O HMB (Beta-Hidroxi-Beta-Metilbutirato), cada vez mais difundido no mundo dos suplementos graças à sua forte ação anticatabólica, proporciona benefícios para o ganho de força e massa muscular, tão almejada pelos praticantes de atividades físicas. Mesmo não sendo um nutriente essencial, sua ação no organismo humano garante o aumento da massa muscular pela prevenção da degradação protéica (catabolismo). “O catabolismo ocorre com a prática de exercícios intensos e de resistência. Assim, o HMB previne ou torna mais lenta a degradação dos tecidos, gerando um aumento na força muscular e melhorando a composição corporal”, explica o nutricionista da Milly Nutrition, professor de Educação Física com especialização em nutrição esportiva, Luiz Felipe Leite do Amaral. Recomendado em situações de grande desgaste físico, o HMB pode ser encontrado em alimentos como frutas cítricas, alfafa, milho, toranja (laranja-vermelha), peixe bagre e até mesmo no leite materno.A substância é um metabólito da leucina – um dos aminoácidos essenciais de cadeia ramificada presentes no BCAA. A nutricionista esportiva Vanessa Lobato explica que a síntese do HMB pode ser feita pelo consumo da leucina, porém são necessários 20g de leucina para produzir 1g de HMB. Por isso é indicada a suplementação exclusiva dessa substância. “Quando dizemos que o HMB é um metabólito, significa que ele está a algumas reações químicas à frente de um nutriente, neste caso a leucina, então ele é mais específico para algumas ações”, esclarece. Luiz explica que o HMB tem diversas funções positivas para o organismo humano, porém dentre essas funções as primordiais para o esporte são a melhoria da ação imunológica e o grande poder anticatabólico de proteínas.
Para se ter uma ideia, pesquisas indicam que a leucina tem forte influência no sistema imune de animais e ajuda a regular o metabolismo das proteínas. “Contudo, o que observamos é que apenas um de seus metabólitos, o HMB, seria o responsável pelos efeitos positivos sobre o metabolismo protéico”, afirmam a Profa. Dra. Claudia de Mello Meirelles, professora adjunta da Escola de Educação Física do Exército e o nutricionista doutorando em Educação Física Thiago Alvares, autores do artigo “Efeitos da suplementação de b-hidroxi-b-metilbutirato sobre a força e a hipertrofia”. Depois de absorvido pelo organismo, o HMB pode ser metabolizado de duas formas diferentes, sendo transformado em colesterol – pela ação de uma enzima chamada HMG-CoA redutase – ou em acetil-CoA, um substrato que gera energia – por meio da enzima HMG-CoA sintetase. Os autores explicam que quando acontece o crescimento muscular, as células estressadas ou danificadas não produzem quantidades suficientes da enzima HMG-CoA, o que compromete a síntese do colesterol, importante para a recuperação das células. “O HMB pode fornecer a quantidade necessária de HMG-CoA para a síntese de colesterol e reparação de membrana durante os períodos de estresse muscular umentado”, esclarecem. Vanessa Lobato cita ainda a ação do HMB na chamada via M-Tor, que estimula a síntese protéica e age diretamente no DNA das células. “Ele participa de alguns processos bioquímicos que favorecem o crescimento celular, estimulam a síntese das proteínas e consequentemente, geram a hipertrofia muscular”, explica. O que dizem os estudos De acordo com o nutricionista da Milly Nutrition, existem outros suplementos que também têm função anticatabólica, como a glutamina, por exemplo. “Mas o efeito do HMB é maior e mais rápido”, ressalta. O artigo técnico citado nesta reportagem relata diversos estudos realizados com a suplementação de HMB em atletas, praticantes de atividades físicas e pessoas em início de treinamento de contra-resistência. De acordo com os autores, a suplementação de HMB em indivíduos destreinados submetidos a programas de treinamento contra-resistência pode levar a efeitos ergogênicos sobre força e hipertrofia. “Porém, os ganhos parecem ser significativamente maiores entre os suplementados no início do programa”, afirma.
Consumo correto, resultados eficientes A nutricionista Vanessa Lobato indica a suplementação de HMB com a quantidade de 3g/ dia ou 38mg/ peso corporal – kg/ dia, fracionado em três doses diárias. Luiz Felipe do Amaral recomenda 1.600mg diários do suplemento, divididos em duas cápsulas de 800mg cada. Por ser fonte de aminoácidos, pode estar associado a um suplemento protéico. “Não existe um tempo máximo para utilização deste suplemento e também não é necessário fazer pausas no consumo”. A única contra-indicação de acordo com o especialista é no caso de pessoas com pré-disposição à formação de cálculos renais. De acordo com o artigo citado anteriormente, a suplementação de HMB parece não oferecer efeitos negativos. Indicadores de função hepática, renal e hematológica não parecem ser alterados com o consumo diário de até 6g de HMB, e o Comitê Olímpico Internacional o classifica como uma substância legal. São raras as marcas brasileiras que possuem registro para a fabricação do HMB, mas o produto nacional se difere do importado porque possui outros ingredientes importantes. Um deles, por exemplo, tem adição de vitamina D3 e o ácido fólico, além do cálcio. “A vitamina D3 tem papel importante na fixação do cálcio no tecido ósseo, e o ácido fólico atua com co-fator no metabolismo dos aminoácidos formadores das proteínas e na formação dos glóbulos vermelhos do sangue”, explica Luiz.
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