Palavra do Especialista: Por de trás da fumaça

Nos dias atuais, quando a pauta é a prática de exercício físico a maioria das pessoas imediatamente encontra uma “desculpa” para não fazê-lo, alegando que não tem tempo para atividades físicas. Outros alegam que já não têm idade para fazer exercícios e outros ainda alegam a falta de companhia, medo de ocorrer lesões etc. 

Neste sentido, um ponto ainda desconhecido é que, assim como uma dieta saudável pode beneficiar a nossa saúde , a prática contínua de exercícios pode fazer com que as pessoas vivam mais e tenham uma qualidade de vida melhor.

É importante considerar que os exercícios físicos aumentam a disposição, provocando descargas de substâncias no sistema nervoso central como endorfinas que funcionam como analgésicos naturais e diminuem dores nas pernas, dores musculares, favorecendo o bem-estar do organismo, além de minimizar sintomas de depressão.

Segundo pesquisas da Organização Mundial de Saúde, quem começa a fumar na adolescência (90% dos fumantes) e continua durante duas décadas ou mais, provavelmente morrerá 20 a 25 anos mais cedo que aqueles que não tem vício. Há hoje no mundo mais de 1 bilhão de fumantes e mais da metade morrerá por causa desse hábito. O tabaco é uma planta da qual é extraída uma substância chamada nicotina. A fumaça do cigarro contém um número muito grande de substâncias tóxicas ao organismo.

Dentre as principais, citamos a nicotina, o monóxido de carbono e o alcatrão. Assim, quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida nos pulmões, chegando ao cérebro em 9 segundos e lá promove elevação leve no humor (estimulação), diminuição do apetite, diminuição do tônus muscular, trazendo até uma sensação falsa de relaxamento e bem-estar .

Mas, escondido na fumaça do cigarro, uma série de eventos são deflagrados. A ausência da nicotina gera um estado de dependência caracterizado por irritabilidade, agitação, prisão de ventre, dificuldade de concentração, sudorese, tontura, insônia e dor de cabeça. A nicotina produz aumento no batimento cardíaco, na pressão arterial, na freqüência respiratória e queda da contração do estômago, dificultando a digestão. Além destas ações, as substâncias tóxicas contidas no tabaco ainda desencadeiam doenças como a pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago, entre outros), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, úlcera digestiva, náusea, dores abdominais, diarréia, vômitos, cefaléia, tontura, bradicardia e fraqueza.

Os praticantes de atividade física devem entender que a performance da musculatura em exercício depende de um suprimento energético ideal e de acordo com a demanda. Para isto, o músculo tem que estar apto a absorver substâncias químicas, metabolizar e gerar a energia necessária para propiciar a constância dos movimentos. Infelizmente estes processos de extrema importância são afetados pela nicotina, diminuindo toda a funcionalidade da musculatura, gerando fraqueza, redução na atividade e habilidade motora e fadiga.

Isso impede a aquisição de uma condição corporal ímpar gerada pela aptidão física na qual o indivíduo possui energia, vitalidade e as habilidades motoras suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades recreativas. Além disto, a atividade física regular e na quantidade certa ajuda a desenvolver ossos mais fortes, uma atividade mental mais positiva, levando assim a um equilíbrio emocional.

Durante a prática de atividade física, os músculos adquirem ajustes metabólicos que são desencadeados visando uma melhora na realização da atividade contrátil. Estes ajustes extremamente necessários são reduzidos em praticantes de atividade física que são tabagistas, nos quais a presença da nicotina limita a capacidade funcional e a performance. Quando a prática de exercício físico é constante, é aconselhável recorrer a suplementos antioxidantes que ajudam a prevenir e a reduzir os danos degenerativos provocados pelos radicais livres.

A importância da utilização de suplementos antioxidantes e outros suplementos nutricionais foi demonstrada em estudos nos quais foram utilizados suplementação com ômega 3 em fumantes praticantes de exercício físico. Foi constatada uma significativa melhora na capacidade contrátil da musculatura esquelética, na qualidade da memória, sugerindo ainda que pode prevenir o aparecimento de doenças degenerativas provocadas pela nicotina.

A cada dia que passa percebese que não vale a pena o prazer proporcionado pelo tabagismo, porque o que se encontra por detrás da fumaça não combina com vida saudável.