obesidade do pet. Ter um pet com vida sedentária e com repouso em excesso, onde o tutor não estimula a atividade física juntamente com a nutrição inadequada, pode levar a obesidade. Muitos tutores por amor ao animal acabam oferecendo comida em excesso ao seu bichinho ou oferecem ainda alimentos e petiscos muito calóricos, o que também afeta muito a vida do animal podendo favorecer a obesidade.
A castração do animal também é outro fator que influencia muito para o quadro de obesidade. Animais castrados precisam de menos calorias na comida e mais atividades físicas, pois se manterem o mesmo estilo de vida e a alimentação que tinham na fase pré-castração vão ganhar cerca de 30% do peso original em até um ano após a castração. Principalmente em animais castrados após a vida adulta. Isso acontece porque na castração (gonadectomia) retiramos os estrógenos e andrógenos, esses estrógenos têm como uma de suas funções saciar o apetite. Já os andrógenos que também são retirados após a castração, aumentam a vontade de fazer atividade física consequentemente aumentando a massa magra do animal.
Então a retirada dos estrógenos prejudica a função alimentar aumentando o apetite do animal, enquanto a retirada das andrógenos prejudicam o nível de atividade física do animal.
INCIDÊNCIA DA OBESIDADE
As fêmeas são mais propensas a obesidade do que os machos e a obesidade acomete animais entre dois a oito anos de idade.
As raças mais propensas ao ganho de peso e consequentemente a obesidade, são: Beagle, Labrador, Basset, Golden, Bulldog Inglês entre outros.
A obesidade é a terceira doença mais atendida na endocrinologia, só perdendo para diabetes e hiperadreno e precisa ser levada a muito sério, pois pode prejudicar muito a vida do animal.
Mas, antes de tomar qualquer atitude em relação ao seu pet procure um veterinário de sua confiança.
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