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Entenda tudo sobre: Esteroides e Anabolizantes

Nem todo anabolizante é esteroide e nem todo esteroide é anabolizante. Ficou confuso? Então entenda mais sobre essas substâncias que muitas vezes são confundidas como suplementos alimentares

Entenda tudo sobre: Esteroides e Anabolizantes O termo esteroide se enquadra a um tipo específico de anabolizante que tem origem baseada no colesterol.
Crédito: BANCO DE IMAGENS

1 - Anabolizante é esteroide?

Não. O especialista em Medicina Esportiva e Fisiologia do Exercício Paulo Zogaib esclarece essa confusão que a maioria das pessoas costuma fazer. “Anabolizante é um termo genérico para qualquer coisa que estimula um aumento de volume no organismo. Sendo assim até mesmo a comida pode ser considerada um anabolizante”, informa. Ou seja, qualquer tipo de alimento, suplemento, ou substância que faça com que qualquer parte do corpo cresça, não se limitando à musculatura, pode ser considerado um anabolizante. Já o termo esteroide se enquadra a um tipo específico de anabolizante que tem origem baseada no colesterol, substância fundamental na formação da testosterona, um hormônio que possui predominância no sexo masculino e estimula a síntese de proteína. “Os esteroides anabolizantes são drogas sintéticas feitas em laboratório”, explica Zogaib. “Eles irão desencadear a estimulação da síntese proteica, criando o aumento muscular”. Porém esse estímulo artificial, sem que haja necessidade no organismo, traz inúmeros efeitos colaterais.O cardiologista Nabil Ghorayeb alerta: “quem se propõe a consumir esteroides anabolizantes irá causar inúmeros danos para a saúde e muitos deles irreversíveis, como problemas cardíacos, hepáticos e hormonais”.

 

2 - Liberado na medicina

Existem alguns casos clínicos em que há a necessidade de o paciente utilizar esteróides anabolizante. “Quando o indivíduo está em estado catabólico ou já ocorreu perda de massa muscular, casos de bulimia, anorexia, recuperação de pacientes com câncer e reposição hormonal para homens. Esses são alguns casos em que pode haver a indicação de esteróide anabolizante para o tratamento”, explica Paulo Zogaib. Ou seja, são casos críticos e extremamente específicos e somente um médico especializado pode indicar esta utilização, em um tratamento extremamente meticuloso. Nabil Ghorayeb explica que apesar de o esteroide anabolizante ser usado na medicina, é preciso saber a dose exata para o paciente. “Doses acima do limite técnico podem trazer consequências sérias”, conta. E, para conseguir o efeito de crescimento muscular que as pessoas que o consomem indevidamente querem, é preciso tomar uma dose muito elevada. Para se ter uma ideia, o organismo produz diariamente em média 5mg de testosterona e uma ampola de esteróide anabolizante injetável chega a ter até 250mg de testosterona em sua composição, isso significa uma dose 50 vezes maior do que precisamos.

 

3 - Explosão colateral

O primeiro órgão a ser atingido pelos efeitos do consumo indevido de hormônios é o coração. Existe uma modificação do colesterol ruim, uma diminuição do colesterol bom e ocorre um aumento da pressão arterial, o esteroide anabolizante age diretamente no coração, hipertrofiando esse órgão. Esses são os efeitos mais fracos que irão acontecer com o organismo. Paulo Zogaib também acrescenta à lista algumas doenças que o esteroide anabolizante poderá causar. “Retenção de água, causando edemas e sobrecarga hepática agredindo o fígado, similar a uma cirrose”. Em termos mais simples, o esteroide anabolizante irá encher os pulmões de líquido e o fígado entrará em colapso. Outro fator de risco é um ataque cardíaco, o usuário pode sobrecarregar o coração e enfartar. A mídia costuma divulgar inúmeros casos de jovens usuários de esteroides anabolizantes que morreram por causa de problemas cardíacos. Não importa se for em comprimidos, injetável, pomadas ou adesivos, o esteroide anabolizante trará consequências fisiológicas e neurológicas para quem consome. Mas se esses efeitos não desestimulam o consumo indevido de esteroides anabolizantes, Nabil Ghorayeb resume o maior risco que os usuários estão correndo em uma palavra: câncer. “A utilização do esteroide anabolizante pode causar câncer no fígado e no testículo, as chances são muito grandes do desenvolvimento dessa doença”, diz. O fisiologista Paulo Zogaib explica o porquê. “Aumentam a chance de câncer de fígado pela sobrecarga e agressão ao órgão. Os esteroides anabolizantes precisam ser metabolizados pelo fígado e, com isso, podem agredir o órgão. Na próstata também há uma agressão. A ação direta dos esteroides anabolizantes e também da testosterona sobre ela estimula o desenvolvimento do câncer”.

 

 

4 - Agressividade também aumenta

Não é só a síntese proteica que é ampliada com o consumo de estereroides anabolizantes, essas drogas agem diretamente no comportamento de quem consome e o primeiro sintoma é uma agressividade aumentada, mas isso tem uma explicação. “A testosterona irá estimular o sistema nervoso central, tornando a pessoa mais agressiva, seja ela homem ou mulher”, diz Nabil Ghorayeb. O especialista em Medicina Esportiva Paulo Zogaib lembra que a testosterona é exatamente o hormônio da virilidade. É ele quem controla as funções sexuais e que está intimamente ligado aos instintos mais primitivos, por isso o comportamento mais agressivo é estimulado também.

 

 

5 - Falha no sistema!

Existe um outro efeito colateral que é resultado do uso prolongado de esteroides anabolizantes: a falha na produção natural dos hormônios. O médico fisiologista Paulo Zogaib explica que como o esteroide anabolizante simula a testosterona, o organismo para de produzi-la naturalmente. Isso pode causar, entre outros problemas, a tão temida impotência sexual. Além da saúde, destruição da estética Muitas pessoas procuram o esteroide anabolizantepor causa da estética, em busca de músculos definidos e ganho de massa muscular acelerado. Porém, esquecem que o consumo dessa substância irá afetar, além da saúde, a própria aparência. “Nos homens, ocorre o aparecimento de acnes e queda de cabelo”, explica o fisiologista. Nas mulheres, o médico lista inúmeros problemas que a chamada masculinização irá trazer para quem consome esteróide anabolizante. “A substância irá causar engrossamento da voz, surgimento de pelos faciais, atrofiação dos seios, entre outros”, explica o fisiologista. Além disso, esse hormônio que é predominantemente masculino, ou seja, existe em pouca quantidade na mulher, irá afetar a produção de hormônios femininos, podendo alterar o ciclo menstrual e, até mesmo, a fertilidade.

 

6 - Além da testosterona

Outro hormônio utilizado na medicina e que também é consumido indevidamente por causa do seu efeito anabolizante é a somatotrofina ou GH, growthhormone, em inglês, ou hormônio do crescimento. Ele é produzido pela hipófise e, quando esta produção é baixa durante a infância, médicos indicam o seu consumo para auxiliar no crescimento. “Este hormônio estimula a produção celular, ou seja, auxilia o crescimento de todo o organismo: órgãos, músculos e ossos”, explica Zogaib. Ele só pode ser utilizado durante a infância e em crianças com deficiência na produção do mesmo. O GH está sendo consumido indevidamente como alternativa para ganho de massa muscular, porém ele traz tantos efeitos colaterais quanto o esteróide anabolizante. Nabil Ghorayeb informa: “Segundo estudos recentes, o consumo de GH entre as mulheres aumenta em 35% a chance de desenvolver câncer de mama. “A lógica é simples, como o GH potencializa o crescimento celular, se o organismo tiver células cancerígenas, elas irão se multiplicar até formar um tumor. Já o fisiologista Paulo Zogaib, explica um efeito colateral muito comum em quem consome esse hormônio. “Ele causa acromegalia, que é o crescimento descontrolado das extremidades, o indivíduo terá aumento dos dedos, da testa, nariz, cotovelo, etc.”, explica. E ele complementa, “também poderá diminuir a metabolização do açúcar, causando até diabetes”. 8 - Não serve para as rugas Segundo Ghorayeb, muitas clínicas de estéticas e dermatologistas estão indicando o GH como tratamento antienvelhecimento. “Usar o GH para esta finalidade é mentira”, esclarece. Esta prática é um risco muito grande, principalmente entre as mulheres, pois a chance de desenvolver um câncer é muito alta. O médico alerta, “é absolutamente proibido usar qualquer hormônio para melhorar qualquer condição que não seja clínica”. Ou seja, a não ser que o médico receite a reposição hormonal por causa de alguma doença ou deficiência, sua utilização será maléfica para o organismo.

 

Fontes consultadas: Nabil Ghorayeb: Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte Paulo Zogaib: Especialista em Medicina Esportiva e Fisiologia do Exercício

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