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Entenda tudo sobre: Sinusite

Saiba tudo sobre a doença das vias respiratórias superiores que tanto incomoda durante o ano todo, principalmente no inverno

Entenda tudo sobre: Sinusite No inverno uma das principais enfermidades que afligem as pessoas é a rinossinusite ou sinusite
Crédito: BANCO DE IMAGENS
1 – O QUE É? 
No inverno uma das principais enfermidades que afligem as pessoas é a rinossinusite ou sinusite, como é mais conhecida. Trata-se de uma doença das vias respiratórias superiores, mais especificamente uma inflamação da mucosa do nariz – a ‘pele’ que recobre o nariz por dentro – e dos seios da face, cavidades que temos dentro do crânio que normalmente são aeradas e que, no caso de sinusite, ficam preenchidas por secreção.  
Segundo o otorrinolaringologista e vice-presidente da Academia Brasileira de Rinologia, Fabrizio Ricci Romano, existem dois tipos principais de sinusite: a aguda, que normalmente ocorre após um resfriado, é extremamente comum e a maioria das pessoas apresentará algum ou vários episódios ao longo da vida; e a sinusite crônica, aquela em que os sintomas são constantes. “A Academia Brasileira de Rinologia, filiada à Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) faz anualmente campanhas de conscientização e orientação da população sobre a importância da saúde nasal e sobre as doenças que acometem o nariz e os seios paranasais”, enfatiza Dr. Fabrizio. 

2 – SINTOMAS E DIAGNÓSTICO 
De acordo com a otorrinolaringologista da Cia. da Consulta e fellowship em Cirurgia Plástica da Face, Julia Stabenow Jorge, os principais sinais e sintomas da sinusite são: bloqueio, obstrução, congestão nasal; secreção nasal; pressão, dor facial e redução ou perda do olfato. “Os pacientes com sinusite aguda são diagnosticados quando apresentam pelo menos dois desses sintomas mencionados. Na sinusite crônica, os sintomas são semelhantes, porém perduram por mais de 12 semanas”, destaca. 
Quanto às crises da doença, Dra. Julia explica que alguns pacientes têm as chamadas sinusites agudas recorrentes, isto é, quando apresentam quatro ou mais episódios de sinusites agudas ao ano. Nos pacientes que têm sinusite crônica, também há agudizações do quadro, ou seja, períodos em que há piora do aspecto e da quantidade de secreção nasal e/ou das dores na face. 
“O diagnóstico da sinusite é basicamente clínico, a partir dos sintomas do paciente. Além disso, pode ser feita a Nasofibroscopia, exame que consiste em uma câmera que consegue examinar o nariz e a garganta por dentro. Na sinusite, podem ser vistos aumento de secreção na cavidade nasal, inchaço do meato médio (região do nariz por onde drena a maior parte dos seios da face) e podem ser avaliadas as alterações anatômicas que predispõem aos quadros de sinusite, como o desvio do septo, hipertrofia de cornetos, pólipos nasais e hipertrofia da adenóide. Não é mais indicada a realização de raio-X de seios da face nos quadros de sinusite, uma vez que o diagnóstico inicial é clínico. A tomografia de seios da face pode ser solicitada nos casos em que a sinusite aguda é refratária aos tratamentos iniciais ou em casos de sinusite crônica”, complementa a médica. 

3 – CAUSAS
Dra. Julia Stabenow esclarece que as principais causas de sinusite aguda são as infecções por vírus, que são autolimitadas, isto é, elas tendem a melhorar mesmo sem tratamento médico específico. Existem também as sinusites por fungos, que são mais raras e que geralmente não têm resposta com os tratamentos clínicos convencionais. 
Sobre as causas, Dr. Fabrizio completa: “Estima-se que adultos tenham de quatro a seis resfriados/gripes ao ano, já em crianças, esse número pode chegar a dez. Em cerca de 2% desses casos, a sinusite aguda viral evolui para sinusite bacteriana. Portanto, a sinusite aguda acomete todas as idades, mas é mais comum na infância, porque as crianças têm mais infecções virais, já a sinusite crônica é mais comum em adultos”, diz. 
A otorrinolaringologista Julia Stabenow explica que os pacientes que têm sinusite crônica, geralmente possuem alterações da anatomia do nariz e seios da face, como desvio do septo nasal, hipertrofia de cornetos inferiores e/ou pólipos nasais, obstruindo os orifícios dos seios da face, prejudicando a drenagem da secreção que está dentro deles. “Mais comum em crianças, o aumento da adenóide – popularmente conhecida como ‘carne esponjosa’ – também pode causar sinusites de repetição. Quem sofre de rinite alérgica, que é a inflamação da mucosa nasal, já apresenta obstrução nasal, coriza, espirros e coceira no nariz e se não for tratada adequadamente, essa secreção pode atingir os seios da face. Outros problemas de saúde também estão relacionados com sinusite crônica, como a asma e a bronquite. Outra causa menos frequente é a sinusite odontogênica, que acontece quando há uma infecção de uma das raízes dentárias e essa infecção progride para dentro do seio maxilar”, explica a médica. 
Os especialistas garantem que a melhor forma de prevenir as sinusites virais é lavar bem as mãos, evitar contato com pessoas que já possuem sintomas de resfriado, evitar ambientes fechados onde a disseminação de vírus e bactérias se torna mais fácil. “As sinusites agudas aumentam no inverno, porque também aumentam os casos de gripes e resfriados. Tempo frio e seco e maior aglomeração de pessoas em lugares fechados são as principais causas. Locais de ar mais poluído ou ar seco costumam ter incidência maior, locais de população mais concentrada também, pelo contagio aumentado das infecções virais. Sem contar que existe uma predisposição genética que pode fazer com que o paciente fique mais susceptível a apresentar episódios de sinusite aguda ou desenvolver uma sinusite crônica”, diz o otorrinolaringologista Fabrizio Romano. 

4 – TRATAMENTO
Doutor Fabrizio conta que os casos de sinusite aguda, por serem comuns, muitas vezes são tratados por clínicos e pediatras em serviços de pronto-atendimento. Porém, os casos de sinusites agudas de repetição ou muito frequentes, ou de sinusite crônica devem sempre ser avaliados por um otorrinolaringologista. 
Dra. Julia Stabenow Jorge afirma que existe uma gama enorme de medicações para o tratamento da sinusite e a seguir apresenta os principais:
“A lavagem nasal com soro fisiológico é fundamental para todos os tipos de sinusite, seja ela aguda ou crônica, viral ou bacteriana. O soro colabora para o tratamento lavando a secreção que fica acumulada no nariz. Desta forma, desobstrui os orifícios por onde drenam os seios da face e colabora para a saída dessa secreção. A lavagem deve ser feita de forma que o soro chegue até o final do nariz, alguns pacientes fazem com a cabeça para trás e o soro chega até a garganta. Outros preferem fazer o jato com a cabeça de lado, para que o soro vá até o fundo do nariz e saia pela fossa nasal do outro lado. Outra medicação são os corticoesteróides tópicos nasais. Estes têm uma dose muito baixa da medicação, tendo pouquíssima absorção pela corrente sanguínea e, assim, agem mais na mucosa do nariz. Estas medicações têm uma ação tanto anti-inflamatória quanto antialérgica, diminuindo a produção de secreção, melhorando a obstrução nasal, diminuindo espirros e coceira no nariz e algumas delas são liberadas a partir dos dois anos de idade. Os anti-histamínicos, mais conhecidos por antialérgicos, também são aliados importantes no tratamento da sinusite, pois diminuem a quantidade de secreção nasal e os sintomas alérgicos, como espirros e prurido. Os descongestionantes tópicos e sistêmicos podem ser utilizados, mas com cautela! Podem causar efeitos adversos como aumento da pressão arterial e arritmias cardíacas. São ótimas medicações, porém, devem ser prescritas pelo médico”, explica a otorrinolaringologista. 
Ela ainda complementa que os corticoesteróides sistêmicos, ou seja, por via oral, são muito bem-vindos no tratamento da sinusite, mas também devem ser usados conforme prescrição médica. Por fim, os antibióticos, fundamentais no tratamento da sinusite bacteriana. “No entanto, percebe-se uma vulgarização da antibioticoterapia e, muitas vezes, pacientes com quadro de sinusite viral tomam antibióticos prescritos erroneamente. A sinusite aguda trata-se com medicações e é curada quando seu tratamento termina. Os pacientes que têm sinusites agudas de repetição devem fazer acompanhamento com o otorrinolaringologista para avaliar se é necessário um tratamento por um longo prazo e/ou cirurgia. Já os pacientes com sinusite crônica, que não responde aos tratamentos clínicos, devem ir regularmente ao otorrinolaringologista, tentar uma melhora com tratamento clínico e, se não houver melhora, é possível que seja indicada cirurgia de sinusectomia para abrir os orifícios dos seios da face, um procedimento relativamente tranquilo, com um pós-operatório indolor. Mesmo após cirurgia, os pacientes com sinusite crônica devem consultar-se regularmente com o seu cirurgião para manter o tratamento. Em alguns casos de sinusite crônica pode-se falar em cura, mas a maioria mantém tratamento e acompanhamento com o especialista”, orienta a médica.

5 – SINUSITE E ATIVIDADES FÍSICAS COMBINAM? 
A otorrinolaringologista Julia Stabenow Jorge esclarece que algumas pessoas apresentam melhora da obstrução nasal ao praticar atividades físicas, já que com o exercício ocorre o aumento da atividade simpática do sistema nervoso autônomo e, por consequência, há uma vasoconstrição, diminuindo o tamanho dos cornetos nasais durante a atividade física. No entanto, a médica também enfatiza que a prática ao ar livre pode prejudicar a obstrução nasal em pacientes sensíveis ao pólen e à poluição. Além disso, quem pratica natação pode ter uma piora da rinite alérgica ao se expor ao cloro. A exposição ao frio também pode prejudicar a sinusite, uma vez que as temperaturas mais baixas diminuem os batimentos das células ciliadas do nariz, estagnando maior quantidade de secreção nas fossas nasais e seios da face. Ainda há a questão de se exercitar em ambientes fechados, que aumenta a disseminação de vírus e bactérias.
Sobre essa questão, a personal trainer Marina Haddad complementa: “Por se tratar de uma inflamação das vias aéreas a sinusite pode dificultar a respiração fazendo com que o rendimento nos treinos caia na fase aguda da doença. Portanto, deve-se, antes de tudo, procurar um médico para saber se o indivíduo está numa crise aguda e reduzir a intensidade no treinamento até a recuperação. Se a pessoa estiver em tratamento e não na fase aguda, ela poderá praticar qualquer tipo de atividade física, principalmente as aeróbias que trabalham a parte cardiorrespiratória, podendo, inclusive, auxiliar no tratamento. Os exercícios aeróbios indicados são: bike, esteira e escada. Os exercícios funcionais e com pesos também estão liberados. O aluno deve tomar cuidado com o ar-condicionado no ambiente da academia e, se fizer natação, cuidado com o choque térmico ao entrar e sair da piscina”, orienta a Educadora Física. 

6 – COMPLICAÇÕES DA DOENÇA
Para finalizar, Dra. Julia deixa claro que as complicações de sinusite são raras. Com a progressão da sinusite aguda bacteriana, o paciente pode apresentar complicações orbitárias, ou seja, nos olhos. Isso acontece porque os seios da face fazem contato com o globo ocular e são separados por uma fina camada de osso. “A mais comum é a celulite periorbitária, que normalmente se apresenta como inchaço e vermelhidão nas pálpebras, ocorre principalmente em crianças e, muitas vezes, necessita  de cirurgia com urgência. Outra complicação raríssima é infecção intracraniana, ou seja, no cérebro, que pode acontecer quando há a disseminação da doença pela corrente sanguínea ou pela erosão do osso que separa os seios da face do cérebro. Além disso, a sinusite pode culminar em quadros pulmonares se não for tratada adequadamente”, conclui. 
 
FONTES CONSULTADAS:

- Fabrizio Ricci Romano – Doutor em otorrinolaringologia pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e vice-presidente da Academia Brasileira de Rinologia, filiada à Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). 

- Julia Stabenow Jorge – Otorrinolaringologista da Cia. da Consulta e Fellowship em Cirurgia Plástica da Face pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

- Marina Haddad – Personal trainer, pós-graduada em Biomecânica e criadora do ‘Missão Mulher’. 

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