*Por Dr. Edson Carlos Z. Rosa
Podemos dizer que no Brasil, o uso de medicamentos é muito comum entre a população, onde a automedicação ocorre sem grandes preocupações com os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, fato esse que já vem associado á cultura de nosso país.
No entanto, nós pesquisadores sabemos muito bem que dentre os princípios da farmacodinâmica e farmacocinética de um medicamento, existem também os chamados efeitos adversos de um determinado composto e que dentre esses inúmeros efeitos, podem ocorrer efeitos indesejados como as temíveis quedas de cabelo, que nesse caso, chamamos de alopecia medicamentosa.
A queda de cabelo pode ser resultado de diversos fatores, sendo o principal deles o fator genético, quando o indivíduo, recebe os genes da calvície, aonde nesse caso, chamamos quadro de alopecia androgenética.
A alopecia androgenética, geralmente não tem cura e pode se manifestar em indivíduos do sexo masculino e feminino, embora nas mulheres seja um pouco mais rara a ocorrência. Podemos observar clinicamente também, outras causas de alopecia (queda de cabelo), onde poderão estar relacionadas:
Gravidez: queda de cabelo pós-parto, induzidas por alterações hormonais.
Alopecia medicamentosa: queda de cabelos induzida por medicamentos ou tabagismo.
Algumas patologias como: anemia, doenças intestinais, sífilis, doença renal crônica, micose, ovário policístico, disfunções da glândula tireoide e doenças autoimunes e até mesmo o estresse.
ALOPECIA MEDICAMENTOSA
Em geral, a queda de cabelo medicamentosa ou alopecia secundária, tem como causa principal, o uso de fármacos que causam alterações hormonais ou que atuam no sistema nervoso central do indivíduo.
Nesse caso, podemos citar algumas classes medicamentosas, tais como:
antidepressivos, estabilizadores de humor, ansiolíticos, antipsicóticos, anticoagulantes, anticonvulsivos, remédios para baixar o colesterol e os contraceptivos.
Além destes, existem outros grupos de fármacos que podem causar a queda de cabelo medicamentosa, como:
Medicamentos do grupo anti-uricêmicos (tratamento de ácido úrico elevado)
Medicamentos para tratamento de distúrbios da glândula tireoide
Medicamentos para tratamento de doenças neuro-degenerativas
Medicamentos hormonais do grupo esteróides anabolizantes
Medicamentos quimioterápicos
Medicamentos do grupo dos retinóides, usados para o tratamento da acne (como por exemplo o Roacutan)
Medicamentos antidiabéticos, dentre outros.
Bom, antes de mencionar sobre os possíveis eventos bioquímicos que se relacionam com a morte dos fiozinhos de cabelo, podemos dizer que existem várias causas para as alopecias (quedas de cabelo), dentre elas, podemos relacionar algumas causas, tais como: genéticas, hormonais, alimentares, estresses, imunossupressoras, parasitológicas, relacionadas a doenças autoimunes, como por exemplo, a alopecia areata, dentre outras.
Por se tratar de um assunto bastante extenso que é a alopecia, nesse presente artigo, vou destacar a alopecia androgênica medicamentosa, induzida por medicamentos hormonais.
ALOPECIA ANDROGÊNICA MEDICAMENTOSA
Podemos dizer que as quedas de cabelos induzidas por medicamentos hormonais da classe dos anabólicos esteróides, corresponde a maior parte das alopecias acometendo homens e mulheres jovens.
Trata-se de uma classe de medicamentos com características moleculares muito complexas que ao se ligar a determinados receptores, desencadeiam uma cascata de transformações intracelulares em determinadas estruturas e órgãos que chamamos de órgãos-alvo e coincidentemente uma dessas estruturas chama- se folículo capilar, presente no couro cabeludo humano.
Existem diversas classes hormonais sintéticas, ambas derivadas do hormônio testosterona, porém com afinidades bioquímicas um pouco diferenciadas umas das outras, o que poderá agravar ainda mais a situação, pois existem diversas drogas que tem alto teor de se ligar a receptores androgênicos, chamados receptores AR e assim determinam maior expressão de uma enzima chamada 5 alfa redutase, que por sinal converte a molécula de testosterona em ou di-hidrotestosterona ou DHT, iniciando o efeito que chamamos de efeito androgênico, determinando uma série de reações virilizantes no homem e na mulher.
Isso ocorre, pois ao se ligar a receptores no folículo capilar, a Dihidrotestosterona ou DHT, acaba criando o aumento da produção de sebum na glândula pilosebácea, que triplica sua ação na produção oleosa, causando a obstrução do folículo capilar e assim dificultando a perfusão sanguínea local (irrigação sanguínea) e oferta de nutrientes, culminando na queda de cabelo ou apoptose capilar.
Esse é somente um dos eventos que a di-hidrotestosterona (DHT) pode causar quando convertida em excesso pelo uso de medicamentos hormonais esteróides anabolizantes com uma maior afinidade androgênica, principalmente para indivíduos que já tem uma tendência genética individual para alopecia e perda de cabelo.
Apesar de todo esse problema, podemos dizer que existem técnicas para atenuar algumas reações fisiológicas desagradáveis que os medicamentos hormonais podem causar pelo seu percurso bioquímico no organismo humano, porém drogas altamente androgênicas estão sempre relacionadas com maiores eventos adversos, podendo muitas vezes acarretar em quadros irreversíveis, principalmente nas mulheres, por essas serem mais sensíveis a ação androgênica de determinados compostos.
Desse modo, encerro esse artigo destacando sempre a necessidade de busca por um profissional capacitado na área, para que seja feita uma abordagem minuciosa e adaptada à individualidade de cada paciente, em busca de tratamentos adequados e bem sucedidos.
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