A Grécia Antiga deixou para a humanidade importantes contribuições no âmbito intelectual, científico e na trilogia que acompanha as práticas esportivas, ou seja, o citius, altius e fortius (mais rápido, mais alto e mais forte). Desde épocas remotas, as grandes competições esportivas, bem como, as atividades físicas de lazer, ocorrem ao ar livre expondo nosso corpo aos fenômenos da natureza, as intempéries e suas variações sazonais e, principalmente, ao sol. É neste contexto que temos que cuidar do nosso principal cartão de visitas: a pele. Explorando a visão científica ligada a este tecido que reveste nosso corpo, observamos que seu peso é de aproximadamente 5kg distribuídos em uma área de 2m2 e se formos minuciosos na análise, podemos verificar que em 1in² (polegada quadrada) de pele existem sistemas integrados que apresentam 2m de vasos sanguíneos, 600 sensores de dor, 122m de nervos, 30 sensores de calor, 75 sensores de pressão e 9000 terminais nervosos, recebendo constantemente 30% do sangue circulante. Esta maravilha de tecido atua como uma barreira impermeável, intermediária entre o meio ambiente e o meio interno, além de ser um importante órgão de comunicação com o meio exterior. Dentre as funções da pele, destacam-se proteção, termorregulação; função metabólica e função sensorial cujos detalhes estão apresentados no quadro “Principais Funções da Pele”. O Brasil tem grande parte de sua superfície demográfica localizada entre o Trópico de Capricórnio e o Equador, área geográfica que recebe com maior intensidade os raios solares sendo um dos países mais ensolarados do planeta, fato que nos dá o título de país do sol, favorecendo as atividades de lazer e os esportes praticados ao ar livre. Mas, não podemos descartar problemas imediatos e futuros para a pele, quando a exposição é inadequada e sem proteção. PRINCIPAIS
FUNÇÕES DA PELE
Proteção: Previne a entrada de corpos estranhos, como substâncias tóxicas, radiações e microrganismos.
Termorregulação: Capacidade de regular a temperatura corporal através da nossa pele e de certos mecanismos. Assim, no frio os nossos vasos sanguíneos subcutâneos contraem-se reduzindo a perda de calor, os folículos pilosos têm músculos que produzem a sua ereção, criando uma camada de ar estático junto à pele e retardando a perda de calor. Por outro lado, no calor os nossos vasos sanguíneos subcutâneos dilatam-se de modo a maximizar as perdas de calor, ao mesmo tempo, as glândulas sudoríparas aumentam a secreção de suor cuja evaporação reduz a temperatura na superfície do corpo.
Função metabólica: Através da luz solar um sistema gerador de Vitamina D é ativado promovendo a absorção do Cálcio, bem como sua fixação nos ossos. Função sensorial: Apresenta inúmeros sensores que detectam o calor, a pressão, o frio ou a dor produzindo correntes elétricas que se dirigem ao cérebro. Para que possamos nos proteger corretamente, temos que conhecer nosso tipo de pele e suas características.
TIPOS DE PELE
Pele seca: Pouco comum em climas tropicais. É uma pele com característica seca, opaca, fina e sensível, tem a aparência áspera, sem brilho e com pouca elasticidade e tendência a formar rugas e descamar, além de ser sensível ao fotoenvelhecimento gerado pelo sol.
Pele normal: Tem textura suave, delicada e saudável, apresenta um tônus adequado quanto à elasticidade com brilho natural e lisa. É clara e está pouco propícia a desenvolver manchas e espinhas, assim, reflete boas condições de saúde.
Pele mista: Possui oleosidade excessiva na chamada zona T (testa, nariz e queixo) e apresenta desequilíbrio na hidratação, possui uma espessura fina, cor rosada e apresenta rugas finas e precoces com tendência a descamação.
Pele oleosa: Produz maior quantidade de secreção sebácea que o normal. Apresenta uma característica mais espessa, brilhante e úmida. É muito sensível a alterações hormonais, excesso de sol, variações climáticas, estresse e alimentação inadequada.
Pele sensível: É fina, frágil e delicada, tem pouca oleosidade e, por isso, adquire aparência áspera e com tendência à formação de rugas. Outra característica da pele sensível é a irritabilidade: elas são muito sensíveis às mudanças climáticas e ao sol desenvolvendo vermelhidão, ardor, prurido e manchas, além de também serem muito propensas à descamação.
A mídia sempre nos adverte quanto a exposição à radiação solar, orientando-nos quanto aos efeitos relacionados ao tempo de exposição à luz solar, no entanto, são inegáveis os benefícios de uma exposição ao sol em horário adequado havendo reflexo na produção de vitamina D, absorção de cálcio e formação dos ossos, além de exercer papel significativo sobre o psiquismo, tendo em vista que o contato do sol na pele promove diminuição na secreção do hormônio melatonina, cuja produção aumenta em caso de estresse e depressão, além da exposição ao sol estimular a produção de endorfinas no sistema nervoso central cuja ação no humor é primordial. Por outro lado, a radiação solar ao atingir nossa pele também pode promover efeitos indesejáveis, tais como, desencadear queimaduras solares, fotoalergias acompanhadas de reações tardias, devido ao efeito acumulativo da radiação durante a vida, causando o envelhecimento da pele e alterações celulares que podem predispor ao câncer da pele.
UV o quê?
Vamos entender melhor o que são os raios ultravioletas (UV) que compõem a radiação solar:
A radiação UV que atinge a terra se divide em radiação UV-A e UV-B, embora haja também os raios UV- C, que não chegam até o nosso planeta.
A radiação UV-A compõe a maior parte do espectro ultravioleta e possui intensidade constante durante todo o ano, atingindo a pele praticamente da mesma forma durante o inverno ou o verão; sua intensidade não varia muito ao longo do dia, sendo pouco maior entre 10 e 16 horas se comparada aos outros horários.
Os raios UV-A penetram profundamente na pele, sendo os principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento.
Já a radiação UV-B tem uma incidência bem maior durante o verão, especialmente entre 10 e 16 horas. Esta radiação penetra superficialmente na pele e causa as queimaduras solares, que são as principais responsáveis pelas alterações celulares que predispõem ao câncer de pele. Raios infravermelhos: Responsáveis pela sensação de calor e desidratação da pele durante a exposição ao sol. UV-A: Bronzeiam superficialmente, porém, contribuem para o envelhecimento precoce da pele, induzido pela exposição solar prolongada. UV-B: São consideradas mais lesivas que as radiações UV-A.
Em excesso, causam eritema (queimadura solar), envelhecimento precoce e câncer de pele, atingindo, principalmente, pessoas de pele clara. UV-C: São absorvidas pelas camadas mais altas da atmosfera e estratosfera e, raramente, atingem a superfície terrestre. São bastante prejudiciais, não estimulam o bronzeamento e causam queimaduras solares e câncer. O que são os filtros solares?
São substâncias que aplicadas sobre a pele protegem a mesma contra a ação dos raios UV do sol, estes filtros podem ser químicos (absorvem os raios UV) ou físicos (refletem os raios UV), porém, é comum a associação de filtros químicos e físicos para se obter um filtro solar de Fator de Proteção solar (FPS) mais alto. Cabe ressaltar que, todo filtro solar tem um número que determina o seu FPS, que pode variar de 2 a 100. O FPS mede a proteção contra os raios UV-B, responsáveis pela queimadura solar, mas não medem a proteção contra os raios UV-A. Vamos explicar para ficar mais claro: a pele, quando exposta ao sol sem proteção, leva um determinado tempo para ficar vermelha.
Quando se usa um filtro solar com FPS 15, por exemplo, a mesma pele leva 15 vezes mais tempo para ficar vermelha, se for usado um filtro com FPS 30, levará 30 vezes mais tempo para ficar vermelha, e assim por diante. Você não pode se esquecer que se o filtro que você utiliza permite que sua pele fique vermelha após a exposição ao sol, isto é sinal de que a proteção não está sendo eficaz. Neste caso, você deve aumentar o FPS ou então reaplicar o filtro solar com um intervalo menor. O fator mínimo para uma proteção adequada é o FPS 15, aplicando o filtro generosamente sempre 20 a 30 minutos antes de se expor ao sol e reaplicando a cada duas horas.
Entretanto, como o FPS é determinado em laboratórios, sob condições especiais, recomenda-se dar uma margem de segurança, usando sempre um filtro solar com FPS igual ou maior que 30. Uma informação importante é que o FPS 15 filtra 93,3% da radiação ultravioleta B, enquanto o FPS 30 evita 96,7%, veja que a proteção é muito próxima, assim a diferença está no tempo de reaplicação do fator de proteção.
Na dúvida utilize fatores de proteção com valores mais altos, assim se consegue um aumento do espectro de proteção. Uma orientação importante você encontra no quadro “Entendendo o rótulo”, que vai ajudar você a compreender melhor o significado dos componentes citados do rótulo do produto de sua escolha.
Como escolher o fator de proteção de acordo com seu tipo de pele
Use a seguinte regra: pele normal se adapta bem a qualquer tipo de protetor solar, use um de seu agrado (creme, mousse, loção, loção sem óleo, gel-creme ou gel), já peles oleosas ou mistas precisam de produtos menos gordurosos, sem óleo na composição, ou seja, opte por cremes sem óleo, com toque bem seco, e alguns até ajudam a reduzir a oleosidade da pele.
Por sua vez, peles secas se adaptam melhor a filtros hidratantes e cremes. Bem, agora que temos dados a respeito da pele e proteção, podemos entender realmente o bronzeamento. Quando você se bronzeia, o que acontece é que os melanócitos (células residentes da pele) estão produzindo o pigmento melanina em reação à luz ultravioleta presente na luz solar e que tem o efeito de absorver a radiação UV protegendo as células dos danos causados pelo UV.
A produção de melanina leva um bom tempo, sendo a razão pela qual a maioria das pessoas não consegue se bronzear em um dia, necessitando de uma exposição mais duradoura entre cinco e sete dias, quando os pigmentos se acumulam em suas células em um nível que oferece proteção. Para auxiliar na fixação do bronzeado você pode consumir verduras de cor verde-escura que são ricas em vitaminas, cenoura e outros legumes ou frutas de cor amarela ou vermelha, uma vez que são ricos em caroteno que deixam a pele mais protegida contra os raios solares e importante para a aparência da pele e a manutenção do bronzeado.
Os esportistas devem ter ciência que inúmeros estudos com fortes bases científicas foram realizados e não foram constatadas alterações na eficácia dos protetores solares frente à utilização de diferentes tipos de suplementos, não mude sua rotina! Uma orientação importante: cuidado com o horário de exposição – evite exposição durante o pico de UVB – 10 às 16h; Use boné, chapéu e óculos de sol (proteja seus olhos); Use filtro solar de amplo espectro e aplique no mínimo 20 minutos antes da exposição solar, em quantidade de 2 mg/cm2, reaplicado a cada duas a três horas. Lembre-se que a radiação UVA ultrapassa vidros claros e nuvens, portanto, deve-se manter os cuidado nos dias nublados e usar fotoproteção diariamente.
Com a devida proteção, a prática de atividade física ao ar livre só trará benefícios; respire ar puro, module o sistema cardiovascular; defina músculos; produza endorfina e deixe que a felicidade seja transcrita na sua pele, seu cartão de visitas. Por fim, com a proteção ideal, concordo com o velho provérbio chinês: “Volte seu rosto sempre em direção ao sol e então as sombras ficarão para trás”.
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