Maria Beatriz Piraí de Oliveira Médica Ginecologista,Obstetra, Especialista em Sexologia Clínica e Patologia do Trato Genital Inferior (IBCC) CRM 79758-SP.
Hoje vamos falar sobre a dificuldade que as mulheres enfrentam na prática do fisiculturismo. Seja você uma praticante de fim de semana, ou uma atleta assídua, sabemos das dificuldades e dúvidas que rondam a sua mente. O medo das alterações corporais, quando ocorrem, e o preconceito muitas vezes enfrentado na hora de buscar informação sobre o tema. Sim, existe um preconceito contra mulher que pratica fisiculturismo e ele é sentido na rotina de cada adepta, que as vezes deixam de praticar alguns esportes.
Existe um certo medo do que pode ocorrer, ou da bronca que achamos que iremos receber ao consultar um médico sobre o tema. Vamos desmentir alguns mitos, alertar sobre outros, esclarecer sobre sexualidade, gestação, planejamento familiar, dicas de beleza e bem-estar. Assim corra e escreva para nós caso pinte aquela dúvida. A menstruação ocorre por ação de dois hormônios ovarianos: o estrogênio e a progesterona, que por sua vez são produzidos por estímulo da glândula hipófise, situada no cérebro. Essa pequenina glândula produz os hormônios folículo estimulante (FSH), luteinizantes(LH) e prolactina (PRL) que agem diretamente no ovário, estimulando-o a trabalhar. Os hormônios folículo estimulante e os luteinizantes são produzidos a partir do estimulo do hormônio regulador de gonadotrofinas (GnRh). O Equilíbrio deles é que faz a mulher menstruar normalmente, ter suas TPMs, suas emoções etc. A irregularidade menstrual na atleta tem sido objeto de estudos em mulheres que praticam atividade física intensa, como balé clássico, corrida e praticantes de musculação, esses estudos mostram que a maioria dessas atletas fica em amenorréia, ou seja param de menstruar.
O baixo peso corporal, a intensidade do treino e o próprio estresse da atividade competitiva também podem causar a amenorréia. O exercício intenso diminui os hormônios estimuladores dos ovários (FSH e LH). Esse acontecimento eleva o nível de prolactina, testosterona, hormônio do crescimento (GH) e hormônios produzidos nas glândulas supra renais, como o cortisol. Esse desequilíbrio hormonal contínuo leva à ausência da menstruação (amenorreia) ou diminuição importante do fluxo menstrual, também chamada de oligomenorreia. Alguns autores referem que a perda de peso, mesmo compensada como massa corporal estimula esta alteração hormonal, tornando-a crônica. A amenorreia causada pelo esporte (AME) é definida como uma disfunção menstrual que ocorre em atletas e está relacionada a um conjunto de fatores, como excesso de treino, estresse fisiológico e psicológico, composição corporal, que associados à dieta inadequada, resulta na interrupção dos ciclos menstruais normais.
De uma forma geral, os estudos têm reafirmado a necessidade da reeducação nutricional em diferentes grupos atléticos. Contudo, a percepção prática tem alertado para a compreensão de que o satisfatório atendimento das demandas nutricionais de atletas requer a elaboração de um cuidadoso planejamento alimentar, que inclua manipulações dietéticas adaptadas à sua modalidade esportiva e estilo de vida. Nos dias atuais a amenorreia em atletas é motivo de vários estudos e preocupações. O acompanhamento de um nutricionista, especializado em nutrição esportiva, pode ajudar os atletas a manterem uma dieta saudável durante o período de ingestão calórica reduzida, para que a perda de peso seja gradual. As consequências dos distúrbios alimentares ocasionarão no comprometimento do sistema reprodutor baixando a concentração de alguns hormônios causando disfunção menstrual como amenorreia, que está incluída na tríade da mulher atleta. Estima-se a prevalência de amenorreia em 30 a 50% nas bailarinas profissionais, 50% em corredoras competitivas, 25% em corredoras não competitivas e 12% em nadadoras e ciclistas (Ramos e Warren, 1995) Ossos mais vulneráveis A falta de menstruação pode trazer inúmeras conseqüências para a composição corporal feminina. Ela está intimamente relacionada com a perda da densidade mineral óssea, pois tem sua secreção de estrogênio prejudicada, o que causa aumento da taxa de reabsorção óssea.
A curto prazo, estas atletas têm apresentado um alto índice de lesões, em decorrência comprometimento forçado do osso. A longo prazo é provável o desenvolvimento da osteoporose, que é a perda de massa óssea que torna o osso mais vulnerável a fraturas. Cuidado com o que você toma O uso de suplementos deve ser rigorosamente monitorado e trocado durante cada fase do treinamento: pelo seu treinador e de preferência acompanhado do seu médico. Lembrando que o uso de “falsos suplementos” que prometem hipertrofia ou mais pique, podem conter testosterona (hormônio masculino) e ocorrer efeitos como crescimento de pêlos na face, engrossamento da voz, hipertrofia do clitóris e dificuldade para engravidar. Há vários produtos disponíveis no mercado com letrinhas miúdas escondidas, normalmente nos suplementos importados ilegalmente como, a Oxandrolona e Stanozolol.
A Oxandrolona é um composto sintético, derivado da testosterona; promove o anabolismo proteico e estimula o apetite quando houver uma dieta rica em proteínas e calorias. A Oxandrolona é indicada nos processos de falha no crescimento físico (adjuvante), síndrome de Turner (doença genética feminina), hepatite alcoólica aguda moderada ou grave e má nutrição calórica proteica moderada (tratamento). Os efeitos colaterais mais frequentes são acne, virilismo, irritação na bexiga, dores nas mamas e crescimento das mamas nos homens. Ocasionalmente pode acontecer disfunção hepática, diminuição dos fatores da coagulação, excesso de cálcio, leucemia, hipertrofia prostática, diarréia, alterações da líbido. O uso dos anabolizantes esteróides para aumentar o desempenho dos atletas é prejudicial e está proibido mundialmente.
Se uma pessoa estiver fazendo o uso de oxandrolona juntamente com corticóides, cortisona, presente em remédios para asma e pomadas para a pele e medicamentos ou alimentos que contenham sódio (sal) aumentará o risco de inchaço. Se o uso for juntamente com analgésicos e antiinflamatórios haverá aumento do efeito anticoagulante devido à diminuição dos fatores da coagulação levando a sangramentos nas gengivas. Cortes e hematomas sem causa aparente também não serão cicatrizados facilmente. É importante saber que os quadros de amenorreia e oligoamenorreia podem ser revertidos e, caso tenha ocorrido, os efeitos colaterais também. Nada está cientificamente provado para a prevenção da amenorréia. As gorduras boas ajudam em outro aspecto, mas a irregularidade menstrual é obtida através de treinos pesados que alteram todos os hormônios. Não deixe de lado seus exames com o ginecologista e o ortopedista, além é claro dos outros profissionais que lhe dão suporte para uma boa performance.
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