Infantil: Introdução Alimentar em Bebês

Nossos avós provavelmente não imaginavam quão importantes seriam as primeiras ‘garfadas’ de seus filhos, da mesma forma nossos pais talvez também não imaginassem a grande importância das nossas primeiras refeições sólidas, não só na nossa nutrição, mas no nosso desenvolvimento como um todo. 

Provavelmente eles ficaram emocionados quando experimentamos a nossa primeira frutinha, e é claro que eles sabiam que aquele era um momento importante, mas até pouco tempo não se falava muito na real importância de uma boa introdução alimentar e em como ela influenciaria a longo prazo no desenvolvimento das crianças, até se tornarem adultas. Talvez por isso nossos índices de obesidade, desnutrição e transtornos alimentares são tão evidentes no nosso cotidiano. 

Combater determinadas crenças que prejudicam a saúde e o desenvolvimento das nossas crianças é um grande desafio que nós precisamos encarar e somente com informação poderemos fazer isso. 

Existem diversos exemplos de crenças limitantes relacionadas à introdução alimentar que poderíamos citar aqui, um deles é acreditar que criança gordinha é criança saudável e incentivar – às vezes forçar – que a criança coma grandes quantidades de alimento. Por outro lado, criança magrinha na maioria das vezes é comparada à criança desnutrida, o que não é verdade. Na realidade, uma criança pode ser magrinha ou gordinha e esbanjar saúde, como também pode estar doente ou propensa a desenvolver transtornos alimentares, tudo depende. Depende do que ela come, do que os pais incentivam e do próprio histórico da criança e da família. Enfim, existem várias formas de errar na introdução alimentar, mas no geral não existe mistério. 

A introdução alimentar é algo simples, tão simples que nem dá para acreditar na quantidade de coisas que é possível combater fazendo-a corretamente. Não fazer corretamente a introdução alimentar traz consequências que podem ser notadas desde a infância até a fase adulta. São coisas simples que precisamos tomar cuidado. Por exemplo, quando colocamos açúcar no cházinho do bebê achando que é algo inofensivo, só para ele gostar da bebida e aceitar melhor, estamos na verdade incentivando a criança a se tornar seletiva e preferir sempre as coisas doces. As consequências disso podem ser mínimas ou máximas, só o tempo poderá dizer, mas ingerir açúcar em excesso e fora da idade adequada não é recomendado de maneira alguma e pode gerar diversos problemas como obesidade, diabetes, sobrepeso e por aí vai.

A nossa qualidade de vida e saúde são muito melhores com uma alimentação balanceada, sem muitos alimentos calóricos, uma boa introdução alimentar cria hábitos que duram a vida inteira. 

Bebês que têm boa introdução alimentar se tornam adultos com melhores hábitos alimentares. Uma das consequências de não fazer corretamente a introdução alimentar dos bebês é a seletividade alimentar que pode desencadear outros problemas mais graves. A partir do exemplo dado acima fica fácil imaginar do que se trata a seletividade alimentar, que nada mais é que a recusa alimentar por parte da criança, de alguns, ou em casos mais severos, vários alimentos. Não é simplesmente uma questão de a criança ser ‘chata para comer’ como ouvimos por aí, mas sim uma questão de dificuldade no processamento sensorial do indivíduo em relação a determinados alimentos. Em outras palavras, o cérebro não foi treinado para degustar determinada textura, sabor ou aroma.

Esse quadro pode ser revertido em qualquer momento, no entanto, é muito mais fácil introduzir corretamente os alimentos desde o início incentivando uma boa relação da criança com a alimentação saudável. Casos severos de seletividade podem levar a dificuldades alimentares, transtornos alimentares sérios e doenças relacionadas à alimentação. Nestes casos é indispensável o acompanhamento de profissionais para ajudar na resolução do problema.

O que os pais precisam entender definitivamente é que a fase da introdução alimentar é o momento em que a criança vai gravar na memória o aprendizado a respeito dos alimentos, é como se até então o paladar dela fosse um livro em branco e cabe aos pais escrever neste livro a história, e é exatamente nisto que eles têm errado, facilitando que alimentos calóricos e ricos em açúcares se tornem a preferência de seus filhos. 

Outras consequências de uma má introdução alimentar são a obesidade infantil e a desnutrição. A obesidade infantil é um dos problemas de saúde pública mais alarmantes da atualidade, o crescimento dos índices de crianças obesas não para e boa parte deste problema se deve à uma má introdução alimentar e ao desenvolvimento da seletividade. 

Crianças obesas podem desenvolver doenças sérias como diabetes, colesterol e alterações nos triglicerídeos desde muito cedo, por isso é tão preocupante.  Por outro lado, quando a criança se recusa a ingerir alimentos saudáveis ela pode desenvolver carência de vitaminas e micronutrientes importantíssimos que podem levá-la à desnutrição, afinal se o organismo não tem acesso a variedade de alimentos saudáveis, de onde ele vai tirar o que precisa para uma boa nutrição?

Enfim, ficou claro como é importante realizar corretamente a introdução alimentar dos nossos bebês? Espero que sim. Além de todos os problemas de saúde que foram citados, uma má relação com os alimentos pode afetar até mesmo os relacionamentos do indivíduo ao longo da vida. As horas das refeições são momentos em que as crianças desenvolvem memórias afetivas importantes que podem influenciar na forma como se relacionam com o mundo.

Crianças que não se alimentam corretamente e que sofrem com doenças como a obesidade ou transtornos alimentares podem enfrentar problemas de autoestima, ansiedade e insegurança que atrapalham seus relacionamentos.

Entender a importância da introdução alimentar é um grande passo para evitar problemas, por isso informação nunca é demais, os pais devem fazer a introdução alimentar corretamente para que as crianças de hoje se tornem adultos mais saudáveis amanhã.