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Entenda tudo sobre: Hemograma

O médico pediu um hemograma ou um exame de sangue? Saiba qual a diferença entre um e outro e entenda como eles funcionam

Entenda tudo sobre: Hemograma Quem pratica atividades físicas com frequência gasta a energia que é transmitida pelas células sanguíneas
Crédito: BANCO DE IMAGENS

1-Todo exame de sangue é um hemograma?

Hemograma é apenas um dos tipos de exame de sangue. De acordo com Carolina Mantelli Borges, médica especialista em Endocrinologia e Metabologia da Clínica de Especialidades Integrada em São Paulo, os pacientes costumam fazer muita confusão com os nomes dos exames. “Cabe ao médico explicar ao seu paciente o que está pedindo e o motivo para solicitar o exame”, explica. Mas, afinal de contas, o que é um hemograma? “O hemograma tem como finalidade contar a quantidade de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas no sangue, bem como analisar as variações de tamanho e forma das células”, destaca a especialista. Além de ser um exame indispensável no acompanhamento de todas as doenças hematológicas, também atua no diagnóstico e controle evolutivo de diversas enfermidades. “O hemograma é utilizado para analisar a evolução de emergências clínicas, cirúrgicas e traumatológicas; doenças infecciosas e crônicas em geral; além de quimioterapia e radioterapia”, lista Carolina.

2- Vamos por partes

Um hemograma é dividido em duas fases ou séries. Quem conta isso é a bióloga e biomédica Carla Camargo. “A primeira fase é chamada de eritrograma, na qual são calculadas as proporções dos elementos por meio de uma máquina, ou seja, a porcentagem de cada elemento no sangue”, especifica. “A segunda fase é chamada de leucograma, onde avalia-se a quantidade exata de cada uma das células por meio de uma amostragem na lâmina. A contagem é manual e pode eventualmente indicar diferenças em relação à fase anterior”. Carla lembra que, caso haja discrepância, o aparelho da primeira fase passa por uma revisão e sua contagem é repetida.

3- Elementos analisados

São tantos os nomes listados em um hemograma que fica difícil entender o exame. Os glóbulos vermelhos, também chamados de hemácias, são as células responsáveis por transportar oxigênio e gás carbônico no sangue. Cada glóbulo vermelho tem uma quantidade de proteína chamada hemoglobina, responsável por segurar o oxigênio e por dar a cor vermelha ao sangue. Os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos, são responsáveis pela defesa do organismo. “Os leucócitos são divididos em neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos, sendo que cada um em falta ou excesso indica diferentes tipos de problemas”, informa Carla. Já as plaquetas são componentes responsáveis pela coagulação do sangue.

4- Níveis ideais

Quando se realiza um hemograma, um indivíduo saudável tem quantidades específicas de cada um dos elementos. Confira os índices ideais na tabela abaixo, enviada pela biomédica Carla Camargo: Hemácias: 4,5 – 6,0 milhões/mm3 Hemoglobinas: 13 – 16 g/dL Hematócritos: 38 – 50 % dos glóbulos vermelhos. Neutrófilos: 45 a 75 % (1.500 a 7.500/mm3) dos leucócitos. Segmentados ou Bastões: 4% a 5 % dos leucócitos. Linfócitos: 15 a 45% - em média, 35% (900 a 4.500/mm3) dos leucócitos. Monócitos: 3% a 10% - em média, 25% (180 a 1.000/mm3) dos leucócitos. Eosinófilos: 1% a 5 % - em média, 1% (45 a 500/mm3) dos leucócitos. Basófilos: 0% a 2 % - em média, 2% (180 a 1.000/mm3) dos leucócitos. Plaquetas: 150.000 – 450.000 uL.

5- O lado vermelho da força

Um hemograma não especifica nenhum tipo de doença, mas serve para nortear o médico na hora de levantar hipóteses para o quadro apresentado pelo paciente”, destaca a bióloga e biomédica Carla Camargo. No que diz respeito às hemácias, as altas quantidades podem indicar hiperplasia. “A hiperplasia indica que a medula óssea não está trabalhando na sua velocidade normal”, confirma. Carolina Borges lembra de outros problemas. “Alterações nas hemácias podem indicar distúrbios como anemia ou policitemia, que é o aumento da viscosidade do sangue”. Ela também especifica que o hemograma pode auxiliar a identificar anemias e alterações neoplásicas, caracterizadas por um crescimento anormal das células.

6- O que os leucócitos indicam

A anormalidade de cada dos leucócitos indica problemas distintos, conforme explica Carla Camargo. “A alergia pode ser diagnosticada baseada na quantidade de eosinófilos no sangue, enquanto que um alto número de células imaturas dos leucócitos pode indicar leucemia”. A endocrinologista Carolina Borges também destaca que o hemograma pode ajudar na identificação de infecções de acordo com a contagem dos leucócitos, mas adverte para os cuidados na hora de analisar um hemograma. “Não podemos avaliar apenas um dado fornecido pelo hemograma separadamente; é importante que o resultado seja levado ao médico para que ele possa realizar suas observações clínicas para chegar a uma conclusão diagnóstica. Ela também sublinha “Em um hemograma não é possível obter dados sobre o nível de colesterol ou hormônios, por exemplo, para isso são necessários outros exames de sangue”.

7- As responsáveis pela coagulação

As plaquetas são responsáveis pela coagulação do sangue e a falta ou excesso delas pode servir como indício de diversos problemas referentes à coagulação. A biomédica explica que portadores de diabetes costumam ter índices mais baixos de plaquetas. “Ao ver que as plaquetas estão baixas, o médico pode levantar a hipótese de diabetes e pedir outros exames que confirmem a suspeita”, exemplifica. “Números baixos de plaquetas podem indicar também problemas de má circulação em geral, como a trombose, por exemplo”. A contagem das plaquetas é muito importante antes da realização de uma cirurgia. “Se as plaquetas estiverem baixas, podem indicar o risco de uma possível hemorragia no paciente, mas se estiverem mais altas indicam maior possibilidade de coágulo”, completa.

8- Como e quando realizar

Para realizar o hemograma, é necessário fazer uma punção venosa. A amostra é analisada, primeiramente, por uma máquina. “Atualmente, além dos contadores automatizados, a avaliação microscópica é feita por um técnico especialista, ou até mesmo um médico”, detalha Carolina. Apesar de servir como um ótimo exame para o famoso “check-up”, ele também é utilizado por médicos para o acompanhamento de diversos quadros clínicos. Mas também adverte que o hemograma é considerado um exame complementar. “Eles complementam a avaliação médica, ou seja, nunca a substitui”. Para indivíduos saudáveis, não há necessidade de fazer hemograma com tanta frequência. “O ideal é fazer o exame anualmente para auxiliar na manutenção de um organismo sempre saudável, como acontece nos exames de rastreamento e check-up”, afirma Carolina.

9- Deixe tudo mais fácil

Sabemos que a coleta de sangue dura poucos minutos, mas existem algumas atitudes que podem deixar tudo ainda mais fácil. A biomédica Carla Camargo lembra que é muito importante evitar alimentos gordurosos no dia anterior ao exame, já que eles podem atrapalhar na contagem das hemácias e leucócitos. “Quando consumimos muita gordura ela fica mais presente na corrente sanguínea e pode endurecer o plasma, fazendo com que a separação das partes branca e vermelha do sangue fique mais difícil. E nesses momentos não ser sedentário também faz toda diferença. “Quem pratica atividades físicas com frequência gasta a energia que é transmitida pelas células sanguíneas, fazendo com que o fluxo do sangue seja estimulado. Com mais estímulo da produção de sangue para abastecer os músculos, a veia se dilata, o que muitas vezes faz com que seja dispensado até o uso do garrote no braço”, detalha Carla.

10 – O exame está pronto, e agora?

Não há ninguém melhor que o médico para interpretar o exame de sangue e entender se há algo a ser tratado. O ideal seria não abrir o exame e deixar que apenas o médico analisá-los, mas você conhece alguém que segure a curiosidade? “O grande problema é quando o hemograma indica alguma pequena alteração nos valores, muitas vezes insignificante, mas que pode assustar um leigo que apenas compara com os valores normais”. “Muita gente acaba se assustando com algum resultado e mostra para outras pessoas, ao mesmo tempo em que faz uma breve pesquisa na internet e se desespera com qualquer possibilidade encontrada”, aponta. “Se o paciente leigo alia o medo à prática da automedicação, isso pode ser ainda pior”. Carla frisa ainda que seria bom se houvesse um controle maior para que o resultado dos exames fossem liberados somente na data marcada com o médico. Portanto, lembre-se: o hemograma é apenas uma das pistas dadas pelo seu corpo e nunca uma prova. Deixe que seu médico seja o Sherlock Holmes nessa investigação.

Fontes consultadas: Camila Camargo, graduada em Biologia e Biomedicina pelo CEUNSP – Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, Responsável Técnica por análises clínicas e bromatológicas. Carolina Mantelli Borges, médica pós graduada em endocrinologia e metabologia, responsável pela área de endocrinologia da Clínica de Especialidades Integrada.

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