Se eu disser pole dance, a maioria das pessoas já imaginará aquelas boates de strip-tease com mulheres de pouquíssima roupa fazendo poses provocantes em um mastro cromado no meio do palco, mas essa é uma visão errada desse tipo de dança. Atualmente, o pole dance está longe de ser taxado exclusivamente como uma apresentação erótica. Considerada uma modalidade esportiva, este estilo de dança exige muito preparo físico e flexibilidade para que seja possível executar, com precisão, movimentos acrobáticos com a maior leveza e graça possível. Rafaela Montanaro estava destinada a este esporte.
Desde pequena a sua vida foi rodeada por atividades que exigiam suas habilidades em acrobacia. Ela passou da ginástica olímpica para o balé clássico, jazz e balé moderno. Na adolescência, ingressou nas atividades circenses e foi estudar na École Nationale des Arts du Cirque, na França. Graduada em educação física, Rafaela começou a treinar o pole dance aos 24 anos, logo após assistir um vídeo da campeã mundial da modalidade. “Tive vontade de fazer após cair, por acaso, num vídeo da atleta Felix Cane, que na época, eu nem imaginava que era campeã mundial”, conta. Esta garota de estatura baixa, corpo bem definido e jeitinho de ginasta, é referência no pole dance aqui no Brasil e está sendo reconhecida internacionalmente pelos campeonatos que participa.
“Tenho duas vitórias muito importantes. A primeira foi o Campeonato Sul-Americano de 2009, pois conseguimos uma mídia muito grande, em programas de TV, jornais etc, mostrando o pole como esporte, não dança sensual”, pontua. Foi nesta época que ela participou do programa Domingão do Faustão na Rede Globo e os brasileiros puderam ver Rafa pela tv. “A outra vitória foi o prêmio de melhores acrobacias e o terceiro lugar no Miss Pole Dance World em 2010, pois foi quando o mundo passou a me conhecer”, comemora. Ela não faz musculação! Mas como para todo atleta ser profissional em um esporte exige muitos sacrifícios e dedicação. Sua rotina de treino é intensa. São de quatro a cinco horas por dia divididas entre preparação física e técnica. “Tenho muita força, mas pouca resistência”, explica a atleta, por isso ela compensa com muitos exercícios aeróbicos. “Pelo menos cinco vezes por semana pratico de 60 a 90 minutos de aeróbico”. E não termina por aí. “
Também faço aulas de balé para melhorar minha postura nas apresentações”. Esta próxima informação é para as garotas que odeiam fazer musculação, mas sonham com um corpo definido. Apesar de Rafaela possuir um ótimo tônus muscular, por incrível que pareça, ela não treina musculação. “A própria prática no pole é um substituto da musculação. Meninas que não tinham força nenhuma após um ou dois meses notam uma significativa melhora no tônus e força, principalmente nos membros superiores e abdômen”, revela. Que tal encarar o esporte para conquistar de vez uma barriga chapada? Para praticar esse esporte é preciso muita dedicação e força. Imagine sustentar o seu peso no mastro em poses variadas. Segundo a atleta, esta força não tem que estar concentrada nos braços. “Os principais músculos utilizado são reto e transverso do abdômen, oblíquos, e dorsais, conhecido pelos praticantes de pilates com core”.
DE VOLTA A FORMA EM UM MÊS
Este cardápio Rafaela utilizou para voltar ao físico de atleta após a recuperação de uma lesão no ombro.
Café da manhã - 9h 2 fatias de pão integral com azeite 1 xícara de cereal matinal integral 300ml de leite de soja
Lanche - 12h 2 fatias de pão integral com requeijão light e peito de peru
Almoço - 15h 1 colher de (servir) de carboidrato integral 1 filé de carne branca 1 porção de legumes Folhas a vontade
Pré-treino -16h 1 a 2 frutas
Suplementação: 2g de BCAA e 1 dose de indol-3 carbinol Intra-treino
Suplementação: 5g de glutamina com vitamina C e água
Pós-treino 1 scoop de whey protein
Lanche - 18h 1 fruta 1 barra de proteína
Jantar - 21h 1 batata cozida ou sopa de mandioquinha
Ceia - 23h Gelatina diet
Antes de dormir 1 dose de indol-3 carbinol
Melhora na performance
Além dessa rotina de exercícios, hoje a atleta alia o consumo de suplementos e um cardápio balanceado (ver tabela “De volta a forma em um mês”) na sua rotina de treino. Mas nem sempre foi assim. Só em 2010, dois anos após iniciar no esporte, é que Rafaela percebeu que a utilização de suplementos seria uma forma de ajudar no seu condicionamento físico para as provas. “Em março de 2010 resolvi procurar uma nutricionista esportiva, a Janete Neves.
Isso mudou minha vida! Consegui resultados muito melhores, sem sofrer tanto”, explica. “Quando são inseridos suplementos que não estão habitualmente na minha dieta, sinto uma mudança significativa na performance”, conclui. No início ela suplementava com whey protein, glutamina, e um repositor hidroeletrolítico com carboidratos, proteínas, substâncias hidratantes e antioxidantes.
Essa variação dependia do treinamento. Atualmente, antes do treino Rafaela utiliza 2g de BCAA e uma dose de indol-3 carbinol. Durante o treino ela consome 5g de glutamina com vitamina C e água, e após o treino um scoop de whey protein. Antes de dormir ela toma mais uma dose de indol-3 carbinol. “Quando estou mais perto de competições, tomo beta-alanina antes dos treinos no mastro”. A atleta explica que o indol-3 carbinol está em sua suplementação para “baixar estrógeno, que acumula gordura na lateral do abdômen, peito, braços e coxas”. Para explicar melhor como a substância atua no organismo, consultamos uma especialista.
“O indol-3-carbinol é uma substância encontrada naturalmente em alimentos crucíferos como couve-flor, nabo, repolho e couve-de-bruxelas. Ele melhora a relação de hormônios femininos como um todo, pois facilita a formação do que costumamos chamar de bom estrógeno e reduz a formação do mau estrógeno”, diz a médica Liliane Oppermann. “No Brasil ele não pode ser comercializado como suplemento, mas pode ser consumido com a recomendação de especialista em ginecologia ou nutrologia. É muito usado na prevenção do câncer de mama e como auxiliar nos tratamentos de reposição hormonal”.
Nas épocas de campeonatos, a rotina da atleta precisa ser um pouco alterada. “A diferença quando estou próxima a uma competição é que dou maior ênfase na coreografia e resistência, pois são em torno de quatro a cinco dias de apresentações, numa intensidade muito alta”, conta Rafaela. As competições de pole dance possuem diferentes critérios de avaliação. “Normalmente temos em torno de 4 minutos para realizar nossa apresentação, com uma música de nossa escolha”, explica.
São atribuídas notas técnicas, de acordo com a dificuldade dos movimentos; notas de execução, que visam a perfeição nos movimentos e artística, que leva em conta a coreografia, ritmo e interpretação. Este esporte ainda não está muito difundido pelo mundo, porém a intenção dos que o praticam é levá-lo para os jogos olímpicos. Este também é um sonho que Rafaela compartilha. Quem sabe um dia teremos entre nossos atletas uma medalhista olímpica de pole dance?
Perfil
Nome completo: Rafaela Montanaro
Data de nascimento: 6/11/1984
Local de nascimento: São Paulo/SP
Esporte: Pole Dance
Principais conquistas: •
International Pole Championship 2010 e 2012
2012 - Campeã na categoria Fitness, nos dois anos • Copa do mundo de Pole Dance
2011 - Campeã na fase nacional e 2º lugar na fase internacional • Miss Pole Dance World
2010 - Melhores Acrobacias e 3º lugar • Campeonato Brasileiro de Pole Dance Fitness
2009 - Campeã na categoria profissional • Campeonato Sul-Americano de Pole Dance
2009 - Campeã
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