Para garantir que o bebê se desenvolva de maneira saudável e manter o bem-estar da futura mãe, os suplementos alimentares assumem papel fundamental na dieta A gravidez é um período especial da vida da mulher. Além de todas as questões afetivas envolvidas no fato de gerar uma nova vida, a ebulição hormonal provocada pela preparação do corpo para todo o processo de gestação e parto, nos nove meses em que o bebê está no útero é a alimentação da mãe que vai garantir os nutrientes essenciais para que tudo se desenvolva perfeitamente. Por isso, mesmo mantendo um cardápio balanceado - com frutas, legumes, verduras, carnes e todos os micronutrientes essenciais - as gestantes muitas vezes precisam complementar a dieta com suplementos. Com experiência no acompanhamento de gestantes, a nutricionista Karen Innocentini explica que no início da gravidez a mãe fica em estado anabólico, o que se inverte no período que antecede o parto. “
Nos primeiros seis meses de gestação, a mãe apresenta um aumento dos depósitos de gordura. Já no final, ocorre o contrário. O rápido crescimento fetal é suportado pela transferência de nutrientes da mãe para o feto e o estoque de gordura da mãe servirá de energia para o bebê”, diz. Para se ter uma ideia, ainda de acordo com a especialista, comparando-se as necessidades relacionadas às vitaminas do complexo B - Tiamina, Riboflavina, Vitamina B6, Niacina, e Cobalamina (B12) - uma gestante precisa de 30 a 40% a mais do que uma mulher adulta. Coordenadora do ambulatório de nutrição da gestante adolescente, a nutricionista Elaine Cristina Rocha de Pádua explica que a mulher já pode ajustar sua dieta e iniciar a suplementação alimentar mesmo antes de engravidar. “Além da alimentação equilibrada, as mulheres que desejam engravidar podem começar a ingerir, até três meses antes da gestação, suplemento de ácido fólico”, garante. Essa recomendação deve ser mantida também durante os três primeiros meses de gestação. Isso porque o ácido fólico é uma vitamina necessária em grande quantidade em função da rápida proliferação celular e tem papel importante no fechamento do tubo neural do bebê, conforme explica Drª Karen.“Durante as primeiras semanas de gestação ocorre a formação e o fechamento do tubo neural, que posteriormente se desenvolverá para a formação do cérebro e da medula espinhal”, esclarece. “A deficiência dessa vitamina pode levar a defeitos do tubo neural e gerar anemia megaloblástica quando, além de aborto espontâneo, hemorragias, pré-eclâmpsia e retardo no crescimento intrauterino”. Neste primeiro trimestre da gestação também acontecem os famosos enjôos. Provocados em parte pela alteração hormonal que ocorre no organismo feminino, podem estar também relacionados à deficiência nutricional. “Nos três primeiros meses de gestação a placenta ainda não assumiu seu papel e o feto rouba da mãe os estoques de vitamina B6. Essa vitamina está ligada ao sistema nervoso central, por isso esse processo pode provocar esse mal estar”, detalha Elaine Cristina.
A nutricionista recomenda que essa vitamina seja ingerida através de suplemento. “Em uma dose de 30mg de B6 por dia”, aponta. Passada essa fase, chega o momento em que o bebê começa a se desenvolver, crescer e fazer seus estoques de ferro para o período de amamentação. “No segundo trimestre os estoques de ferro da mãe serão exigidos para que o bebê possa se manter saudável. Hoje é muito comum atendermos futuras mães com anemia. Isso acontece porque na maioria das vezes já não havia uma alimentação adequada antes da gravidez e a alimentação, mesmo balançada, não consegue atender à demanda desse mineral”, explica Elaine. A especialista Karen Innocentini por sua vez, ressalta ainda que a deficiência de ferro no período gestacional está relacionada com aumento da mortalidade perinatal e prematuridade, além de alterações no sistema imune e prejuízos no crescimento e desenvolvimento fetal. Para garantir esse suporte, os especialistas recomendam a suplementação com ferro.
“Como as condições estão muito alteradas recomenda-se entre 45 e 60mg de ferro por dia”, diz Elaine. Outros minerais também completam a lista dos suplementos que devem estar presentes entre o quarto e o sexto mês da gravidez. “Para formar todo o sistema ósseo do bebê recomendamos a suplementação de 100 a 150mg de Cálcio e para fixar esse nutriente no organismo usamos também 200mg de Magnésio”, lista. Ainda de acordo com a especialista, no final da gestação, entre o sétimo e o nono mês, o Ferro deve ser mantido e pode entrar em cena também o ômega 3. “Ácido graxo essencial, o ômega 3 está ligado ao desenvolvimento cognitivo e visual do bebê. Algumas pesquisas indicam também que a suplementação com esse nutriente ajuda a reduzir a incidência de depressão pós-parto”, explica. Neste caso, a recomendação é de 500mg uma vez ao dia. E os outros suplementos? A malhação das gestantes deve ser realizada em carga reduzida, por isso, não há recomendação dos especialistas para o consumo dos suplementos comuns como o Whey Protein, BCAA, Óleo de Cartámo ou LA, Termogênicos. “Tais suplementos esportivos não têm indicação de uso por gestantes. Nesta fase, o corpo da mulher sofre alterações metabólicas e nutricionais que têm como objetivo o desenvolvimento adequado do feto”, ressalta Karen. Para a prática esportiva, a especialista indica suplementos à base de carboidratos ou bebidas repositoras que não tenham cafeína em sua fórmula. “A ingestão de carboidratos antes e durante o exercício economiza os estoques de glicose que estão no fígado e nos músculos (glicogênio), e aumenta a quantidade de energia diretamente disponível, evitando que a gestante apresente hipoglicemia, ou seja, queda nos níveis de açúcar do sangue durante a atividade física”, esclarece. “Mas as doses também devem ser ajustadas de acordo com as necessidades de cada gestante, já que cada uma apresenta diferentes hábitos alimentares, modalidades esportivas, duração, intensidade e também patologias ou complicações associadas específicas, como diabetes e hipertensão, entre outras”. Nada de comer por dois Todas essas transformações pela qual o organismo feminino passa durante os nove meses de gravidez não podem servir de respaldo para uma velha desculpa das gestantes: que está perdendo a linha e abusando dos alimentos calóricos por conta da gravidez. “A alimentação da gestante precisa ser balanceada e fornecer os nutrientes necessários para que o bebê se desenvolva. Isso não significa que ela tenha que comer mais e sim melhor”, resume Elaine de Pádua. “Hoje, consideramos saudável que as mulheres que estavam no peso ideal antes de engravidar ganhem entre 9 e 12 kg durante a gestação. Para aquelas que já estavam acima do peso o ganho não deve chegar a 5 kg”.
A nutricionista Karen Innocentini é ainda mais taxativa em relação a essa cultura. “A história de comer por dois deve ser urgentemente abolida, já que é um pretexto para ter maior liberdade quantitativa e qualitativa em sua dieta”. Elaine lembra ainda que a alteração na dieta está na demanda de nutrientes e que não são os alimentos gordurosos com altas concentrações de carboidrato ou de açúcar que vão garantir isso. “Para se ter uma ideia, a grávida precisa consumir apenas 300 calorias a mais por dia do que uma mulher que não está gestante. Vale lembrar que as vitaminas e minerais não somam grandes calorias.”, afirma. “O consumo exagerado desses alimentos vai trazer um ganho de peso excessivo e dificultar o processo de emagrecimento depois do parto”, alerta. Suplemento certo para cada fase Confira a lista dos suplementos que são recomendados pelos especialistas durante a gestação: Antes de engravidar: Ácido Fólico (1mg/dia) Primeiro trimestre: Ácido Fólico (1mg/dia) e Vitamina B6 (30mg/dia) Segundo trimestre: Ferro(45 a 60mg/dia), Cálcio (100 a 150 mg/dia) e Magnésio (200mg/dia) Terceiro trimestre: Ferro(45 a 60mg/dia) e Ômega 3 (500mg/dia)
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