O alerta é de médicos e fonoaudiólogos: a perda auditiva está começando a surgir cada vez mais cedo entre moradores de grandes cidades, em razão do excesso de barulho no dia a dia, seja nas ruas, em casa ou no ambiente de trabalho. A boa notícia é que é possível, para garantir uma boa audição, cultivar hábitos saudáveis desde os primeiros dias da vida de um bebê. A fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, analisa os problemas causados pela poluição sonora e lista alguns conselhos importantes.
1 - Em uma sociedade na qual TV, rádio, aparelhos de som, jogos de videogame e fones ligados aos celulares fazem parte do dia a dia, as ameaças aos ouvidos estão em toda a parte. O nível de ruído em nossa casa tem grande impacto na audição. É bom lembrar que o barulho do secador de cabelos, do liquidificador e do aspirador de pó pode ultrapassar 90 decibéis. Respeitar os limites de decibéis recomendados por especialistas é importante em benefício da própria saúde. A exposição contínua a ruídos superiores a 85 decibéis pode causar perda progressiva da audição.
2 - A poluição sonora piora a cada dia. O trânsito é o grande vilão. Além de incômodo, o barulho afeta a saúde física e psicológica, gerando estresse, ansiedade e aumento da pressão sanguínea. Quando o ruído é intenso e prolongado, pode causar também perda de audição. Enquanto as autoridades ainda falham na fiscalização de ônibus, carros e caminhões, uma das soluções mais baratas e inteligentes é usar protetores de ouvido.
3 - Reunir os amigos e passar uma noite divertida em uma boate ou em um barzinho com música ao vivo ou eletrônica é muito bom. Mas se o som alto nas baladas virar rotina essa prática torna-se perigosa. Além dos frequentadores, os garçons, DJ's, músicos, barmans e outros profissionais que trabalham diariamente expostos à música alta são vítimas de um mal que chega gradativamente: a perda de audição, que é progressiva e irreversível. De acordo com o England’s Royal National Institute of Deaf, três em cada quatro frequentadores assíduos de boates estão sujeitos e desenvolver surdez precoce. Isso pode acontecer aos 35, 40, 50 ou 60 anos; depende da exposição dessa pessoa a tais ruídos, bem como de sua predisposição genética.
4 – Se você quer pilotar embalado pelo ronco de sua moto por muitos e muitos anos vale a pena proteger seus ouvidos. O excesso de barulho do motor pode afetar a saúde auditiva. Estudo do Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação, dos EUA, constatou que uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis (dB). Especialistas alertam que ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna do ouvido e perda progressiva da audição. O problema é mais grave quanto maior for o barulho e o tempo de exposição do piloto ao excesso de ruído. O melhor é usar protetores auriculares.
5 - O trânsito na rua; a freada do ônibus a cada parada no ponto; os gritos de gol que vêm da quadra de esporte; as conversas em voz alta no corredor, sem falar na animação e algazarra dos alunos no pátio e em sala de aula – barulhos tão corriqueiros nas escolas que não se percebe as consequências de tudo isso. O fato é que esses ruídos em excesso podem causar diversos prejuízos à saúde como estresse, falta de concentração e até uma progressiva perda auditiva. Os danos à audição podem ser sentidos somente na idade adulta, mas às vezes se iniciam nos primeiros anos de estudo, em meio ao barulho ‘ensurdecedor’ na sala de aula e em outros ambientes da escola.
6 - Nem sempre um estudante desatento às aulas é desinteressado. Essa criança pode simplesmente ter problemas de audição. Com dificuldade para ouvir, ela não consegue aprender direito, costuma ter conflitos de relacionamento e apresentar distúrbios de comportamento, como falta de concentração ou retraimento em excesso. Está comprovado que alunos com danos auditivos não tratados têm um rendimento escolar inferior.
7 – Assim que um bebê nasce, os pais sabem que é preciso fazer o teste do pezinho. Mas será que eles sabem também da importância do teste da orelhinha? Este é realizado para detectar problemas de audição no bebê. É rápido, indolor, não fura a orelha do neném e deve ser realizado após as primeiras 24 horas de vida da criança, na própria maternidade. Quanto mais cedo forem diagnosticados problemas auditivos e mais rápido for a intervenção, melhor será o prognóstico.
8 - Existem evidências de que a perda de audição seja a deficiência mais comum em crianças infectadas congenitamente pela rubéola. A busca de tratamento deve ocorrer rapidamente. É necessário realizar teste auditivo e outros exames médicos. A partir daí, avalia-se o tipo de tratamento a ser utilizado e que deve estar adaptado às necessidades específicas de cada criança.
9 – Muitas pessoas experimentam algum grau de perda auditiva a partir dos 40 anos por causa do envelhecimento natural do corpo, mas muitos não admitem a surdez. Trazer à tona o problema é a melhor coisa a se fazer. Familiares e amigos podem oferecer apoio importante. O tratamento da surdez, geralmente com aparelhos auditivos, resulta em melhoras significativas na qualidade de vida do indivíduo tratado.
10 – Ao desconfiar de seus pais, filhos ou você mesmo têm alguma dificuldade para ouvir, consulte logo um especialista, que irá avaliar a causa, o tipo e o grau da perda de audição. A partir do resultado de testes como o de audiometria, pode ser indicado o tratamento mais adequado. Muitas vezes, o uso de aparelho auditivo é a melhor indicação. A audição é fundamental em nossos relacionamentos, para mantermos boas conversações e ouvirmos os sons da vida; e atualmente os aparelhos são minúsculos, discretos. Então, por que não pensar no assunto e fazer logo um exame?
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