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Schizandrol A: prazer, motivação e melhor absorção de substâncias para um bom treino

Extraído de uma planta chinesa utilizada há séculos pela medicina tradicional do país, o Schizandrol A passou a integrar suplementos pré-treino há pouco tempo.

Schizandrol A: prazer, motivação e melhor absorção de substâncias para um bom treino Uma substância capaz de mexer com as engrenagens de nosso Sistema Nervoso Central
Crédito: REVISTA SUPLEMENTAÇÃO

Extraído de uma planta chinesa utilizada há séculos pela medicina tradicional do país, o Schizandrol A passou a integrar suplementos pré-treino há pouco tempo. Ainda sem regulamentação pela ANVISA no Brasil, a substância atua diretamente no organismo aumentando a sensação de bem-estar Uma substância capaz de mexer com as engrenagens de nosso Sistema Nervoso Central (SNC) e provocar uma série de reações em cadeia que nos fazem ter sensações como prazer e bem-estar. É desta maneira que os especialistas explicam a atuação do Shizandrol A quando entra em nosso organismo. Alguns estudos apontam que esta substância atua no sistemaopaminérgico, inibindo o SNC e elevando os níveis de dopamina. Com isso, ele aumenta a motivação e prazer com relação à atividade física, explica Ricardo Zanuto, que é doutor e mestre em Fisiologia Humana pelo ICB-USP e nutricionista clínico e esportivo. A dopamina é um precursor natural da noradrenalina e adrenalina e é um neurotransmissor do cérebro que promove sensações de prazer e motivação. O componente integra a fórmula de suplementos pré-treino consumidos lá fora como JACK3D, ROCKED, Animal RAGE. E o que geralmente acontece é uma associação do Shizandrol A com outras substâncias estimulantes, ampliando ainda mais os resultados esperados por quem busca um pique extra para malhar. 

O Schizandrol A é um produto nutricional ergogênico. É comercializado há pouco tempo como suplemento isolado, diz o mestre pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (FMH/UTL) e graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Leandro Rafael de Osti. Funciona mais ou menos assim: quando o Shizandrol A chega ao cérebro, engana seu esquema de ações e reações, fazendo com que ele não perceba o cansaço. Com o caminho aberto, outras substâncias estimulantes como a cafeína e a 1,3-dimetilamilamina, por exemplo, podem fazer efeito. “O principal benefício é que, quando associada com outros compostos, melhora o humor e vigor na atividade física, resume Zanuto.

Fruto dos cinco sabores Extraída do fruto de cor avermelhado da árvore Schisandra chinensis o suplemento tem um nome ainda mais complexo do que o utilizado normalmente. Trata-se do componente 2, 3, 4, 1, 2, 3 -hexamethoxy-6, 7-dimetil-1,2,3,4-dibenzo-1 ,3-cyclooctadien-6-ol do fruto seco da Schisandra chinensis, conforme explica Zanuto. Por falar em nomenclatura, Osti explica que o nome deste fruto, amplamente utilizado pela medicina chinesa, remete ainda aos seus sabores. “O nome chinês da fruta é Wu Wei Zi, que traduzido seria fruta dos 5 sabores: doce, azedo, salgado, amargo e picante, conta. Os dois especialistas lembram que ainda não existem estudos conclusivos sobre o Shizandrol A. Infelizmente Isso deve-se em parte pela escassez de pesquisas sobre a substância. Os estudos científicos sobre essa planta começaram há mais de 15 anos mas infelizmente ainda são escassos, feitos quase sempre em ratos e a maioria escritos em chinês. Sabe-se porém que o Schinzandrol A atua basicamente no fígado, rins e cérebro, aponta Osti. O mestre em Fisiologia Zanuto completa citando um deles. Há poucos estudos sobre esta droga utilizada de forma isolada em humanos.

O mais antigo é um estudo chinês de 1991 apontando os efeitos mencionados. Remédio oriental Muito antes de ser incorporada aos modernos suplementos para reduzir o cansaço e aumentar o pique antes da malhação, a planta já era utilizada pelos chineses, japoneses e coreanos. Essa planta é empregada na medicina tradicional chinesa há mais de 2000 anos. É uma das plantas medicinais mais conhecidas e importantes da China, conta Leandro Osti. No Oriente, ela aparece na indicação de tratamento para uma grande lista de enfermidades. Isso porque, culturalmente, a relação dos orientais com as plantas e ervas é diferente da nossa. Os orientais geralmente utilizam cinco a 10 plantas e ervas diferentes para a produção de um remédio, contendo centenas de substância potencialmente ativas, bem diferente do mundo ocidental onde sempre estudamos uma substâncias isoladamente para a melhor compreensão dos seus efeitos, lembra o especialista. Devido a essas misturas, Leandro explica que os orientais acreditam que a planta é um poderoso aliado para combater problemas como diarreia, tosse crônica e dispneia, suores noturnos, irritabilidade, palpitações, sono perturbado e insônia. E a lista tem muito mais. Acredita-se que o Shizandrol A pode ainda aumentar a resistência do corpo ao estresse físico, químico e também psicológico. A planta parece promover uma regulação geral dos processos fisiológicos, aumentando essa resistência, diz. Estudos experimentais apontam ainda propriedades de proteção da função hepática e fortes propriedades antioxidantes. Estudos especificamente sobre o Schizandrol A apontam para uma importante ação potencializadora do sistema imunológico, proteção e desintoxicação do fígado, que auxilia no tratamento do câncer, diminuindo a resistência da doença aos medicamentos, aponta Leandro.

Ela diminui os níveis da enzima ALT (alanina transaminase), intimamente relacionada a lesões agudas no fígado, por isso a planta é utilizada com muito sucesso no tratamento da Hepatite Viral. O extrato também promove um aumento da síntese de proteínas e glicogênio no fígado. Além disso, possui um forte efeito inibidor da ação de bactérias como, por exemplo, Bacillus subtilis, Bacillus dysenteraie, Bacillus typhi, and Staphylococcus aureus. Por seu efeito depressor do sistema nervoso central (SNC), pode ser utilizado como sedativo, porém não há estudos nesse sentido sobre a substância isolada. O extrato da planta contendo todos os princípios ativos é utilizado na Rússia notratamento de neuroses, esquizofrenia, depressão. A planta também parece exercer um efeito protetor do SNC contra estresses psíquicos, detalha Leandro. Há ainda uma outra indicação da fruta pelos oritentais, que reforça a utilidade que seu componente isolado ganhou no ocidente. No Oriente a fruta e seus derivados são utilizados por caçadores e trabalhadores braçais, devido ao seu efeito redutor de fadiga, explica Leandro. Atletas de endurance e praticantes de esportes de longa duração podem se beneficiar desses efeitos. Dose certa De acordo Leandro Osti, os orientais indicam 400 a 450mg do pó da planta, pelo menos três vezes ao dia para os tratamentos terapêuticos.

Mas atenção: essa indicação muda quando se trata da forma isolada do suplemento, o Schizandrol A propriamente. Têm sido utilizadas em pesquisas dosagens de 50 a 100mg por kg de peso corporal, afirma. Superdosagens foram estudadas em ratos e parecem ser a partir de 1,5g por kg de peso corporal, porém isso ainda não está bemestabelecido pelos cientistas. A dose em humanos mais utilizada parece ser a de 2 a 3g da substância. Insônia, dispneia e agitação são alguns dos efeitos colaterais relacionados à superdosagem da substância. Não foram relacionados efeitos colaterais em doses terapêuticas, nem da planta nem do princípio ativo Schinzandrol A isolado. É uma substância muito segura para o uso humano, ressalta Osti. As únicas restrições apontadas pelo especialista são para as gestantes, lactantes e crianças. Ela parece ser responsável por contrações uterinas.

Os especialistas explicam também que não há relatos na literatura sobre o fato do Schizandrol provocar dependência física ou química. Porém, a substância sempre é consumida em conjunto com outras e o melhor é estar alerta. Esses produtos por sua vez possuem uma infinidade de outras substâncias estimulantes, algumas das quais nem são descritas no rótulo como os tais blends patenteados, frista Leandro Osti. Outro fator importante neste quesito é a criação de uma espécie de dependência psicológica relacionada aos produtos. Vejo muitas pessoas que, se não tomam o pré-treino, não treinam, ou treinam de forma muito menos intensa e despreocupada. A pessoa acaba sendo dependente do produto para realizar um bom treino, e isso talvez possa se caracterizar como uma dependência leve dos suplementos que atuam no SNC, comenta o mestre em motricidade. É importante lembrar que, como acontece com grande parte das substâncias que são comercializadas lá fora, não há regulamentação do Schizandrol A pela ANVISA. Para os atletas vale ressaltar que ela não faz parte da lista de substâncias que acusam dopping, conforme explica Zanuto. Porém, quando conjugada com a 1,3-dimetilamilamina o WADA considera doping e a FDA não aprova o uso da substância.

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