PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Estratégia nutricional no combate ao diabetes tipo 2 em idosos

A importância da proteína

Artigo: Estratégia nutricional no combate ao diabetes tipo 2 em idosos O risco de diabetes tipo 2 aumenta com a idade
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Carlos Eduardo Martins
Nutricionista com Especialização em Nutrição Esportiva, Mestrado em Ciências, Doutorando pela FM-USP, Nutricionista na Clínica Malka/SP

Ao passo que a vida da população tem aumentado, aproximadamente 20 anos a mais, a taxa de obesidade também vem aumentando radicalmente nas últimas quatro décadas. 
A obesidade está associada com o aumento do risco de desenvolver vários problemas de saúde como hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, distúrbio do sono, doença da vesícula biliar, hiperuricemia e gota, osteoartrite, síndrome metabólica, câncer colorretal e próstata em homens, câncer endometrial, mama e vesícula nas mulheres, bem como diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 é caracterizado pela elevada concentração de glicose no sangue, causado pela piora da tolerância à glicose devido a resistência e uma ascendente deficiência à insulina.
O risco de diabetes tipo 2 aumenta com a idade e a maioria dos diagnósticos aparecem após os 40 anos, e a partir desta idade, acontece também uma progressiva perda de massa magra e força, o que na Ciência chamamos de sarcopenia. Há uma projeção prevista que a perda de massa magra progrida a uma taxa de 3 a 8% por década, iniciando aos 30 anos. A sarcopenia geralmente acomete aproximadamente 46% nos homens e 26% nas mulheres, sendo que o risco de sarcopenia é maior em indivíduos com diabetes tipo 2, pois a própria doença diminui a força muscular, a massa muscular e a qualidade de vida.
Vale ressaltar que o estilo de vida, por exemplo, dieta e exercícios físicos são estratégias cruciais no papel central do manuseio da glicemia e melhora da sensibilidade à insulina, sendo importantíssimos na prevenção e tratamento tanto do diabetes quanto da sarcopenia. Com o envelhecimento, há uma diminuição do consumo de proteínas devido a diminuição do apetite, dificuldade de mastigação ou mudança na digestão, na qual o consumo deveria ser aumentado, devido a resistência anabólica e outras questões. Portanto, a proposta deste texto é discutir o papel da proteína em atenuar o declínio da massa magra e sensibilidade à insulina e prevenir/tratar o diabetes tipo 2 e a sarcopenia em idosos.

RECOMENDAÇÃO DE PROTEÍNAS PARA IDOSOS E INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO 2

A recomendação dietética de consumo de proteínas é de 1g/kg/dia de proteína para indivíduos adultos jovens, sendo 1,2g/kg/dia para idosos saudáveis e 1,2 a 1,5g/kg/dia para idosos não-saudáveis. Cabe ressaltar que os idosos consomem menos proteína que os adultos jovens saudáveis, pelo menos 1/3 dos idosos acima dos 50 anos.
O foco da recomendação dietética para indivíduos com pré-diabetes ou diabetes tipo 2 é reduzir a ingestão de gordura saturada e gorduras em linhas gerais, e em contrapartida aumentar o consumo de fibra alimentar. Historicamente, existiu muitas razões para que o alto consumo proteico não fosse recomendado à idosos e/ou indivíduos com diabetes tipo 2, incluindo o pensamento de que alto consumo de proteína pudesse aumentar a glicose no sangue e causar dano renal. Acreditava-se na crença de que a proteína seria convertida em glicose após o consumo, ideia originada de um estudo de 1915 de Janney N. M. do laboratório de química de Nova York, em que 3,5g de glicose foi produzido a partir 6,25g de proteína animal. No entanto, este achado tem sido desacreditado por diversos outros estudos, o primeiro foi conduzido em 1924 envolvendo participantes com e sem diabetes, no qual consumiam 50g de proteína e não mostraram mudança na glicemia (estudo de MacLean H.) Outro de 1936, com um consumo grande de proteína em uma única refeição (2g/kg de proteína/por refeição) não aumentou significativamente a glicemia. Com o tempo ficou claro que o consumo de proteína assume um efeito insulinotrópico melhorando a depuração de glicose no sangue. 
A outra razão do porquê a proteína não ser encorajada para indivíduos com diabetes era o efeito danoso aos rins, o que já foi totalmente elucidado. Todavia, muitas evidências recentes suportam um efeito positivo de uma dieta rica em proteínas para indivíduos com diabetes e sarcopenia com confirmação sobre o aumento do anabolismo proteico, perda de peso, melhora da glicemia, controle do apetite e saciedade.

PADRÕES ALIMENTARES E MANEJO DO DIABETES TIPO 2 – UMA VISÃO GERAL

Quatro estudos a longo prazo mostraram que uma dieta com baixo carboidrato (low carb) reduz o HbA1c (marcador de sangue importante na identificação do diabetes), no entanto vale ressaltar nenhuma diferença na perda de peso comparada a dieta baixa em gordura (low fat). O perfil lipídico não se difere entre low carb ou low fat. O LDL colesterol não se difere em dietas com baixo ou alto carboidrato (high carb). Os estudos também não mostram resultados diferentes para a pressão sanguínea entre low carb ou high carb. O que é demonstrado é que as dietas low carbs apresentam uma leve vantagem comparada a dieta low fat. Mas, se levarmos em consideração os padrões alimentaras culturais e adesão na dieta, essa leve significância pode não ser importante. No caso da dieta vegana e vegetariana, a vegana mostrou melhores reduções no peso corporal e melhora da sensibilidade à insulina comparada com dietas convencionais para diabetes. Outras estratégias podem ser interessantes como a dieta mediterrânea que atua contra inflamação crônica, resistência à insulina e a síndrome metabólica, mais precisamente o risco coronariano. Outra, seria a dieta do jejum intermitente pelo fato de melhorar a autofagia, reduzindo os produtos finais de glicação avançada (AGEs), aumento da adiponectina e melhora de parâmetros metabólicos em indivíduos não diabéticos. A dieta macrobiótica, predominantemente vegetariana, demonstra benefícios no diabetes, pela melhora da glicemia, perfil lipídico e insulina, A dieta macrobiótica é denominada como plant-based diet (dieta baseada em vegetais) que inclui muita fibra e carboidratos fermentáveis com bastante prebióticos e algumas adicionam proteína derivada do peixe para aumentar o consumo proteico.

Carlos Eduardo Martins

Nutricionista

CRN - 34187-SP

Bacharel em Nutrição. Com Especialização em Nutrição Esportiva e Estética. Mestre em Ciências no Laboratório de Nutrição e Esporte da USP. Doutorado em andamento no Laboratório de Nutrição e Fisiologia Aplicada da USP. Nutricionista em Consultório Particular. Carlos Supera a Lacuna entre a Ciência e a Aplicação No Mundo Real. Ele aplica as Pesquisas mais Recentes na sua Prática de Redação e Consultoria. Para se Manter Saudável, Executa Treino com Pesos Aliado ao Jiu-Jitsu e uma Dieta Especifica.

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