Juliana Paghi Dal Bom
Nutrição Materno Infantil
www.bebetemfomedoque.com.br
Que uma alimentação saudável e, acima de tudo, uma nutrição adequada estão diretamente relacionadas à boa saúde física e mental, melhora da qualidade de vida, do humor, da disposição, da qualidade do sono e do aumento da imunidade nós já sabemos, não é mesmo? Os inúmeros benefícios que os hábitos saudáveis desempenham em nossas vidas estão amplamente documentados na literatura científica. Mas, você sabia que isso também é verdade quando pensamos em fertilidade? Isso mesmo! Importantes evidências apontam que um corpo saudável e bem nutrido pode ser determinante à fertilidade de homens e mulheres.
Hoje, cerca de 15% dos casais em todo o mundo enfrentam dificuldades relacionadas à infertilidade. Estatisticamente, homens e mulheres contribuem igualmente ao sucesso da concepção, portanto, ao discutirmos a nutrição como ferramenta para potencializar a fertilidade falamos de ambos, certo? Sim!
Casais que desejam engravidar, estejam ou não submetidos a tratamentos de infertilidade, devem intensificar os cuidados com a alimentação, nutrição e hábitos de vida. Além do rastreamento médico de possíveis disfunções de fertilidade, hoje, manter um peso adequado, estar fisicamente ativo, reduzir a carga de estresse e garantir que o corpo esteja adequadamente nutrido são condutas determinantes para o sucesso da concepção e para uma gestação mais tranquila e saudável. Assim, a adequação de estilo de vida, o balanceamento adequado da alimentação e uma suplementação bem planejada são potenciais aliados na busca pelo sonhado ‘positivo’.
Atualmente há evidências acerca dos benefícios do uso de suplementos de vitaminas, minerais e compostos bioativos tanto para a fertilidade quanto para o tratamento de disfunções relacionadas à infertilidade como a síndrome do ovário policístico (SOP), endometriose e distúrbios espermáticos. A suplementação deve ser planejada e prescrita para o casal, considerando sua individualidade biológica, condições de saúde, nutrição, alimentação e estilo de vida, independente da presença de doenças ou condições que interfiram na fertilidade.
O tempo mínimo ideal para o preparo, considerando ajustes de alimentação e início da suplementação, deve ser de 90 dias, tempo médio suficiente para a formação de novos espermatozoides e óvulos. Quanto à alimentação, as recomendações alimentares são similares para homens e mulheres, ainda que algumas particularidades devam ser consideradas. A suplementação deve sempre levar em conta as peculiaridades relativas ao sexo e ao indivíduo em si.
Os homens podem se beneficiar particularmente de uma dieta abundante em alimentos ricos em antioxidantes. Essas substâncias podem reduzir o estresse oxidativo no sêmen, condição que afeta cerca de 40% dos homens e está relacionada a menor chance de concepção e a maior frequência de abortamento. Uma dieta com boa disponibilidade de antioxidantes melhora a qualidade do sêmen, a concentração e características dos espermatozoides.
Exemplos de alimentos ricos em antioxidantes: tomate (preferencialmente quente: assado, confit, molho de tomate fresco), frutas vermelhas (morango e amora – mais comuns no Brasil, mirtilo e framboesa são ricas em diversos compostos fitoquímicos antioxidantes), vegetais verde escuros (brócolis, espinafre, rúcula, couve etc.), nozes e castanhas (especialmente a castanha do Brasil, rica em selênio), feijões, frutas ricas em vitamina C (laranja, limão, mexerica, morango, goiaba, maracujá etc.), frutas e vegetais de cor amarelo alaranjada (manga, cenoura, maracujá, pêssego, mamão, laranja etc.).
Quanto às mulheres, uma alimentação rica em verduras, legumes e frutas fornece importantes quantidades de vitaminas, minerais e compostos bioativos fundamentais à fertilidade. Ainda assim, é possível que haja necessidade do uso de suplementos nutricionais, especialmente em casos de reprodução assistida, uma vez que o processo eleva as demandas nutricionais.
O uso de antioxidantes, especialmente em suplementação nutricional, deve ser realizado com cautela e considerar as fases do ciclo menstrual, já que a implantação do embrião e o desenvolvimento fetal dependem de um equilíbrio entre radicais livres e antioxidantes.
É certo que fatores nutricionais advindos de alimentação e suplementação bem planejadas estão diretamente relacionados a mecanismos biológicos que podem influenciar positiva e negativamente a fertilidade, a formação da placenta e de um embrião. A boa nutrição é determinante à fertilidade e ainda influencia de maneira significante a programação metabólica do bebê desde o período intrauterino, impactando sua saúde ao longo dos primeiros anos da infância e por toda a vida adulta. Na dúvida, procure sempre um especialista.
Comentários