Adriana Carvalho de Sá, de 46 anos, nasceu na Bahia e mora na capital paulista há 30 anos. Dry Carvalho, como é conhecida por seus alunos e seguidores, é formada em Educação Física e atua como personal trainer há duas décadas, além de ser coach em Consultoria Alimentar. Ela se recorda que, antes de ingressar nessa área, chegou a pesar 84kg com 1,55m de altura, porém, logo depois da faculdade, alcançou 54kg, tornando-se extremamente sarada e preparada para competir na modalidade Garota Fitness, na qual foi campeã paulista por quatro anos consecutivos.
“Sou apaixonada por Educação Física, quando comecei a estudar e a praticar esportes, mudei também minha alimentação. Em tempos de competição, fiz muita dieta, mas somente mais tarde compreendi o quanto era importante fazer uma real transformação de hábitos”, explica a personal trainer.
Na época dos campeonatos, quando Adriana tinha 29 anos, a obsessão pelo corpo ideal, as comparações com outras atletas e o excesso de cobranças vindas do seu treinador, para que ela se submetesse a uma dieta severa, na qual não poderia ingerir carboidrato, nem açúcar e tinha que cumprir metas, ocasionaram um distúrbio de imagem, desencadeando episódios de bulimia e depressão, fazendo com que ela chegasse aos 40kg. “Isso aconteceu porque eu estava magra e em forma, tinha acabado de competir e havia levado uma premiação. Na segunda competição, levei o segundo lugar e fiquei triste e no terceiro campeonato também fiquei em segundo lugar, porém, não achei justo esse resultado, o que me fez ficar muito chateada, revoltada e parar de competir. Além disso, ainda não existia a comparação em redes sociais, mas já vivíamos num mundo de críticas e insatisfações, tanto dos outros, quanto a autocobrança. Sem contar que eu tinha que ficar dentro do peso da categoria, ter aquela fisiologia linda, o que a gente chama de hipertrofia para competição e a partir do momento em que eu era cobrada para dar resultado, entrava numa paranoia muito grande e perdia o equilíbrio”, conta.
Segundo Adriana, a depressão surgiu em sua vida por uma série de motivos: o fato de sua família morar longe e não ter maturidade suficiente para lidar com os problemas externos que estavam acontecendo na época e acabou internalizando, já que não tinha com quem desabafar. “Eu estava bem sucedida no trabalho, como personal trainer, mas internamente estava extremamente mal resolvida. Logo após o período dos campeonatos, fiquei um ano e meio de cama por causa da depressão e do transtorno alimentar. Passei a me olhar no espelho e a ter uma distorção de imagem, ou seja, embora todo mundo me enxergasse linda, maravilhosa, eu me via feia e gorda”, relata Adriana.
BULIMIA
Enquanto estava em competição, a alimentação de Adriana era bem restrita, por isso, quando parou de competir começou a comer cada vez mais. Ela relata que chegou a ingerir dois pacotes de pão integral com duas tijelinhas de creme de ricota, e ia comendo até seu estômago não aguentar mais.
“Em certos momentos, meu organismo expelia o alimento sozinho e em outros eu provocava o vômito, era muito triste. A bulimia é uma doença solitária, que ninguém vê e ninguém sabe o que está acontecendo com a gente. Me lembro que, na época, eu dava aulas e me encontrava com pessoas e não comentava sobre isso com elas por vergonha. Eu almoçava com os amigos, comia demais e depois ia ao banheiro para provocar vômito. Foi um período terrível, eu precisava mostrar às pessoas que estava super bem, pois elas me admiravam, me contratavam como personal trainer, mas dentro de casa era um ‘show de horror’, chorava, vomitava e me sentia muito mal. Como não tinha ninguém em casa comigo, ficava mais fácil praticar a bulimia. O sentimento era de que queria dormir e no dia seguinte não acordar para não passar por tudo aquilo novamente. Tinha dias em que eu vomitava o dia todo, chegava a cancelar aulas, saía e comprava mais comida para alimentar o vício. A minha sensação era de impotência, medo, insegurança e desespero. Sei de pessoas que já tiveram câncer de estômago e de garganta causados pela bulimia, e já vi outras que morreram por conta dessa doença”, destaca.
RECUPERAÇÃO
Dry Carvalho ressalta que em casos como o que ela viveu é comum e importante buscar ajuda profissional de médicos, psicólogos e analistas. Porém, com ela o processo de recuperação foi diferente.
“Na época, cheguei a tomar medicação, sob orientação médica, que tirava meu apetite. Já estava magra e emagreci mais ainda. Tomei medicamentos para depressão, para dormir e remédio para o transtorno e isso só me prejudicou, porque sempre fui adepta de vida saudável e, de repente, me vi tomando um monte de remédios, o que começou a mudar o meu cotidiano. Esse tratamento durou por volta de quatro meses, depois comecei a ler muito sobre a bulimia, sobre pensamentos positivos e autoconhecimento. Sou cristã, acredito que Deus é o nosso centro e ele teve um papel fundamental na minha cura, além disso, acredito que eu mesma também fui responsável pela transformação da minha vida. Então, comecei a me abrir com algumas pessoas de confiança da igreja para dizer o que estava se passando e elas fizeram orações por mim. Aos poucos, fui voltando a sair mais de casa, ocupando mais o meu tempo e dizendo para mim mesma que eu seria capaz. Continuei treinando, mas sem exigir excessivamente de mim, parei com as dietas e comecei com uma vida alimentar completamente saudável. Hoje sou totalmente diferente, essa é uma etapa da minha vida que ficou no passado, sou muito feliz e me sinto 100% completa, não preciso comer nem demais e nem de menos. Depois do distúrbio, voltei para 50kg e estou nesse peso durante todos esses anos”, afirma Adriana.
ROTINA SAUDÁVEL
De acordo com Adriana Carvalho, ela mesma é a responsável por sua parte nutricional, já que adquiriu conhecimentos sobre alimentação. Ela sempre faz uma variante de legumes, verduras e muita fibra através das saladas. Proteínas, geralmente são de carne bem magra. Se for comer carne, ela procura filé mignon, baby bife ou músculo. Salmão, uma vez por semana e tilápia duas vezes. Costuma comer também ovo, grão de bico, lentilha e ervilha. O que não entra em sua alimentação: fritura, açúcar, carboidrato ruim e adoçantes. Atualmente, Adriana faz quatro refeições diárias quando está com fome, por isso não tem uma regra de horários.
“Hoje me considero uma pessoa saudável, tenho boa alimentação e uma rotina de exercícios sem paranoias. Isso me ajudou na recuperação e a manter uma vida equilibrada, sem obsessão. Acordo às 4 horas da manhã e tomo um litro e meio de água em jejum. Começo a me arrumar, fazer minhas coisas e depois de 35 minutos vou para o café da manhã, que tem sempre frutas: mamão, banana, pera e frutas da época. Sempre faço um bolinho de frigideira saudável, que possui ingredientes como: aveia, ovo, um pouco de canela, se for doce, farinha de amêndoa ou farinha de oleaginosas, misturo tudo isso e como com café. Eu não consumo pão e, às vezes, opto por uma tapioca com queijo amarelo. Antes do almoço, geralmente tomo um chá de hibisco com gengibre natural. No almoço, são dois grãos: ou arroz integral e feijão, ou quinoa e lentilha, ou ervilha e arroz negro, muita salada, vegetais, tudo no vapor e uma proteína grelhada, assada ou cozida. A tarde tomo whey protein e por volta das 19 horas o jantar: um grão, salada e uma proteína. Com relação aos suplementos alimentares, utilizo vitamina B12 e vitamina C e whey protein, pós-musculação, três vezes na semana”, explica.
Com relação aos exercícios físicos, Adriana revela que treina de segunda a sexta-feira, às vezes aos sábados também e faz higiene de sono. “Faço musculação, pilates e nas práticas aeróbicas estão inseridos: transport, escada e esteira, sem corrida, apenas caminhada. A duração dos treinos, que acontecem sempre de manhã ou a tarde, varia de acordo com minha agenda, mas, no geral, uma hora por dia”, enfatiza.
Atualmente, a personal Dry Carvalho atende públicos variados, mas tem como foco os empresários e as corporações que necessitam de motivação para mudar a rotina e torná-la mais saudável. Ela ressalta que busca sempre trabalhar para ajudar a mudar o jeito de pensar de seus alunos. “Praticar esporte é vida, alegria e saúde. Ele nos ensina a ter disciplina e é bom para tudo, para mente, corpo, articulação, parte muscular, endorfina, toda a parte venosa e nosso coração. O esporte me ensinou a ter uma vida muito melhor. Espero, através dele, continuar levando alegria, saúde e conhecimentos para outras pessoas”, conclui a personal trainer.
PERFIL:
Adriana Carvalho de Sá
Nascimento: 11/07/1973
Local de nascimento: Bahia
Onde vive: São Paulo/SP
Formação acadêmica: Educação Física e Coaching em Consultoria Alimentar
Altura: 1,55m
Peso atual: 50kg
Peso/bulimia: 40kg
Redes sociais:
Instagram: @personaldry
Site: www.personaldry.com
E-mail: contato@personaldry.com
Comentários