Hortifruti de A a Z: Cereja

As cerejas são arredondadas, medem cerca de 2cm e têm caroço e uma polpa comestível. Sua casca é fina e brilhante, apresentando uma coloração laranja, vermelha, podendo chegar à cor púrpura ou quase negra. A cerejeira, que pode atingir até 10m de altura, tem origem asiática e seu nome é dado às árvores de diferentes espécies, sendo que algumas produzem frutos comestíveis e outras são utilizadas para a extração de madeira. As cerejeiras pertencem à família das Rosaceae, subfamília Prunoideae e género Prunus.

Não há a produção de cerejas no Brasil, apesar de existirem boas condições na região Sul. A comercialização é realizada principalmente por meio da importação da Argentina e do Chile e os maiores produtores mundiais de cerejas são: Turquia, EUA, Irã, Itália, Espanha, Uzbequistão, Ucrânia, Romênia, Rússia, Chile, Síria, Hungria, França, Líbano e Grécia.

Existe uma grande variedade de espécies de cerejas, cerca de 1.000 em todo o mundo e a forma básica de classificação dos tipos de cereja é dividi-las entre: doces (grupo Prunus avium) e ácidas (espécie Prunus cerasus L). Sobre os dois tipos: ambas precisam ser guardadas sob refrigeração ou processadas para o armazenamento em longo período, devido ao curto prazo que podem ser conservadas no pós-colheita.

Cereja doce: Sua polpa é macia e suculenta, pode ser consumida ao natural ou ser ingrediente para a preparação de conservas, compotas, sobremesas, geleias e bebidas licorosas. A cerejeira Prunus avium é uma árvore alta, casca cinza e madeira de cor vermelho escuro.  

Cereja ácida: Fruto conhecido como ‘sour cherry ou tart cherry’ pelos ingleses e americanos, e como ‘ginja’ em Portugal. A cerejeira Prunus cerasus L. é uma árvore de tamanho menor, de madeira avermelhada, produz cerejas de aparência translúcidas, consistência mais gelatinosa e também pode ser consumida fresca, mas normalmente são adicionadas às sobremesas, bolos, conservas e molhos.

Segundo a nutricionista Michelle Troitinho, as cerejas apresentam em sua composição carboidratos, lipídeos, proteínas, fibras, cálcio, fósforo, ferro, magnésio, vitaminas A, C, B1, B2, B3, compostos fenólicos (flavonóis e antocianinas) e ácidos orgânicos (málico, cítrico, succínico, láctico, oxálico). “Entretanto, durante o processamento e o congelamento há perda das antocianinas, por isso, o melhor é consumir as cerejas frescas para usufruir os melhores benefícios”, enfatiza Michelle.  

De acordo com a nutricionista Vanessa Dantas, as cerejas possuem ácido salicílico com efeito anti-inflamatório,  enxofre e antocianinas (presente no pigmento vermelho dos frutos), atuando no suporte da prevenção de problemas cardiovasculares e reduzindo o efeito dos radicais livres.

“As cerejas possuem vitaminas, minerais e outros compostos que atuam de maneira positiva para a saúde. São fonte de potássio que regula a frequência cardíaca e a pressão arterial, são ricas em fitoquímicos como o beta sitosterol que também se associa à saúde cardiovascular (juntamente com a quercetina presente na casca) e a regulação dos níveis de colesterol. As antocianinas, que dão à cereja a cor vermelha, podem reduzir a inflamação e as dores, o que foi documentado em alguns estudos na literatura, por meio do bloqueio da enzima (COX-2). Outros compostos, como o ácido elágico, pode ajudar a combater infecções e o cancro e o álcool perílico pode atuar como antitumoral”, explica Vanessa Dantas.  

Vanessa complementa que, além do uso alimentício, pode ser obtida uma tintura verde das folhas e dos frutos da cerejeira. A madeira da cerejeira é dura e pode ser usada para construção de objetos de decoração e móveis. A casca do tronco também pode produzir uma cola adesiva retirada da goma do tronco. Para o uso medicinal da cereja, a resina do tronco é útil e as sementes podem originar um óleo utilizado na indústria de cosméticos e em saladas.  

Quanto ao cultivo em casa, a nutricionista Michelle Troitinho enfatiza que no Brasil as cerejeiras podem não crescer adequadamente, pois precisam de mais de 1.000 horas de frio abaixo dos 7ºC, durante o ano e para que o seu ciclo vegetativo seja completo, da germinação ao fruto, a cerejeira necessita de temperaturas frias e/ou negativas.  

Michelle lembra que a cereja consumida fresca e natural tem baixo valor calórico, no entanto, quando ingerida na forma de sobremesas, geleias e bebidas licorosas o seu valor calórico é muito mais alto e pode favorecer o aumento de peso quando consumida em excesso. “Quando a cereja é consumida fresca e em excesso, pode ter efeito diurético, pois é fonte de fibras. Também é fonte de taninos que, quando consumido em demasia, pode interferir na absorção das proteínas e alguns nutrientes”, destaca.  

Ainda sobre os efeitos colaterais, Vanessa Dantas alerta que o consumo da folha e das sementes precisa ser observado, pois pode causar falta de ar, fraqueza, excitação, convulsões e dilatação das pupilas. “Por ser rico em taninos, o fruto pode causar problemas estomacais com um consumo maior que 200-300g/dia”, finaliza.  

TABELA NUTRICIONAL – CEREJA

Valor nutricional – teores em 100g de fruta

Energia (kcal): 63

Carboidratos (g/100g): 14,8

Gordura total (g/100g): 0,4

Acidez (%): 0,5

Proteínas (g/100g): 1,8

Fibras totais (g/100g): 1,0

Sólidos solúveis totais (ºBrix): 13

Fonte: https://www.todafruta.com.br/wp-content/uploads/2016/08/cereja-VN.jpg

TORTA FUNCIONAL DE CEREJA COM CACAU

By nutri Vanessa Dantas

Ingredientes (massa)

100g de biscoito integral com sabor de cacau

½ xicara de castanha-de-caju ou amêndoas

30g de farinha de trigo integral ou farinha de coco

2 colheres (sopa) de açúcar de coco ou demerara

2 colheres (sopa) de leite desnatado

2 colheres (sopa) de manteiga ghee

Ingredientes (recheio)

1 unidade de Iogurte natural

2 colheres (sopa) de cacau 100%

Cerejas em calda para finalizar (conforme rendimento)

Modo de preparo:

Em um processador, junte o biscoito integral e a castanha. Processe até obter a textura de uma areia fina. Acrescente a farinha e o açúcar e processe até incorporar. Por fim, adicione o leite e a manteiga ghee e processe até que a massa se forme. Use a massa para cobrir o fundo de forminhas da sua escolha (pode ser de muffin, empadinha, cupcake etc) e leve-as ao congelador por 20 minutos. Depois que a massa descansar, asse em forno pré-aquecido a 180˚C por 10 minutos.

Montagem  

Assim que a massa esfriar, desenforme suas bases e monte as tortinhas com iogurte misturado com três colheres de cacau em pó. Finalize com uma cereja em calda!

Preparo: 20 minutos

Tempo de cozimento: 10 minutos

Tempo de espera: 30 minutos

Rendimento: 4 pessoas

FONTES CONSULTADAS:

Michelle Troitinho: CRN-2 5752 – Nutricionista pela UNISC. Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela UNICSUL – SP através da Vitalidade Positiva. Atua no Kurotel Gramado/RS.

Vanessa Dantas: CRN1 13.688/DF – Nutricionista graduada pela Universidade Católica de Brasília, pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Funcional e Nutrição Materno Infantil.