Por Mariana Boni - Nutricionista Clínica especialista em Obesidade e Emagrecimento - CRN3:38768
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 41 milhões de crianças menores de cinco anos sejam obesas ou estão acima do peso. Atualmente, condições de saúde que já foram consideradas doenças da idade adulta, como a diabetes, a hipertensão e o colesterol alto, são também comuns em crianças. Além disso o excesso de peso também pode levar a criança a ter baixa autoestima e depressão, comprometendo assim seu convívio social.
Na infância, algumas causas são determinantes para a obesidade infantil, como o desmame precoce, a introdução de alimentos complementares inapropriados, fatores genéticos e hormonais. Entretanto, os principais vilões da obesidade infantil são a má alimentação, o alto consumo de doces, refrigerantes, fast-foods e comidas muito gordurosas e a falta de atividades físicas.
Muitos estudos apontam que os pais, com frequência, não reconhecem o excesso de peso dos seus filhos e têm uma percepção equivocada a respeito da qualidade da dieta da família. Com isso, o tratamento só é iniciado quando a criança já está muito acima do peso e quase sempre apresentando problemas de saúde devido aos excessos alimentares. O comportamento alimentar adotado pela família é outra causa da obesidade infantil. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), filhos de pais obesos têm mais chances de se tornarem obesos quando comparados às crianças cujos pais têm peso normal. Elas ‘herdam’ hábitos alimentares inapropriados dos pais e costumam ser sedentários.
São os pais (ou responsáveis) que vão ao supermercado, escolhem, compram e preparam os alimentos que aquela criança irá ingerir, por isso é ideal que deem o exemplo de uma alimentação adequada ao filho e façam escolhas corretas na hora das compras.
Algumas dicas que podem ser dadas à família:
• Investir em frutas, legumes e vegetais
• Evitar alimentos como biscoitos, bolachas, refeições prontas e congeladas. Elas são ricas em açúcar, sódio e gorduras (tudo o que não deve ser consumido em exagero).
• Limitar o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos industrializados. Essas bebidas são muito calóricas e oferecem poucos ou nenhum nutriente
• Reduzir o número de vezes em que a família vai comer fora, especialmente em restaurantes de fast-food.
• Servir porções adequadas, as crianças comem bem menos do que os adultos (se ela não conseguiu comer todo o prato, não a force a terminar)
• Não utilize o alimento como moeda de troca. Ex: “Se comer todo o legume do almoço ganha uma sobremesa doce”. Isso pode causar uma relação errada da criança com a comida, podendo no futuro favorecer transtornos alimentares.
É muito importante que os pais fiquem firmes com a criança e sempre exponham a ela os motivos pelos quais ela deve comer o que eles estão indicando e não introduzir alimentos novos em forma de chantagem.
A criança deve ser incentivada a experimentar. Se ela sempre foi acostumada com um grupo limitado de alimentos é preciso que os pais tenham paciência pois ela irá demorar um tempo até se adaptar aos novos sabores.
O ideal é introduzir os novos alimentos com mais calma, sem fazer muito alarde para as mudanças. Não precisa de muito esforço, é só fazer o prato, oferecer naturalmente e todo mundo comer junto. Se a criança se sentir muito pressionada a provar uma coisa nova (e a família não dividir com ela essa refeição) pode atrapalhar a aceitação. Caso o item não faça tanto sucesso inicialmente, vale apresentá-lo para a criança de uma outra forma, misturado a outros itens, colocar um legume picado com o macarrão ou arroz, por exemplo, é uma ótima estratégia.
Além do consumo de alimentos calóricos em excesso as crianças de hoje estão sedentárias. Passam grande parte do seu tempo frente da televisão, inclusive durante as refeições. Os bebês também começam a utilizar tablets e celulares desde muito cedo. Por consequência, passam menos tempo brincando e se exercitando, o que é fundamental para prevenir o excesso de peso. O tratamento da obesidade infantil é bastante complexo e a orientação de comer menos e gastar mais energia requer uma boa condução. Do contrário, é alto o risco de fracasso, recuperação do peso perdido e até transtornos alimentares.
Na prática clínica, encorajo mudanças sustentáveis no estilo de vida, com a participação ativa dos pais, que devem ser modelos para os filhos, estimulando exercícios, facilitando o acesso a alimentos saudáveis e limitando o tempo em tablets, televisão e celulares. Costumo ressaltar aos pais que não basta insistir para que seu filho ou filha saia do computador enquanto ele mesmo não pratica nenhuma atividade, e que o exemplo também se encaixa na hora da alimentação.
Assim, a melhor estratégia para que a criança perca peso é a mudança do seu estilo de vida e isso será muito mais fácil se ela tiver exemplos em casa. Portanto, o ideal é que a família toda incorpore a mudança de hábitos. Na dúvida procure um profissional para te orientar em relação a saúde do seu filho.
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