PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Hormônio Leptina X Emagrecimento

A origem do nome leptina vem do grego leptos, que significa magro

Artigo:  Hormônio Leptina X Emagrecimento Hormônio Leptina X Emagrecimento
Crédito: BANCO DE IMAGENS

*Por Dr. Edson Carlos Z. Rosa  

A leptina é um hormônio peptídico composto por 167 aminoácidos, com um peso molecular de 16kDa, que apresenta uma estrutura terciária semelhante a alguns membros da família das citocinas (moléculas do processo inflamatório), sendo produzida principalmente pelos adipócitos ou células gordurosas, onde sua concentração varia de acordo com a quantidade de tecido adiposo local.  

A origem do nome leptina vem do grego leptos, que significa magro, onde a mesma é responsável pelo controle de diversas funções no organismo, dentre elas: controle da ingestão alimentar, reprodução, resposta autoimune e inflamatória, hematopoese (formação de células sanguíneas), angiogênese (formação de vasos sanguíneos) e osteogênese (formação óssea).

A leptina age a partir da ativação de dois receptores específicos presentes nos órgãos alvos:

O ObRb, de cadeia longa (maior quantidade de aminoácidos), com maior expressão no hipotálamo.

Os receptores de cadeia curta (menor quantidade de aminoácidos), ObRa, encontrados em outros órgãos como o pâncreas, e mais especificamente nas células {\displaystyle\alpha} Alfa e Beta {\displaystyle\delta } das ilhotas de Langerhans.

A leptina é responsável pelo controle da ingestão alimentar, sendo que a ação da leptina no sistema nervoso central (hipotálamo), reduz a ingestão alimentar, aumenta o gasto energético e regula a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras. Em outras palavras, a leptina reduz o apetite ao informar o cérebro que os estoques de energia em forma de gordura estão adequados através da inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite (NPY, AGRP). Do lado oposto, baixos níveis de leptina induzem a hiperfagia (aumento do apetite).

É sabido que o tecido adiposo branco é responsável pela maior parte da leptina produzida pelo organismo, porém outros órgãos também produzem leptina em menor quantidade, tais como: epitélio gástrico (estômago), trofoblasto placentário (placenta), tecido adiposo marrom, músculo esquelético e glândula mamária.      

Seu pico de liberação ocorre durante a noite e às primeiras horas da manhã e sua meia-vida plasmática é de 30 minutos. Os mecanismos bioquímicos e moleculares relacionados à síntese e à secreção desse hormônio, ainda não estão completamente definidos, no entanto, no ser humano, o gene da leptina localiza-se no cromossomo 7q31, sendo produzido essencialmente pelo tecido adiposo branco e preto.                                                       

Na obesidade, ocorre uma diminuição da sensibilidade ao hormônio leptina (semelhante à resistência à insulina no diabetes tipo 2), resultando na incapacidade de detectar saciedade apesar dos altos estoques de energia e altos níveis de leptina.            

FATORES QUE AFETAM A CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE LEPTINA

A expressão da leptina é controlada por diversas substâncias, como a insulina, os glicocorticóides e as citocinas pró-inflamatórias, sendo que a concentração plasmática de leptina está parcialmente relacionada ao tamanho da massa de tecido adiposo presente no corpo.

Situações de estresse impostas ao corpo são fatores que, entre outros, diminuem a produção de leptina (diminuição da expressão do gene da leptina e eventual queda nas concentrações plasmáticas da proteína: jejum prolongado, exercício físico moderado ou intenso, exposição ao frio e o fumo

São fatores que aumentam a produção de leptina (estimulam a transcrição do gene e a produção de leptina: alimentação após jejum, glicocorticoides, insulina, estados infecciosos e endotoxinas (elevam a concentração plasmática de leptina) e o sexo: mulheres possuem maior concentração plasmática de leptina que os homens

 

HORMÔNIO LEPTINA X EMAGRECIMENTO

Nós pesquisadores, sabemos muito bem que o controle de toda a fisiologia bioquímica do organismo humano é comandada por um centro neurológico, chamado de circuito ou eixo hipotalâmico-hipofisário, sendo que a condição harmônica desse eixo, corresponde a um equilíbrio hormonal.

Quando relacionamos o hormônio leptina ao emagrecimento, observamos que o mesmo tem uma forte influência na beta oxidação mitocondrial, estimulando a lipólise (quebra da molécula de gordura), pois a leptina é uma proteína formada por peptídeos derivados do gene ob, secretados pelos adipócitos (células do tecido gorduroso), desempenhando uma série de reações bioquímicas importantes no que diz respeito à percepção da saciedade e gasto calórico corporal.                     

Em outras palavras, a leptina é responsável por emitir um sinal ao cérebro de que é necessário interromper a sensação de fome, estimulando a saciedade.                                                        

Ela atua aumentando a expressão de neurônios anorexigenos chamados de CART (transcrito regulador de cocaína e anfetamina) e a famosa POMC (pro-ópio melanocortina), estimulando o aumento do gasto calórico e saciedade.

Já no hipotálamo (regiões do núcleo arqueado e paraventricular), a leptina tem a função de inibir os neurônios orexigenos, responsáveis pela sensação de fome como o Neuropeptídeo Y (NPY)/ Neuropeptídeo Agouti (AgRp), reforçando a ação de aumento da saciedade e gasto calórico potencializado.                                        

Sabemos que pacientes que possuem grandes concentrações de tecido gorduroso, também irão apresentar grandes concentrações de leptina, afinal a mesma é produzida pelas células de gordura.  

Sendo assim, seria prudente pensar que quanto mais obesos sejam os pacientes, maior será a saciedade e o gasto energético dos mesmos, mas na prática isso não ocorre, pois sabemos que um paciente que apresenta uma quantidade alta de hormônio leptina no sangue (leptinemia), poderá desenvolver uma resistência periférica a própria leptina, ocasionando todo um transtorno ligado à obesidade e a resistência em se atingir o emagrecimento. Para agravar ainda mais o problema, existe uma associação fisiológica do quadro clínico de resistência periférica a leptina, com resistência periférica a insulina, o que dificulta ainda mais as chances de queima de gordura. Clinicamente, observamos que pacientes do sexo feminino possuem uma maior produção de leptina endógena quando comparada aos homens, mais então porque algumas mulheres têm tanta dificuldade de perder gordura em locais específicos como braços, pernas, quadril ou até mesmo não conseguem responder de forma tão efetiva a tantas técnicas de emagrecimento e definição muscular?

Para elucidar essa dúvida, diversos estudos científicos apontam que embora o sexo feminino produza mais o hormônio leptina, as mulheres têm maiores chances de desenvolver a famosa resistência periférica e neurológica a leptina, contribuindo para uma maior potência de ação do neurotransmissor orexigeno NPY, produzindo um gasto calórico mais lento, com maiores sensações de fome (hiperfagia) e podendo ainda estar associada a resistência periférica a insulina.  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar esse artigo, destacamos que uma abordagem profissional mais ampla e individualizada no paciente deve ser sempre mantida para que o sucesso nas técnicas de abordagem ao emagrecimento sejam sempre estabelecidas com efetividade e margem de segurança.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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