Com uma nova diretoria, a Associação Brasileira de Nutrição tem como objetivos adequar e modernizar as regras regulatórias referentes a este mercado e criar estratégias para que o Brasil se mantenha como um dos que mais cresce no consumo de suplementos alimentares do mundo
Com um papel importante para o crescimento do setor de suplementos alimentares no país, a Associação Brasileira de Nutrição nasceu em uma época em que o mercado sofria com a falta de regras, mais precisamente no ano 2000. “A importação era livre e chegavam mercadorias irregulares, pelo Paraguai, o que, aliás, acontece até hoje”, conta o sócio fundador e primeiro presidente eleito da ABENUTRI, Edgard Brescancini de Araújo. À medida que as empresas e produtos eram apresentados ao mercado, a imprensa passou a focar no ramo. “Estávamos em grande evidência por conta da indústria cinematográfica que exibia filmes com gente forte, como Conan e Hulck.
Além disso, atletas e artistas como Arnold Schwarzenegger, Lou Ferrigno e Steves Reeves eram modelos e ídolos do público em geral, e garotos propaganda das indústrias norte-americanas fabricantes dos suplementos”, relembra Edgard. Nesta época todos os produtos começaram a ser considerados equivocadamente como anabolizantes. Diante deste problema, a ABENUTRI se posicionou no mercado, apresentando-se como uma entidade que congrega fabricantes nacionais, importadores, atacadistas e varejistas com o objetivo de levar informação correta para o público. “O marketing maciço e a divulgação despertaram ainda mais o interesse dos consumidores e grande parte dos mal entendidos foi esclarecida.
Foi uma guerra vencida, pode-se dizer. Ativa, a indústria nacional aproveitou cada oportunidade e cresceu exponencialmente. Hoje exporta para o mundo todo”, comemora o ex-presidente da associação. A equipe da Revista SuplementAção teve acesso à primeira ATA e ao primeiro estatuto da ABENUTRI, com data de 5 de setembro de 2000. Além de organizar as empresas na defesa dos interesses comuns de seus associados, outros objetivos da ABENUTRI eram conduzir reivindicações e promover debates junto a autoridades e órgãos públicos, universidades, centros de pesquisa e promover eventos que auxiliam na sedimentação da imagem dos produtos nutricionais como benefício à saúde humana.
E é seguindo estes parâmetros que a ABENUTRI pauta seu trabalho até hoje, somando conquistas e experiência para enfrentar os desafios que o mercado de suplementos alimentares nacional ainda possui. Abrindo portas para o desenvolvimento do setor No Brasil, sabe-se que um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas de suplementos é a liberação de produtos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que possui regras que limitam a atuação desses fabricantes e importadores no mercado. Um dos entraves mais marcantes foi em 2002, quando a agência proibiu a comercialização de creatina, produto que na época representava aproximadamente 30% do volume de vendas do segmento, de acordo com Edgard, presidente da associação no período.
A ABENUTRI conseguiu um mandado de segurança permitindo que o mercado continuasse trabalhando com o produto livremente durante mais de três anos, até que houve uma nova proibição da ANVISA, que desta vez durou até agosto de 2010. Depois desse embate as empresas parceiras da ABENUTRI sentiram a necessidade de ter um maior relacionamento e abertura junto aos órgãos públicos. Basicamente, entre as ações da associação para incentivar a regularização dos suplementos estão a contratação de profissionais para comprovar a eficácia e segurança do uso dessas substâncias, inclusive elaborando dossiês para serem apresentados à ANVISA. Dentro dessas estratégias, a associação conseguiu em 2006 a liberação da forma de apresentação em Pack e lutou em 2007 pela regulamentação do CLA, que estava sendo proibido, da Creatina, novamente proibida na época, e da L-carnitina, que ainda não tem autorização para ser comercializada no país.
O ano de 2008 foi marcante para a atuação da ABENUTRI. Além de uma reorganização da parte legal e estrutural, a associação ganhou um grupo gestor provisório, para alterar e regulamentar o novo Estatuto Social, presidido por Dr. Euclésio Bragança. Foi então que a associação investiu em ferramentas modernas e eficientes para trabalhar a sua própria imagem, assim como a dos suplementos alimentares no país. Entre as estratégias, estavam a criação de um novo site e a contratação de um assessor político para trabalhar o relacionamento da ABENUTRI com demais entidades e órgãos públicos.
Regulamentação: o principal desafio Em 2009, a ANVISA publicou a Consulta Pública nº60, que dava ao público direito de opinar sobre o mercado de suplementos. Porém, o conteúdo não estava de acordo com as necessidades do setor e nem agregava todas as mudanças necessárias para beneficiar o mercado. A ABENUTRI criou o Manifesto pela Liberdade de Escolha em Suplementos - que obteve mais de 6 mil acessos – e, com isso, conseguiu mostrar que os consumidores também estavam insatisfeitos com o texto da consulta. Com esta ação, a associação foi convidada para uma reunião em Brasília, onde teve a oportunidade de apresentar diversas sugestões sobre suplementos e outros aspectos do mercado, citados na CP. Mesmo diante de toda essa articulação, a ANVISA publicou uma legislação restritiva, que limitava ainda mais o uso de suplementos no Brasil. Em contrapartida, em 2010 a agência criou outra resolução paralela que liberou da necessidade de registro todos os alimentos para atletas e suplementos vitamínicos ou minerais.
Ou seja: os produtos não precisam mais ser registrados, mas continua sendo obrigatório cumprir as normas brasileiras para comercialização. Diante disso, a ABENUTRI viu a necessidade de criar um selo de empresa associada – que começou a ser utilizado em 2011 – para identificar as marcas que estão preocupadas com as normas brasileiras. Agora, a associação luta para a criação de uma portaria específica para suplementos nutricionais, baseada em segurança e não em eficácia para finalidades específicas, como já acontece no resto do mundo, com permissão de compostos entre vitaminas, minerais, substâncias bioativas, probióticos, fibras, extratos, aminoácidos, gorduras, etc. 2012, ano de mudanças Neste ano, a ABENUTRI passa por uma mudança significativa e à frente da associação, ocupando o cargo de novo presidente, está o Sr. Hilton Junior, focado em atuar junto à ANVISA no sentido de atualizar o panorama normativo que rege a indústria da suplementação nutricional, para que possa oferecer aos consumidores brasileiros uma maior variedade de produtos. “
Os consumidores no Brasil querem ter acesso a produtos diferenciados e a atualização das normas existentes irá possibilitar o amplo desenvolvimento dessa indústria, gerando maior arrecadação de impostos, geração de empregos, investimentos em pesquisa, dentre outros benefícios”, revela. O novo tesoureiro da ABENUTRI, Marcelo Bella, afirma que, com o grande crescimento da economia brasileira nos últimos anos e a projeção para investimentos estrangeiros no país por conta dos grandes eventos esportivos em 2014 e 2016 a serem realizados no Brasil, há um forte movimento de empresas internacionais que querem se instalar e constituir indústrias no mercado que inclui nutrição esportiva. “A adequação e modernização das regras regulatórias sanitárias que determinam a legislação do setor é de fundamental importância para a consolidação do Brasil como um dos países que mais cresce no consumo de suplementos alimentares no mundo”, diz.
A ampliação do mercado nacional deve ainda dar margem à captação de indústrias dos segmentos de OTC Health Care, vitamins and dietary supplements, weigth manegement e sport nutrition. “Esse fator fortalecerá ações de comunicação e orientação aos formadores de opinião da comunidade científica e consumidores deste mercado por parte da ABENUTRI”, garante Marcelo Bella. Para levar à população os benefícios que os suplementos podem proporcionar, a associação visa promover ações institucionais na mídia e parcerias com órgãos governamentais e outras associações. “Para isso, é importante que todo o setor esteja presente e atuante, tanto fabricantes como importadores, varejistas e fornecedores de matérias-primas e todos aqueles que de alguma forma participam desse mercado, para que as conquistas possam ser compartilhadas por todos os envolvidos, beneficiando em última análise o consumidor final”, afirma o presidente.
Linha do tempo
2000 - No dia 5 de setembro nasce a ABENUTRI, com sede em Diadema.
2002 - Mandado de segurança libera a comercialização da creatina, que na época representava 30% do faturamento do setor.
2006 - ABENUTRI consegue liberação da comercialização de produtos em apresentação tipo Pack.
2007 - Associação começa a luta pela regulamentação do CLA, da Creatina e da L-carnitina. Produção do “Dossiê sobre a comprovação de segurança da creatina como suplemento alimentar”, apresentado para dirigentes da ANVISA. 2008 – Reorganização da parte legal a estrutural da ABENUTRI e montagem do grupo gestor provisório para dar continuidade às atividades da associação.
2009 - ABENUTRI solicitou revisão da CP 60 e criou o Manifesto pela Liberdade de Escolha em Suplementos para mostrar à ANVISA opiniões frente ao texto, que não estava de acordo com as necessidades do setor. Associação aderiu às redes sociais e criou um blog – abenutri.org/blog - e um twitter - @abenutri.
2010 - Idealização, incentivo e apoio para a criação da I EXPO NUTRITION – feira específica do setor de suplementos nutricionais, realizada no Rio de Janeiro ABENUTRI participa do grupo convocado pela ANVISA para estudar uma proposta de autorregulamentação e monitoramento do setor de alimentos para atletas e funcionais
2011 - Início da utilização do selo “associada ABENUTRI” para identificar empresas de credibilidade no mercado.
2012 - Nova diretoria da ABENUTRI toma posse, conforme o estatuto da associação. Hilton Junior é o novo presidente e o vice-presidente é o Dr. André Joyce Cunha. Associação tem novo endereço, ainda na Vila Olímpia, na Rua do Rócio, nº 1050.
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