As causas mais comuns para distúrbios intestinais estão associadas à vida moderna como: o consumo aumentado de fast-foods, falta de horários regulares para as refeições, falta de exercícios físicos, etc. Além disto, a constipação intestinal também pode estar associada à algumas doenças, entre elas neuropatias, hemorróidas, câncer, outras doenças intestinais e ao uso de algumas classes de medicamentos. O intestino é um dos órgãos que compõem o trato gastrointestinal sendo dividido em duas porções denominadas de intestino delgado e grosso. O intestino delgado é a porção primária do intestino sendo responsável por processos digestivos e absorção de nutrientes, enquanto o intestino grosso, que é a segunda porção do intestino,é responsável pela absorção de água, sais minerais e vitaminas.
No que se refere à relação estrutura e função, o sistema digestório apresenta um eficiente padrão funcional, que permite desde a trituração maceração do alimento na cavidade oral até as dinâmicas de absorção das diferentes substâncias, e mede em média 10 m da porção inicial até o final. A porção que compreende o intestino delgado, que é responsável pela absorção de nutrientes, mede cerca de 4 a 7m, enquanto, o intestino grosso que é responsável pela absorção de água, sais e formação e eliminação de fezes mede a partir de 1,5m. No meio esportivo, bem como no dia a dia de praticantes de atividade física, são notórios os benefícios que a prática regular de exercício físico trás no âmbito psicológico, neuromuscular,cardiovascular, etc, demonstrando ajustes funcionais integrados com capacidade de readequar à nova realidade funcional que ajusta a função com a demanda.
Dentre os efeitos fisiológicos proporcionados pela prática de exercício físico, um ponto extremamente importante se refere à secreção integrada dos seguintes hormônios: GH (hormônio do crescimento; catecolaminas (adrenalina e noradrenalina; glucagon e as endorfinas. Dentro da sua especificidade, sabe-se que o GH é um potente agente anabólico com ações estimulante da lipólise (quebra do tecido adiposo).
No mesmo contexto, tem sido amplamente descrito que a concentração plasmática de adrenalina e noradrenalina aumentam durante o exercício físico promovendo elevação na taxa metabólica, na liberação de glicose e de ácidos graxos livres no sangue; ações que também estão sob responsabilidade do hormônio glucagon. Quanto à secreção de endorfinas durante o exercício têm sido descritas inúmeras funções tais como uma maior tolerância à dor, o controle do apetite, a diminuição na ansiedade e da tensão nervosa, etc. No exercício aeróbico, a intensidade é o principal fator que estimula as elevações dos níveis plasmáticos das endorfinas.
Já no exercício de resistência, os melhores resultados relativos à sua liberação ocorrem quando a prática acontece em maior duração concomitante a maiores intervalos de repouso entre as séries. O status nutricional é a resultante de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício e trás as seguintes vantagens: aumento na utilização das reservas energéticas; manutenção de um peso corporal adequado, aquisição de equilíbrio emocional, regularização da glicemia, redução dos lipídios (gorduras) do sangue, etc.
Neste sentido, e não descartando as discussões emergentes sobre a interdependência dos sistemas orgânicos mais tradicionais como o sistema cardiovascular ou o sistema respiratório e a prática de atividade física, não podemos nos privar de avaliar as influências do exercício físico sobre as funções do trato gastrointestinal, campo de estudo de grandes cientistas, os quais demonstraram os benefícios potenciais do exercício sobre a reatividade intestinal contribuindo para a diminuição das alterações intestinais.
Dentre os inúmeros benefícios da prática de exercício físico sobre o trato gastrointestinal tem sido demonstrado melhora na motilidade (contração) do cólon e modificações no perfil hormonal, provocando com isto, efeitos mecânicos no intestino, facilitando o peristaltismo (movimentação intestinal), melhorando o tônus muscular pélvico e abdominal, estimulando a secreção dos sucos digestivos e estimulando os movimentos intestinais e proporcionando, com isto, a maior efetividade da eliminação de resíduos.
Dentro de uma visão mais ampla que permeia o mundo dos cientistas, além dos fatores acima descritos, merece destaque o aspecto endócrino, uma vez que, muitos hormônios secretados concomitantes a elevação na atividade física estão associados com função gastrointestinais e são responsáveis pela facilitação da secreção, absorção e motilidade, além da intensa estimulação mecânica produzida. Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a atividade física regular praticada em quantidade apropriada promove redução de 40% no risco para o desenvolvimento de câncer de cólon. Apesar de haver controvérsias quanto à relação funcional exercício/motilidade intestinal, recentemente foi demonstrado que o exercício moderado é uma intervenção eficaz para minimizar os sintomas de pacientes com síndrome do intestino irritável e redução da motilidade.
Com relação ao gênero, sabe-se que os sintomas gastrintestinais são mais prevalentes em mulheres, especialmente no período menstrual, condição em que o estrógeno (hormônio sexual) atua inibindo as contrações e lentificando a alça intestinal. Por fim, quanto ao status de treinamento, tem sido verificado que indivíduos destreinados ou atletas que retornam ao treinamento após um período de inatividade apresentam maior incidência de sintomas gastrintestinais, principalmente se for praticante de exercícios de alta intensidade indicando que a constância da prática é impar para manter as funções do trato gastrointestinal.
No que refere à intensidade do exercício físico, é sabido que as atividades de baixa intensidade têm efeito protetor sobre o trato intestinal, minimizando alterações ligadas à desorganização funcional ou envelhecimento, uma vez que, promove redução do tempo de trânsito intestinal,diminuindo o tempo de contato entre a mucosa do cólon e os possíveis compostos que interferem no trânsito intestinal.
Podemos adotar algumas medidas no intuito de otimizar a eficiência contrátil da parede intestinal durante o exercício e reduzir a ocorrência dos sintomas gastrintestinais, merecendo destaque: ajustar o volume e a intensidade do treinamento de leve a moderado, planejar a hidratação durante as sessões de treinamento, evitar o consumo de soluções hipertônicas de carboidratos, moderar a ingestão de gorduras e proteínas, evitar o uso de drogas que atuem sobre o sistema gastrointestinal, tais como os anti-inflamatórios não esteroidais.
Caminhadas e exercícios aeróbicos são os mais indicados para pessoas que possuem problemas gastrointestinais e integram a atividade física na vida diária influenciando de forma positiva os sintomas que a acometem. Além da prática constante de exercício, vamos integrar as ações com hábitos alimentares. Sabe-se que as fibras alimentares são resíduos derivados da parede das células vegetais, resistentes à ação das enzimas digestivas humanas e obtidas de fontes naturais ou através de suplementos alimentares, as quais atuam em várias e importantes funções mecânicas e metabólicas na alça intestinal.
As fibras são divididas em dois grupos, com base em sua solubilidade em água, sendo insolúveis (celulose e algumas hermiceluloses) e solúveis que são formadoras de gel (pectinas, gomas e as outras hemiceluloses). Cabe salientar que ambas exercem efeitos mecânicos afetando diretamente o trato gastrointestinal, principalmente o cólon. Analisando em um âmbito mais científico, as fibras alimentares podem induzir diversos efeitos fisiológicos como: acrescentam peso e volume às fezes devido a sua insuficiente digestibilidade, apresentam capacidade retentora de água elevando o volume, retardam a passagem do alimento no estômago produzindo a sensação de saciedade, ligam-se a ácidos biliares no interior do intestino delgado melhorando expressivamente a motilidade e o funcionamento intestinal.
Por fim, vamos elencar alguns hábitos saudáveis que lhe ajudarão no combate aos desconfortos intestinais:
1- Inclua fibras na sua alimentação consumindo maior quantidade de verduras, legumes e frutas;
2- Tome sucos naturais, mas lembre-se de não coar (mantendo as fibras) evitando também adicionar açúcar refinado, pois estes podem acentuar ainda mais os sintomas de lentificação da motilidade intestinal;
3- Substitua os alimentos refinados pelos integrais, assim prefira o pão integral ao branco, o arroz integral ao refinado e verá que pequenas trocas trazem bons resultados;
4- Consuma água ao longo do dia, isto irá manter hidratada a mucosa intestinal;
5- Divida sua alimentação em pequenas quantidades consumidas em cada refeição, isto irá melhorar a constipação;
6- Pratique atividade física regularmente, pois o fortalecimento muscular, com ênfase na região abdominal, facilita o trabalho intestinal;
7- Mastigue bem os alimentos, não transferindo para o intestino o trabalho que deve ser feito pela boca;
8- Adicione cereais a sua alimentação, tais como a aveia, o trigo integral, farelo de trigo, uma vez que estes auxiliam no combate da prisão de ventre.
Para seu bem-estar intestinal, inclua a prática de atividade física de baixa intensidade no seu dia a dia, adicione fibras na sua dieta e hidrate seu corpo e quanto ao seu intestino coloque um sorriso no rosto e responda “vai bem obrigado”, mas não esqueça que o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário.
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