Artigo: Comprovação científica para os suplementos e vitaminas

A internet é o meio mais democrático de se propagar conhecimento, disponível para todos, e com formas de conteúdo para todos. Mas, nesse ponto, devemos ter alguns cuidados na hora de ir atrás de fontes confiáveis para esclarecer dúvidas sobre os suplementos.

Na área da saúde, ponderar o que é confiável e o que não é, não é uma tarefa simples. O não confiável é aquele que te comunica algo, mas não te fala de onde tirou a informação. Podendo ser uma opinião pessoal da própria vivência ou de conhecidos de quem escreve. E o confiável seria aquele que te apresenta estudos científicos sobre o tema, mas, mesmo assim, sabendo que nem sempre isso se relaciona com o alto grau de evidência de um suplemento.

No mundo dos suplementos, são comuns dúvidas como: “isso faz bem ou faz mal?”, ou “qual tomar?” ou “como escolher?” Não confie apenas na aparência, às vezes há pessoas que pagam para alguém levar algo como verdade, apenas pelo fato de passar uma imagem ”confiável”. Afinal, alguém forte vende melhor um suplemento para hipertrofia do que alguém que não apresenta essa característica.

A forma mais confiável, seja você o consumidor ou o especialista, é utilizar dos estudos científicos, com uma boa base de evidência (grande número de estudos, estudos populacionais e consensos). Vamos falar um pouco sobre a pesquisa, pois é através dela que o suplemento irá apresentar seu nível de efetividade. 

1° Observe a existência de estudos que demonstrem os efeitos do suplemento nos mecanismos biológicos. E se você não for da área, tire a dúvida com especialistas se o efeito esperado do suplemento está de fato associado ao mecanismo biológico para o qual ele tem que servir.

2° Ter uma avaliação da dose resposta. O que significa o quanto é preciso ingerir daquele nutriente para se ter o efeito, resultando na dose recomendada para o consumo.

3° Avaliar se o efeito é visto no público para o qual o suplemento é indicado - populações ou subpopulações (Ex: diabéticos, hipertensos, idosos, atletas ou não, etc).

4° Estudos científicos longitudinais que mostram o efeito entre a população.

Não. Por exemplo, o resultado positivo apresentado, não implica na sua eficiência e nem se o efeito pode ser visto para toda a população. Há uma variabilidade biológica e particularidades de gênero, idade, cultura e ambiente que influenciam de forma positiva ou negativa no efeito dos suplementos. Ou seja, um suplemento testado só em mulheres pode não apresentar os mesmos efeitos em homens; ou então em uma população de idosos, ser diferente do que em uma população de crianças, e daí por diante.

Agora que você já está mais crítico, importante ressaltar que, ao mesmo tempo que o

marketing tem uma parcela de culpa ao induzir o leitor ao erro sobre a divulgação de estudos científicos, a comunidade científica também tem. Existe uma grande cobrança na produtividade, fazendo com que existam muitos estudos publicados com vieses metodológicos ou de análise dos dados. Isso, a maioria das pessoas não sabe avaliar, nem profissionais da área da saúde e, pasme, nem alguns cientistas. Procure ter uma visão crítica das informações divulgadas pela mídia, mesmo quando incluir estudos científicos. Fique tranquilo, não é um trabalho fácil, mas após a leitura dessas recomendações, você tem nesse momento, mais informações de como fazer isso do que a maioria das pessoas.

Suplementos alimentares, o que inclui as vitaminas, são produtos que tendem a trazer benefícios para a saúde humana, desde que usados corretamente. Servem para complementar a dieta com nutrientes que a pessoa não esteja conseguindo alcançar apenas pela alimentação. Os suplementos de ômega 3 são ótimos exemplos de produtos recomendados com um bom nível de evidências científicas. É uma gordura necessária para nosso metabolismo, mas nosso corpo não a produz, por isso, precisamos consumir através da alimentação. Como não conseguimos atingir as quantidades necessárias apenas pela alimentação, os suplementos de ômega 3 são recomendados pela maioria dos profissionais da área da saúde. Ou seja, a necessidade de consumo e bom nível de evidência, nos dá o necessário para suplementar de forma segura. Outro bom exemplo é o colágeno, há uns 12 anos lançaram o colágeno hidrolisado como suplemento, com alegações de benefícios para a pele, unhas e cabelos, entretanto, a ciência não comprovou a eficácia de benefícios para esse tipo de produto. A indústria financia muitos estudos, o que não é ruim, desde que o estudo seja realizado com ética. Apenas 5 anos depois, estudos apontaram o uso do peptídeo bioativo de colágeno como positivo na melhora da estética da pele para mulheres adultas com idades entre 18 a 54 anos. Esses dois exemplos são produtos que apresentam níveis satisfatórios de evidências, mas muitos suplementos lançados não apresentam muita consistência em seus estudos.

Além da matéria prima, outros fatores precisam ser avaliados como a regularização do produto por órgãos específicos (como a ANVISA) e a presença de certificações ou laudos técnicos de segurança que são bons parâmetros para avaliação da qualidade da marca.

Então, fica o alerta para os dois principais problemas: visão crítica e saber como interpretar. Antes de fazer um julgamento, consulte quem entende do assunto e cobre deles informações confiáveis. E, por fim, após tirar suas maiores dúvidas, pense em como aquele suplemento vai contribuir para a sua saúde e reflita se vale a pena investir nele. Promover mudança na estética ou na saúde envolve mudar hábitos e não apostar apenas na aquisição de um produto para essa mudança.