ENTENDA TUDO SOBRE

Entenda tudo sobre: Sarampo

Saiba tudo sobre essa doença grave e altamente contagiosa

Entenda tudo sobre: Sarampo O sarampo é uma doença infecciosa de distribuição mundial causada por vírus (Morbillivirus)
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Antes da introdução da vacina contra o sarampo, em 1963 e da vacinação das populações em massa, a cada dois/três anos eram registradas importantes epidemias que chegaram a causar aproximadamente 2,6 milhões de mortes ao ano.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 houve a maior incidência dos últimos 13 anos: até junho 182 países notificaram 364.808 casos, e em 2018, nesse mesmo período, foram registrados 129.239. Vários países da África, Ásia, Europa, América do Norte e do Sul notificaram a doença. No Brasil, há registro de mais de 2 mil casos de sarampo, o vírus tem circulado desde 2017 e não era detectado desde 2015.  

A infectologista Joana Darc Gonçalves da Silva aponta que, de acordo com o Global Vaccine Action Plan, em 2012 o objetivo era eliminar o sarampo em quatro regiões da OMS até 2015 e em cinco regiões até 2020. “Mas, devido às baixas coberturas vacinais em algumas regiões, a estratégia falhou. Para que o país fique livre do sarampo, devemos manter as coberturas vacinais acima de 95%, e em alguns locais do Brasil foram inferiores a 75% nos últimos anos”, enfatiza a médica.

 

1 – O QUE É, SINTOMAS E DIAGNÓSTICO

A infectologista Joana Darc explica que o sarampo é uma doença infecciosa de distribuição mundial causada por vírus (Morbillivirus), transmitida por contato direto e pelo ar e que até a década de 80 representou um grave problema de saúde pública e importante causa de morte infantil. O período de incubação varia de sete a 18 dias, quando se inicia febre de 39 a 40oC acompanhada de tosse, com coriza, conjuntivite e fotofobia, também aparece o sinal de Koplik − pequenas manchas brancas com halo avermelhado. Após alguns dias, surgem as manchas sobrelevadas, de cor avermelhada, com pele normal entre elas, distribuem-se em sentido cefalocaudal, ou seja, no primeiro dia, surgem na região cervical e face. No segundo, no tronco, e no terceiro, nas extremidades, persistindo por cinco a seis dias. A febre continua alta, com tosse exaustiva, vômitos, perda de apetite e secreção purulenta nos olhos e nariz. Podem ocorrer complicações graves como pneumonias, encefalites e até óbito.  

De acordo com a infectologista Michelle Zicker, existe apenas um tipo antigênico do vírus do sarampo, mas estudos genéticos permitiram identificar oito subtipos (A-H) e 24 genótipos (perfis genéticos). O genótipo circulante atualmente no país é o D8.  

Dra. Joana Darc destaca que a principal forma de diagnóstico é o reconhecimento clínico da doença, quando o profissional de saúde identifica os sinais e sintomas e solicita exames de laboratórios que ajudam na investigação. “O diagnóstico de certeza é feito a partir da análise do material coletado na orofaringe, sangue e urina, principalmente nos primeiros cinco dias da doença. O isolamento do vírus e identificação sorológica são os mais usados. Atualmente, são realizados testes de biologia molecular para identificação do vírus e saber de onde veio”, diz a especialista.  

 

2 – CAUSAS

“Todo indivíduo não vacinado, com esquema de vacinação incompleto ou que não teve a doença anteriormente, pode ser infectado, lembrando que alguém com sarampo pode infectar até 18 pessoas suscetíveis. O sarampo pode induzir à queda da imunidade, por isso é frequente a ocorrência de infecções causadas por outros vírus (influenza, adenovírus, por exemplo) ou bactérias após a infecção pelo sarampo”, explica Dra. Michelle Zicker.  

A pediatra Loretta Campos enfatiza que, normalmente, as crianças abaixo de cinco anos são mais suscetíveis a contrair o sarampo devido à baixa imunidade própria dessa faixa etária. “O indivíduo que tem certeza que recebeu duas doses durante a vida, está imunizado até a fase adulta”, diz.  

O infectologista Marcos Antônio Cyrillo explana que em função de alguns mitos sobre vacinação difundidos, principalmente nas redes sociais, alguns pais e responsáveis deixaram de vacinar seus filhos, alegando malefícios causados pelas vacinas e também porque as doenças, entre elas o sarampo, estavam erradicadas. Contudo, não se deram conta de que as enfermidades estavam banidas, ou pelo menos controladas, justamente pelo amplo programa de vacinação desenvolvido pelo governo federal e complementado pela rede privada. Em virtude do alto poder de contágio, os casos de sarampo voltaram a aparecer, já que a vacinação é o único meio eficaz de evitar a doença. “Entre os mitos difundidos sobre a vacinação, estão o desenvolvimento de autismo e a presença de substâncias perigosas nas fórmulas, ambos refutados por estudos profundos sobre o assunto”, destaca Dr. Marcos Antônio.  

Ainda sobre as causas, a infectologista Joana Darc aponta que muitas vezes a população não tem acesso fácil às vacinas, por problemas relacionados às campanhas, recursos humanos e horários de funcionamento das unidades de saúde. “Além disso, sempre tem um grupo que não adquire imunidade mesmo vacinando, fato associado a questões do indivíduo (falha primária) e algumas pessoas têm queda dos anticorpos protetores desenvolvidos contra o vírus e com o tempo tornam-se vulneráveis à doença novamente (falha secundária)”, diz.  

 

3 – PREVENÇÃO E TRATAMENTOS

De acordo com a infectologista Michelle Zicker, a vacina está disponível em apresentações diferentes, todas previnem o sarampo e cabe ao profissional de saúde aplicar a vacina adequada para cada pessoa, de acordo com a idade ou situação. Os tipos são:

 

Dupla viral: Protege contra sarampo e rubéola

Tríplice viral: Protege contra sarampo, caxumba e rubéola

Tetra viral: Protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora)

 

“As medidas de proteção, como higiene das mãos, evitar compartilhar objetos, limpeza frequente de superfícies, uso de máscaras e isolamento do enfermo ajudam a evitar a propagação da doença em situações pontuais. Vale lembrar que o paciente transmite o sarampo mesmo antes de iniciarem os sintomas. A proteção começa cerca de duas semanas após a vacinação e a soroconversão é em torno de 95%, mas se a maioria estiver protegida, a doença não propaga”, explica Dra. Joana Darc.  

O infectologista Marcos Antônio Cyrillo complementa que as pesquisas para aperfeiçoamento das fórmulas das vacinas estão cada vez mais avançadas, inclusive para reduzir as reações que podem ocorrer, como febre e dor no local em que a vacina foi injetada. “Deve-se avaliar ainda, que essas reações são mínimas quando comparadas com as doenças de fato”, lembra o médico.  

Segundo a pediatra Loretta Campos, é recomendada a administração de vitamina A, pelo profissional de saúde, nas crianças que foram acometidas pelo sarampo, o que reduz a mortalidade e previne complicações da doença.  

 

4 – ALIMENTAÇÃO E EXERCÍCIOS

A nutricionista Evellin Suzuki esclarece que a alimentação não possui relação direta com o sarampo, porém, estatisticamente a doença acomete pessoas mal nutridas e com déficits de vitamina A. Além disso, a dieta tem grande impacto no alívio dos sintomas e no tempo de recuperação do paciente. “A alimentação deve ser leve, com bastante ingestão de água, consumo de alimentos ricos em vitamina A, como  cenoura, abóbora, manga, mamão, fígado, leite integral, entre outros. Devem ser evitados alimentos alergênicos, com aditivos químicos, conservantes ou corantes, alimentos gordurosos, alcoólicos, cigarros, pois o sarampo causa exantema maculopapular (manchas avermelhadas na pele) pela liberação de histamina e esses alimentos podem atrapalhar a recuperação”, alerta a nutricionista.  

Já sobre a prática de atividades físicas, o personal trainer Giulliano Esperança explica que o exercício pode afetar negativamente a pessoa com sarampo, levando a sérios problemas de saúde. “Treinar é interferir no metabolismo e uma pessoa com uma doença infecciosa precisa primeiro se curar e somente depois pensar em treinar. Além disso, é uma questão de respeito e cuidado com as pessoas ao redor, o indivíduo com uma enfermidade tão contagiosa tem que focar em repouso absoluto, comer alimentos saudáveis, se hidratar e lembrar que terá uma vida pela frente”, conclui o especialista.  

 

FONTES CONSULTADAS

 

Evellin Suzuki: Nutricionista pela Universidade Paulista - CRN- 3 57754/P. Técnica em Nutrição e Dietética pela ETEC DR. CELSO GIGLIO. Área de atuação: Nutrição Clínica.  

 

Giulliano Esperança: Personal Trainer e diretor executivo do Instituto do Bem-Estar em Rio Claro/SP. Bacharel em Educação Física UNESP/Rio Claro. Especialista em Fisiologia do Exercício Unifesp/SP. Mestrando do Laboratório de Nutrição e Cirurgia Metabólica da FMUSP, na área de Oncologia.

 

Joana Darc Gonçalves da Silva: Graduada em Medicina - Instituto de Ciências Médicas de La Habana Calixto García. Mestre em Medicina Tropical pela UnB. Título de Infectologista, formação em Gestão pública pelo Hospital Sírio Libanês. Professora universitária no curso de medicina do UniCEUB, médica da Fundação Hospitalar do Distrito Federal e da Rede privada de Saúde do DF.

 

Loretta Campos: Pediatra pela USP, consultora Internacional em Aleitamento Materno (IBCLC), consultora do sono. Educadora Parental pela Discipline Positive Association e membro das Sociedades Goiana e Brasileira de Pediatria.  

 

Marcos Antônio Cyrillo: Graduado pela faculdade de medicina de Santo Amaro. Diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, médico e diretor do hospital IGESP, médico da Prefeitura de São Paulo e médico do Hospital do Servidor Público Municipal.

 

Michelle Zicker: Infectologista da Rede de Hospitais São Camilo/SP. Médica pela Faculdade de Ciências Médicas de MG. MBA Gestão em Saúde pelo Insper. Infectologista, mestre em ciências e doutoranda pela Universidade Federal de SP.

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