SUPLEMENTOS

Exercício e sistema imune com glutamina

Conhecido dos praticantes de atividade física, este aminoácido pode contribuir na prevenção de infecções, atuar na síntese de proteína muscular e ainda ter influencia direta na performance de atletas de alto rendimento

 Exercício e sistema imune com glutamina A glutamina pode ser encontrada em cápsulas ou na forma líquida
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Descubra por que e aprenda a consumir o suplemento da maneira correta Gustavo Barquilha Consultor Técnico Integralmédica Suplementos Alimentares Mestre em Ciências do Movimento Humano Coordenador da Academia Training Gym Professor Convidado de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Preparador Físico de Atletas de Alto Rendimento De uma maneira resumida, podemos afirmar que o exercício físico moderado é capaz de melhorar a resposta imunológica. Isso acontece porque, diferentemente do exercício intenso e prolongado, que pode diminuir o número circulante e a capacidade funcional das células responsáveis pelas defesas do nosso organismo, a atividade física moderada é capaz de promover o aumento da atividade funcional e metabólica dos leucócitos.

Reafirmando esta informação, o professor e Phd em Saúde Pública David Nieman propôs, em seu artigo Exercise, infection, and immunity, o modelo da curva do J invertido, demonstrando a correlação entre a susceptibilidade à infecções no trato respiratório superior e intensidade do exercício. Ou seja, de acordo com essa teoria o exercício moderado parece proteger o indivíduo de infecções enquanto que o exercício intenso e prolongado aumentaria o número de infecções. Para entendermos melhor essa relação, é importante saber que o nosso sistema imune é dividido em duas partes: sistema imune inato e sistema imune adquirido. O inato corresponde à primeira linha de defesa do nosso organismo, estando imediatamente disponível para combater uma grande variedade de patógenos, sem a necessidade de uma prévia exposição aos mesmos. Quando a imunidade inata não é suficiente o sistema imune adquirido é ativado, produzindo anticorpos para um determinado agente infeccioso. Ou seja, enquanto a resposta imune adquirida age mais especificamente contra a re-infecção ao mesmo agente infeccioso, o sistema inato continua em uma resposta constante durante a vida de um indivíduo, sendo independente à exposição ao antígeno. A interação entre os sistemas inato e adquirido torna-se fundamental para termos um sistema imune eficaz, principalmente pelo fato de que, durante toda a nossa vida, teremos contatos com agentes patogênicos como germes, bactérias e vírus. Uma substância que vem sendo bem correlacionada com a resposta imunológica é o aminoácido glutamina.

A glutamina é o aminoácido mais abundante no plasma, formado por carbono (41,09%), oxigênio (32,84%), nitrogênio (19,17%) e hidrogênio (6,9%), e é importante para o crescimento e manutenção das células, além de servir como substrato energético para a proliferação celular. No organismo ela age na síntese protéica, como doadora de nitrogênio nas células, no controle do equilíbrio acidobásico nos rins e como combustível para as células do sistema imunológico. Ela corresponde a mais de 60% do total de aminoácidos livres contido no meio intracelular e não é considerado um aminoácido essencial, pois pode ser sintetizada no tecido muscular a partir de outros aminoácidos, como a valina, isoleucina e ácido glutâmico. Entretanto, em situações de estresse, como cirurgias, jejum ou exercícios intensos e de longa duração, pode-se reduzir em até 50% a concentração plasmática e intracelular de glutamina. Por esse motivo, nas situações citadas acima, a glutamina foi classificada como um aminoácido condicionalmente essencial. As respostas Imunes são elaboradas primariamente pelos leucócitos, que são formados por vários tipos celulares diferentes, como os Neutrófilos e Linfócitos.

Foi demonstrado que linfócitos (responsáveis pela resposta imune adquirida) e neutrófilos (leucócitos mais abundantes no sangue, importante nas fases iniciais das reações inflamatórias) utilizam glutamina em uma razão igual ou até maior que a glicose para fornecimento de energia em situações de stress como o exercício físico intenso ou em quadros patológicos. Nesse sentido, a suplementação com glutamina pode evitar quedas na concentração plasmática e muscular da mesma, melhorando a atividade das células imunitárias. Estudos têm demonstrado haver reduções de até 50% na concentração intracelular e plasmática de glutamina após a realização de provas de maratona, triatlo e também de teste exaustivo em esteira. Esta redução pode estar associada com uma possível supressão na resposta imunológica e com a síndrome de overtraining, caracterizada como um programa intenso e exaustivo de treinamento associado a um período de recuperação insuficiente, podendo a suplementação com glutamina diminuir esta supressão imune, reduzindo assim a possibilidade de adquirir os sintomas indesejáveis do overtraining, como queda no rendimento esportivo, fadiga generalizada, depressão, dores musculares, perda de apetite além de infecções do trato respiratório superior. A glutamina pode ainda exercer efeitos anabólicos e anticatabólicos, interferindo positivamente na síntese e degradação de proteínas no tecido muscular. Parece que a suplementação com glutamina pode aumentar o volume celular, envolvido no processo de hipertrofia muscular.

Além disso, a glutamina pode exercer um efeito “antiproteolítico” em indivíduos envolvidos em um programa de treinamento físico intenso, protegendo a proteína muscular e evitando assim os possíveis efeitos catabólicos decorrente do treinamento intenso. Além disso, estudos recentes têm indicado que a suplementação com glutamina pode influenciar na performance esportiva. Em um estudo com triatletas foi verificado um aumento na performance após a realização de um teste até a exaustão quando esses indivíduos foram suplementados com glutamina.

Efeito parecido foi verificado em jogadores de futebol, que foram suplementados com um mix de glutamina e carboidrato, sendo que estes realizaram um teste de esforço seguido de uma simulação de gestos específicos de futebol de maneira intermitente. Foi encontrado aumento na distância percorrida e no tempo no qual o exercício intermitente foi tolerado. Além disso, a glutamina pode exercer um papel importante para o metabolismo durante o exercício, sendo um precursor para a formação de glicose e glicogênio, além de possibilitar que o atleta retorne mais rapidamente ao treinamento intenso. Como suplementar A glutamina pode ser encontrada em cápsulas ou na forma líquida, e seu consumo diário pode variar entre 3g a 20g, dependendo das especificações do fabricante. Não existe um consenso quanto à ingestão ideal de glutamina, porém estudos têm demonstrado que uma dose entre 5g a 20g de glutamina seja ideal, sendo que quanto mais debilitada estiver a saúde da pessoa, maior a quantidade de glutamina a ser suplementada. Também não existe um consenso na literatura em qual seja o melhor período para se realizar a suplementação com a glutamina. Estudos com diferentes protocolos experimentais têm sido realizados, e o período de suplementação varia de acordo com o protocolo: pré-treino, pós-treino e período noturno, sendo visto benefícios em todos os protocolos.

Não foram encontrados efeitos com relação ao uso da glutamina. Mesmo assim, é indicado pelo Ministério da Saúde que crianças, gestantes, idosos e portadores de qualquer enfermidade que consultem um médico ou nutricionista antes de usá-la. Outro fator relevante sobre a glutamina é que alguns estudos têm demonstrado que a associação do carboidrato com a glutamina parece maximizar o efeito seu efeito.

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