“Meu nome é Priscila da Silva Faria, tenho 34 anos, nasci na cidade do Rio de Janeiro, onde moro até hoje com meus pais. No meu primeiro ano de vida, tive catapora e quase morri, o que deixou várias marcas em meu rosto. Apesar de tudo o que me aconteceu, tenho lembranças de bons momentos na infância, era uma criança saudável, feliz e brincava bastante. Os anos foram se passando e, quando cheguei na adolescência, apareceram muitas espinhas em meu rosto, o que piorou ainda mais a minha aparência e a forma como eu me enxergava. A partir disso, me lembro que sofria bullying na escola, principalmente na época do Ensino Médio, quando meus colegas de classe evidenciavam meus defeitos, sem pensar nas consequências emocionais que me causariam. Inclusive, certo dia os alunos fizeram um concurso para eleger quem seria a menina mais feia da escola e eu venci. Daquele momento em diante, tudo começou a ruir em minha vida, gerando baixa autoestima e insegurança e o descontentamento com minha aparência passou a ser completo, tanto com meu rosto, quanto com meu corpo, pois, além de tudo, me achava magra demais. Eu não acreditava que pudesse fazer algo para melhorar e simplesmente evitava me olhar no espelho, pois a imagem refletida não me agradava e me entristecia. Na verdade, eu queria ser qualquer pessoa, menos eu mesma”, relata Priscila Faria que hoje é graduada em Ciências Contábeis e trabalha na área de departamento pessoal em um escritório de consultoria empresarial.
Por volta dos 17 anos, Priscila começou a ter pensamentos negativos recorrentes, não tinha mais vontade de fazer nada, queria apenas chorar. Para ela, sua vida estava pesada demais e sem sentido, tanto que chegou a pensar até em suicídio. Nessa época, uma psicóloga a diagnosticou como portadora de depressão, e a doença foi se intensificando cada vez mais em sua vida adulta.
“Acredito que a adolescência é um período complicado para a maioria das pessoas, por ser uma fase em que o corpo passa por muitas transformações, mas para mim foi ainda pior. Tive depressão, cheguei a pesar 36kg e mesmo querendo mudar, não tinha ânimo e nem forças para isso. Estava me afundando em um mundo de tristeza e solidão, deixava de sair com amigos, de conhecer lugares e pessoas por desânimo e por vergonha de me expor. Me recordo que conversei com vários psicólogos, mas fui resistente em dar continuidade a um tratamento específico, aprofundado e duradouro, pois eu não me sentia bem em me abrir com outras pessoas, mesmo sendo fundamental ter a supervisão e os cuidados de profissionais da área. Na verdade, eu não conseguia expressar o que sentia, acreditava que ninguém, nem mesmo os médicos, entenderiam a dor que existia dentro de mim. Inclusive, acredito que a depressão, ainda hoje, é vista por muitas pessoas como frescura. Minha mãe percebia que eu tinha uma tristeza e uma insatisfação constante, mas ela não sabia lidar muito bem com os sintomas. Ela tentava me incentivar com palavras de apoio, mas infelizmente não adiantava nada”, enfatiza.
Ao todo, Priscila sofreu com a depressão durante 14 anos consecutivos, sem se submeter a tratamentos médicos e psicológicos, que são essenciais em quadros como esse. “Em vez de procurar o caminho correto, busquei por outros aparentemente ‘mais fáceis’, chegando a tomar remédio para engordar, sem prescrição médica, por exemplo. Até que me dei conta de que eu estava prejudicando minha saúde, ao ganhar peso de forma extremamente rápida e não saudável. Então parei com o remédio, procurei um nutricionista, aderi a uma alimentação correta e em 2016, aos 31 anos de idade, decidi entrar em uma academia para praticar musculação e ganhar massa muscular. No primeiro ano, eu ainda me sentia deprimida, tinha muitos momentos instáveis, mas, aos poucos, a academia foi me ajudando no processo de recuperação da depressão, pois comecei a observar os resultados da musculação em meu corpo e passei a focar em meus objetivos. Posso dizer que, no ano seguinte, em 2017, eu já havia me transformado em uma nova pessoa, com mais disposição, bom humor, autoconfiança e amor próprio. Minha forma de encarar a vida mudou completamente e hoje me sinto preparada para enfrentar os desafios que surgem. A musculação me salvou e é por isso que me apaixonei por essa modalidade esportiva e por tudo o que está relacionado a ela. Estou curada da depressão há 2 anos e agora realmente sou feliz”, afirma.
MUDANÇA DE HÁBITOS
Priscila conta que desde sua infância sempre comeu muitos doces, salgadinhos, frituras e alimentos com corantes, além de ser uma pessoa completamente sedentária. “Eu estava viciada em açúcar, tanto que quando parei de consumí-lo, no início sentia tremedeira. Foi difícil também substituir os lanches, fast foods e os biscoitos que eu comia no almoço, por comida de verdade, como arroz, feijão, salada e carne. Hoje, o meu acompanhamento nutricional é feito pelo nutricionista Leonardo Andrade, me alimento de três em três horas, bebo muita água e evito alimentos processados. Aliás, levo marmitas comigo para conseguir fazer seis refeições diárias e evitar comidas na rua, consumindo em média duas mil calorias, tenho facilidade em perder peso e como meu objetivo é sempre o ganho de massa muscular, procuro me alimentar muito bem. No café da manhã, costumo comer fruta, proteína e gordura boa; no almoço, carboidrato, proteína magra e legumes variados. Nas demais refeições, sempre busco comer carboidratos simples ou complexos acompanhados de proteínas. Posso fazer uma refeição livre uma vez por semana, mas, como já disse, procuro me alimentar da melhor forma possível. Quanto aos suplementos, utilizo whey protein, que é uma fonte de proteínas; a creatina, que acelera a recuperação muscular e fornece energia; e a glutamina, que auxilia o sistema imunológico. Às vezes uso pré-treino para dar aquele gás nos treinos mais intensos”, explica.
Atualmente, Priscila tem 62Kg distribuídos em 1,64m e, para isso, treina seis vezes na semana (de segunda a sábado), por cerca de 1h30/dia, numa academia, com a supervisão de seu personal trainer, Lenon Monteiro. Os exercícios são variados e em cada dia ela trabalha grupos musculares diferentes.
“Lembrando que quando não consigo ir à academia em algum dia, durante a semana, por qualquer motivo, acabo treinando no domingo também, para compensar. Confesso que senti dificuldade nos três primeiros meses, pois foi um período de adaptação do meu corpo. Quando me matriculei na academia, eu estava na faculdade, então acordava às 5h da manhã para treinar às 6h. Após o treino, eu ia para o trabalho e depois para faculdade onde assistia aula até às 23h, era bastante cansativo. Mas passados os três primeiros meses, me senti com mais disposição e fui tomando gosto pela prática de atividade física. Hoje não me vejo mais sem o esporte na minha vida, até porque ele é agregador, une pessoas de diferentes raças, credos, idades e nos ensina a persistir, perseverar e acreditar em nós mesmos. O esporte me mostra, todos os dias, que sou capaz de superar meus limites e ir além. A musculação me ajudou de muitas maneiras, inclusive na coordenação motora e no trabalho de força e hoje tenho o sonho de um dia competir na categoria Wellness. Outro ponto fundamental para que eu conseguisse alcançar meus objetivos foi o apoio da minha família e dos meus amigos, que sempre me disseram palavras de carinho e encorajamento, sem contar meu personal trainer, Lenon Monteiro, que ao longo de um ano e meio trabalhando comigo, nunca me deixou desistir”, destaca a jovem.
Para finalizar, Priscila deixa um conselho às pessoas que estão vivendo situações semelhantes a dela. “Ao lembrar de tudo o que passei, me emociono muito. Não é uma história que eu gostaria de ter vivido, mas hoje sinto orgulho por ter conseguido superar. Quantos casos de suicídio vemos por aí? Quantas pessoas têm depressão e, às vezes, nem sabem que têm? Foi muito difícil passar por tudo isso e ainda hoje tenho dificuldades em falar sobre o assunto. Mas, acredito ser importante contar a minha trajetória para que outras pessoas saibam que se eu consegui, elas também podem. O primeiro passo é se olhar no espelho e se amar, procurar enxergar a pessoa que você é, pois a mudança começa de dentro para fora. Eu tive que primeiro curar as dores da minha alma, para então externar essa mudança. Depois, tenha um objetivo em mente! Mas não basta querer, tem que colocar em prática tudo o que se deseja. A escolha de bons profissionais é essencial e outra dica é não ficar frustrado se os resultados não aparecerem tão rapidamente como se espera, afinal, é um processo. Não desista, cuidar de você sempre vale a pena”, conclui.
PERFIL:
Priscila da Silva Faria
Data de nascimento: 20/05/1985
Local de nascimento: Rio de Janeiro /RJ
Local onde vive: Rio de Janeiro /RJ
Peso atual: 62kg
Altura: 1,64m
Modalidade: Musculação
Suplementação: Whey protein, creatina e glutamina
Redes Sociais:
Instagram: @pritty_faria
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