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Entenda tudo sobre: Lactose

Já sentiu um mal estar logo depois de tomar leite ou comer algo com queijo?

Entenda tudo sobre: Lactose Rico em proteínas de alto valor biológico, o leite traz em sua composição uma espécie de carboidrato chamada lactos
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO

Já sentiu um mal estar logo depois de tomar leite ou comer algo com queijo? Rico em proteínas de alto valor biológico, o leite traz em sua composição uma espécie de carboidrato chamada lactose que pode ser motivo de dores, náuseas e diarreias em certas pessoas. Você é uma delas?

1- Você já dever ter ouvido falar

Presente no leite de todas as espécies animais, inclusive no leite humano, e também nos derivados, a lactose é, de acordo com o gastropediatra Valmir Martins, consultor científico da Abiad, um carboidrato do tipo glicídio. “Tecnicamente trata-se de umdissacarídeo, ou seja, um açúcar formado por duas moléculas de galactose e glicose, chamadas monossacarídeos”, detalha. “Ela é o açúcar naturalmente presente no leite e sua função e benefício é a oferta rápida e farta de energia para os bebês”, acrescenta Dr. Valmir. Segundo a nutricionista do Hospital Estadual Carlos Chagas, Juliana Crucinsky, a lactose é fundamental na primeira fase da vida, mas à medida que a criança se desenvolve e passa a ingerir outros alimentos que não seja o leite materno ou fórmulas infantis, deixa de ser o único carboidrato processado no organismo e torna-se uma das várias opções de fonte energética.

 

2 - A importância de ingerir leite

Apesar de toda a polêmica que envolve seu consumo, o leite é rico em proteínas de alto valor biológico, ou seja, concentra muitos nutrientes em pequenas doses, por isso ainda ocupa posição de destaque nas dietas conforme explica a nutricionista Juliana. “O leite e seus derivados são proteínas completas que fornecem todos os aminoácidos indispensáveis ao organismo, além de cálcio, vitamina A e vitaminas do complexo B”, afirma. Por isso, caso o leite e seus derivados sejam completamente excluídos da alimentação, é preciso obter estes nutrientes através de outras fontes alimentares ou até mesmo de suplementos. A especialista explica que as proteínas encontradas no leite podem ser obtidas também através de carnes em geral (boi, peixe, frango) ovos, oleaginosas (castanhas, nozes, etc), de uma combinação de cereais (arroz, milho, trigo, quinua) com leguminosas (feijões, lentilha, grão de bico, soja), ou ainda com o whey protein, que é composto pelas proteínas do soro do leite, mas em fórmulas isoladas e concentradas que possuem baixo ou nenhum teor de lactose

 

 

3 - Intolerância? A culpada é a lactase!

Lactose, laticínios, lactase, glicose... Todos esses termos já devem estar confundindo sua cabeça, mas calma! A lactase é uma enzima de extrema importância para que a lactose seja absorvida e digerida facilmente pelo corpo. Portanto, quando essa enzima não é suficiente no organismo aparece uma dificuldade em digerir o leite e seus derivados, ou seja, a intolerância. “Tudo o que ingerimos precisa ser hidrolisado, ou “quebrado” enzimaticamente, para ser absorvido e utilizado pelo organismo. Não havendo a produção da enzima necessária à digestão da lactose, ou quando esta produção está prejudicada por algum motivo, não haverá a quebra enzimática e a molécula de lactose continuará intacta, não sendo, portanto, absorvida”. Essa lactose não absorvida pode ser utilizada pelas bactérias intestinais como fonte de energia e pelo processo de fermentação, promovido por tais bactérias, trazendo problemas como distensão abdominal, vômitos, gases, cólica, entre outros.

 

 

4 - Quando se manifesta?

De acordo com Juliana, a Intolerância à lactose primária ou congênita é mais rara e se manifesta pouco tempo depois que os bebezinhos começam a mamar. “Este tipo ocorre devido à não produção da enzima pelo organismo”, diz. Outro tipo pode surgir ainda na infância conforme resume Dr. Valmir. “A intolerância à lactose é mais comum acima de dois anos, pois ocorre uma gradual diminuição da produção de lactase pelos enterócitos”, completa. Ainda de acordo com os especialistas, o problema pode surgir também ao longo da vida, decorrente do processo natural de envelhecimento ou de outras situações. “Nestes casos, a enzima lactase passa a ser produzida com menor velocidade, seja pelo processo de envelhecimento ou pelo o uso prolongado de antibióticos, presença de outras doenças, como celíaca, as inflamatórias intestinais, entre outras”, diz Juliana.

 

 

5 -Herança da evolução

O surgimento da intolerância à lactose ocorre devido a uma diminuição da produção da enzima lactase pelo intestino delgado, mas segundo a nutricionista Juliana, “pela evolução humana, o esperado é justamente que a presença da enzima lactase diminua no organismo com o passar dos anos”. Então porque a maioria das pessoas consome leite e seus derivados ao longo da vida sem apresentar o problema? A explicação pode estar em nosso processo evolutivo, conforme conta a especialista. “As populações que criavam gado e dispunham de maior oferta de leite e laticínios sofreram uma adaptação e passaram a tolerar este carboidrato até a vida adulta. Assim, esta adaptação vem sendo transmitida ao longo das gerações”, completa. O gastropediatra Valmir acrescenta ainda que a capacidade de digestão da lactose é pessoal, mas que é possível encontrar traços semelhantes de tolerância em grupos de pessoas e regiões específicas. “Estatisticamente os povos nórdicos têm boa capacidade para digerir a lactose, já os povos do continente africano e do Oriente Médio não digerem bem este dissacarídeo”,explica.

 

6 - Como saber se eu tenho?

O teste de tolerância à lactose é o exame mais comum, barato e acessível para detectar se há problemas no consumo da substância. Nele, colhe-se uma primeira amostra de sangue ainda em jejum e em seguida ingere-se uma solução contendo lactose. “O sangue vai sendo colhido em determinados intervalos de tempo e a glicemia, ou seja, o nível de glicose sanguínea, é avaliada em cada um desses momentos”, diz Juliana. O diagnóstico leva em consideração o resultado deste exame e os sintomas observados, inclusive durante a realização do teste.

 

7 - Faltou? Suplemente!

Para quem não pode consumir leite e seus derivados por conta da baixa produção ou ausência de lactase no organismo, o mercado oferece um suplemento específico: cápsulas de enzima lactase. Quando ingeridas elas vão trabalhar auxiliando na digestão da lactose e mesmo quem tem uma intolerância severa pode consumir leite e seus derivados. “Há cerca de 10 anos, para seguir a dieta sem lactose era necessário excluir todo o leite e derivados, mas hoje o mercado oferece opções com baixo teor de lactose”, lembra Valmir. Neste caso, os suplementos também podem complementar. “O impacto da suspensão do leite deve ser avaliado. Os suplementos devem disponibilizar a energia, os nutrientes e o cálcio que foi suprimido da dieta”, diz o gastropediatra. Mas é preciso uma avaliação criteriosa na hora de escolher os suplementos, feita por profissionais, para suprir o que realmente está em falta. “É importante lembrar que se os níveis de vitamina D no organismo não estiverem adequados, o cálcio também não será absorvido! A indicação de suplementos deve levar em conta a saúde do indivíduo e a alimentação, só devendo ser prescritos quando de fato houver uma real necessidade. Ressaltamos ainda que a autossuplementação, assim como a automedicação, pode ser perigosa à saúde”, diz Juliana. 8 - Não confunda, não é alergia!

Muitas pessoas pensam que têm alergia a lactose, mas não! De acordo com a nutricionista Juliana, “não existe alergia a lactose, como muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, pensam, pois se a lactose é um carboidrato, ela não interage diretamente com o sistema imune e todos os sintomas relacionados à intolerância à lactose são decorrentes da má absorção”. O que as pessoas chamam de “alergia a lactose”, na verdade, é um ALV (Alergia às Proteínas do Leite de Vaca), cujos sintomas gastrointestinais são os mesmos que os da Intolerância à lactose. “Porém, na ALV podem surgir sintomas respiratórios e na pele. Neste caso, não basta excluir a lactose, é necessário excluir completamente da alimentação o leite e seus derivados e qualquer alimento que os contenha!”, esclarece.

 

Fontes Consultadas:

Drª.Juliana Crucinsky Nutricionista da Clínica Kairós Fisioterapia e do Hospital Estadual Carlos Chagas, e consultora técnica do site Semlactose (www.semlactose.com)

Dr. Valmir Martins Gastropediatra e consultor científico da Abiad (www.abiad.org.br)

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