Os desejos de sucesso, a satisfação em atingir os objetivos da vida, a cobrança em executar tarefas com perfeição, a vontade de obter resultados positivos rapidamente. Todas essas condições são acompanhadas de intensas sensações como ondas de calor, coração acelerado, respiração ofegante, sede, vontade de ir ao banheiro constantemente, tremor, sudorese intensa.
Essas e outras sensações que fazem parte do dia a dia são processadas no cérebro, seguem através de circuitos neurais, formados por gânglios e nervos, até atingir áreas específicas do sistema nervoso central elevando sua excitabilidade e implantando uma condição psico-fisiológica denominada ansiedade. Pessoas que sofrem de ansiedade tendem a interpretar situações ambíguas circunstanciais com potencial para serem perigosas, mas que não necessariamente são ameaçadoras.
O processo que desencadeia tal comportamento é pouco conhecido. No entanto, o status atual da arte mostra que as respostas fisiológicas decorrem de alterações na secreção de um neurotransmissor denominado serotonina, e especificamente, em um circuito neural de uma área cerebral denominada sistema límbico e suas áreas associadas, como o hipocampo, que conhecidamente participa do aprendizado e memória, mediando respostas de medo em situações ambíguas.
Recentes estudos têm descrito que as pessoas apresentam diferentes níveis de sensibilidade quando submetidas a condições ansiogênicas (geradoras de ansiedade), existindo variações na produção/ secreção de serotonina no sistema límbico. Isto diferencia a população quanto à susceptibilidade e intensidade das respostas frente a uma condição indutora de ansiedade. De fato, como amplamente descrito e reiterado a serotonina é o neurotransmissor que está diretamente relacionado com distúrbios do humor como a depressão ou a ansiedade. Na vida moderna, a ansiedade é um importante fator debilitante para a saúde humana, visto que o homem sofre com seus conflitos na busca de transpor os problemas, atingir objetivos e posição de destaque e vencer sempre. Em consequência disto, cria expectativas e anseios que constituem os desafios a serem vencidos.
Novas pesquisas direcionadas a entender como o cérebro transmite informações, registra medos, cria estados de alerta e gera estados de ansiedades estão abrindo caminhos para o desenvolvimento de novas terapias prescritas no controle e até mesmo na eliminação destes males. Dentre diferentes estados de fundo emocional, a ansiedade é muito mais insidiosa e se torna ainda mais prejudicial caso o tempo para intervenção seja longo, uma vez que pode reprimir sensações como a alegria, inibir a iniciativa e a criatividade ou o prazer de participar de eventos sociais. Não podemos esquecer que os transtornos associados à ansiedade ou mesmo às aflições, de maneira geral, têm um componente genético, embora o ambiente, certamente, tenha uma influência maior.
Estudos das bases neurobiológicas da ansiedade revelaram que a gênese da ansiedade não decorre apenas de uma região do cérebro, mas integra um circuito neural e não apenas a uma região específica do cérebro. Dentre as áreas envolvidas nesta condição físico-emocional, sabe-se que o lobo temporal, tanto do lado esquerdo como do lado direito do cérebro, experimenta um grande aumento de fluxo sanguíneo durante todo o tempo em que a pessoa permanece em estado ansioso influenciando na atividade do córtex pré-frontal, região anterior do cérebro responsável pelo planejamento e análise das consequências de ações futuras e reguladora do comportamento. O hipotálamo também é importante, pois participa das reações controlando tanto o sistema hormonal (endócrino) quanto o sistema nervoso simpático, sistemas que conjuntamente coordenam as vias que respondem a possíveis ameaças preparando o organismo em uma reação “luta-fuga”.
Estas áreas são alvo de tratamentos farmacológicos com drogas psicotrópicas, enquanto moduladores de estados de humor alterado. Outra região do cérebro com grande atividade durante os períodos de ansiedade é a amígdala, situada logo abaixo do lobo temporal. Interessante é que amígdala é especialmente ativa quando o indivíduo está sonhando, o que explicaria a ansiedade que sentimos durante os sonhos e pesadelos.
Se esta estrutura sofrer algum dano, as sensações de ansiedade diminuirão, mas as funções cognitivas permanecerão quase as mesmas. Corpo são, mente sã São indiscutíveis os benefícios físicos dos exercícios aeróbicos para o equilíbrio funcional do organismo. Porém, existem evidências consistentes demonstrando que praticar exercícios aeróbicos com mais de 20 minutos de duração, realizados entre três e cinco vezes por semana, contribui para a melhoria das relações neurais com reflexo no alívio de sintomas ligados à ansiedade.
Ou seja, programas de exercício têm o potencial de ativar áreas do sistema límbico no cérebro, reorganizando funções hipotalâmicas e da amigdala, e aliviar a ansiedade, promovendo bem-estar físico, psicológico e emocional. Certamente uma análise mais primorosa na literatura mostra diferentes opiniões a respeito dos aspectos psicobiológicos (termo que indica aspectos orgânicos e emocionais) inerentes aos motivos pelo qual o exercício melhora os sintomas da ansiedade.
Alguns cientistas sugerem que concomitante ao exercício físico ocorre elevação na temperatura corporal, exibindo um efeito similar a um banho quente e consequentemente promovendo relaxamento e redução da tensão muscular. Outros sugerem que a redução dos sintomas da ansiedade ocorre pela libertação de neurotransmissores no sistema nervoso central, cuja ação é acalmar” as reações que elevam a excitabilidade do do corpo. Há ainda os que acreditam que a prática de exercício desvia as pessoas de eventos estressantes e pensamentos que podem produzir ansiedade. Dentro de um aspecto neurofisiológico, estudos têm demonstrado que o exercício aeróbio aplicado em programas regulares promove elevação na secreção de serotonina, dopamina e endorfinas, propiciando alívio do estresse e no estado de tensão.
Com relação às endorfinas, sabe-se que são substâncias produzidas e secretadas no próprio sistema nervoso central e agem aliviando dinâmica ansiogênica, prevenindo ou reduzindo a intensidade, sendo consenso que a prática de atividade física é considerada como uma alternativa não-farmacológica do tratamento de transtornos do humor. Se você convive com períodos de ansiedade, procure praticar exercícios em ambientes acompanhados de amigos. A interação social ajuda na melhora da intomatologia ansiogênica.
Em suma, a prática de exercícios tem grandes reflexos neurais e endócrinos promovendo a melhora da saúde, da aparência física e uma auto-imagem positiva, fatores que propiciam um melhor controle sobre suas atitudes, fazendo com que você se sinta mais seguro e confiante e consequentemente mais feliz.
Paixao = ansiedade Uma condição impar e não patológica envolvendo a flutuação na secreção de serotonina no sistema límbico é a paixão. Quando nos apaixonamos o sistema sensorial é ativado e ocorre uma grande secreção de serotonina nas áreas límbicas fazendo com que, na presença da pessoa amada, possamos experimentar sensações indescritíveis geradas pela onda de serotonina que invade o cérebro e promove um estado de alegria. Esse prazer em estar junto promove um estado eufórico indescritível, que eleva a frequência cardíaca e faz os olhos brilharem. É o fogo da paixão serotoninérgica.
Por outro lado, quando estamos longe da pessoa amada ocorre redução na secreção da serotonina e com isto, manifestamos sintomas similares aos observados nos transtornos do humor, tais como: ansiedade para ver a pessoa, tristeza que nos faz ficar contidos e isolados, pensamentos constantes dos momentos em que estamos juntos e uma vontade imensa em encontrar a pessoa amada, ficamos buscando pontos de convergência com a pessoa amada na eterna busca de ser feliz. São os ciclos da serotonina coordenando nosso comportamento afetivo e emocional. O importante é ser feliz, o mais, são coisas do coração.
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