O equilíbrio faz parte de um conjunto de ações integradas que envolvem a distribuição correta de força e um refinado controle composto de uma tríade de sistemas cerebrais denominados sistema vestibular, sistema somatossensorial e a visão.
Diferentes modalidades artísticas e esportivas encantam os homens pela beleza dos gestos e precisão do movimento, mas o que nos fascina é, principalmente, a capacidade de equilibrar o corpo em movimentos que desafiam as mais rígidas regras da física. Falar em equilíbrio vai além das definições frias do dicionário, no qual está escrito que esta é a posição estável do corpo humano onde as forças se anulam. Porém, se pensarmos em habilidades desenvolvidas na prática do exercício físico iremos constatar que equilíbrio se trata na verdade de uma ação integrada que envolve não somente o controle neuromotor e suas vertentes sensoriais, mas engloba o ambiente e o rígido controle emocional. Sendo assim, mesmo um comportamento cotidiano, tal como a manutenção da posição ereta ao andar, ao contrário do que parece, é uma tarefa complexa que envolve uma intensa rede de informações cuja função final é manter o corpo na posição desejada ajustando-o a todo tempo. Para exemplificar este contexto podemos analisar a condição onde uma pessoa procura manter-se sobre um pé o mais estável possível, de forma que este movimento está sujeito a oscilações constantes na atividade neural e motora para a manutenção da posição, mesmo frente as mais intensas dificuldades em manter os segmentos corporais alinhados entre si sobre uma base de suporte com área restrita.
Não podemos esquecer que a manutenção na postura vertical do corpo sofre ainda ações do ambiente externo e de fatores de cunho fisiológico, tais como a respiração, batimentos cardíacos e sensações de pressão das plantas dos pés. Nesta última condição, sabe-se que corredores ao sofrerem a pressão do ar contra seu corpo ativam áreas cerebrais que promovem a inclinação do corpo para frente opondo-se a força imposta. Além disso, para o sucesso da manutenção do equilíbrio corporal estático, tal como na ginástica rítmica e nas artes circenses, é preciso que o conjunto de estruturas funcionalmente ativas programem o movimento e modulem a força necessária. A manutenção do equilíbrio esta sob responsabilidade do sistema vestibular, mais conhecido como labirinto, que é um sistema que detecta as sensações de equilíbrio sendo composto de um sistema de ósseos e câmaras, localizado ao lado das temporãs, apresentando no seu interior um sistema membranoso dividido em três partes: a cóclea, o vestíbulo e os canais semicirculares. Para exemplificar o que é precisão de movimentos, podemos analisar a ginástica artística onde concomitante a execução do ato, o labirinto, dentro de sua função, coordena e integra as atividades reflexas e as relaciona com a orientação do corpo no espaço dando a precisão necessária, na qual mudanças na posição da cabeça afetam o equilíbrio estático e os movimentos da cabeça afetam o equilíbrio dinâmico, eventos finamente regulados para manter os grupos musculares efetivamente ativados e a posição do corpo tal como programado. Além disto, existem ainda órgãos cuja função é suprir de informações sobre a posição da cabeça relativamente à direção das forças da gravidade e sobre qualquer aceleração linear da cabeça e canais semicirculares, que são cheios de líquidos e possuem células sensoriais, as quais quando pressionadas pelo líquido enviam informações para o cérebro, para que se ajuste à posição do corpo.
Você já sentiu isso!
Caso o corpo se movimente bruscamente, o líquido no interior dos canais se movimenta, enviando ao cérebro informações sobre a qualidade do movimento, porém se o corpo já parou de se movimentar e a informação que o cérebro recebeu não coincide com a condição do corpo, que é a de estar parado, ficamos desnorteados por algum tempo até que em frações de segundos predomine o amplo controle. Em movimentos cuja execução seja de alta precisão e sequência seja primorosa ou elegante é preciso treinamento constante de forma que a repetição pela qual o sistema de controle se expõe a torne automática e de forma comparativa, ou seja, a cada treinamento o sistema aprimora sua ação. Parece lúdico pensar que automatizamos funções orgânicas, mas perceba a beleza de alguns gestos, tais como na ginástica olímpica, na natação, nas artes circenses, no balé etc. Podemos ainda pensar em atos ainda mais simples, tais como dirigir um carro, na qual a sequência de ações automáticas se sucedem sem que haja formulação antes da tomada de decisão, movimentos coordenados de pés e mãos independentes do comando visual.
Outra estrutura importante no controle do equilíbrio é uma área do cérebro denominada cerebelo, que exerce ação reguladora sobre a atividade neuromuscular, recebendo impulsos elétricos originados em receptores das articulações, tendões e músculos de forma inconsciente, mas essenciais para o controle do movimento e do tônus postural. Vamos imaginar os movimentos refinados da ginástica em barras paralelas, onde se faz necessário que o tônus postural, essencial para o posicionamento do corpo no espaço, se associe precisamente ao controle dos reflexos e projeções cerebelares. Neste caso, a frequência na repetição do gesto se faz necessário para reforçar a ação, ou seja, os sinais elétricos após interpretação e processamento nas áreas cerebrais retornam aos músculos controlando as ações entre a excitação e a inibição dos músculos extensores ou flexores, controlando automaticamente o equilíbrio no movimento. Outros sistemas extremamente importantes para a manutenção do equilíbrio corporal são as informações proprioceptivas, que nascem de receptores localizados nas cápsulas das articulações e enviam sinais sobre a posição relativa das várias partes do corpo associando-os a impulsos gerados por sensores na pele, especialmente os de tato e pressão. Como exemplo, podemos citar os ajustes de equilíbrio ativados na musculação, pois sempre que o corpo se angula no tórax ou no abdômen, as informações devem ser matematicamente processadas no cerebelo, na substância reticular e núcleos vestibulares do tronco cerebral, determinando os ajustes adequados nos músculos posturais para suportar a distribuição de força. Suplementar para se equilibrar Não podemos esquecer o controle neuromuscular e suas relações primorosas com a modulação da contração muscular.
Neste sentido, a prática constante de exercício físico de forma ordenada promove os ajustes nas funções motoras e permite um aprimoramento constante. Vale ressaltar que os equilíbrios funcionais dependem do suprimento ideal de substratos energéticos, os quais contribuem expressivamente na adequação das respostas neurais e motoras em função da exigência, com especial referência a glutamina, a creatina e aos aminoácidos de cadeia ramificada, essenciais para o reparo e equilíbrio funcional. Suplementar é oferecer substratos metabolizáveis para suprir as necessidades funcionais dentro da sua exigência, é manter a homeostasia abrangendo todos os órgãos de forma a auxiliar para que eles se adaptem. Tudo isto me faz lembrar de um amigo, o Mauricio, que se encantou pelo Jiu-jitsu, e por vez, me explicava a arte onde o equilíbrio mental e a atividade neuromuscular permitem a ativação de grupos musculares que posicionam o corpo e imperam sobre a força do oponente. Compreendendo como funciona esse complexo sistema que possibilita nos mantermos equilibrados se torna mais fácil buscar alternativas de exercícios diários, treinamentos específicos e até mesmo suprimentos nutricionais que facilitem a resposta entre esse conjunto de ações e reações e que torna possível desde o mais simples caminhar e uma apresentação digna de Cirque Du Soleil.
Comentários