Trabalho, jornada doméstica, cursos superiores e de pós-graduação, desejo de viajar pelo mundo... Casada ou solteira, a mulher da atualidade está cada vez mais atribulada com diversas tarefas ao mesmo tempo. Por isso, é comum que planejem muitas outras coisas antes de escolher ter um bebê, adiando a gravidez. O que muitas não sabem é que a gestação tardia pode oferecer alguns riscos e exige uma série de cuidados.
Segundo a pesquisa de Estatísticas do Registro Civil 2015, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres brasileiras estão sendo mães mais tarde. Em 2005, 30,9% dos nascimentos se referiam às mães de 20 a 24 anos. Já em 2015, o percentual nessa faixa etária caiu para 25,1%. Segundo o estudo, os dados evidenciam o aumento da representatividade de mães entre 30 e 39 anos (de 22,5%, em 2005, chegando a 30,8%, em 2015) e a redução dos registros de filhos de mães mais jovens – no grupo de mães de 15 a 19 anos, o percentual de nascimentos caiu de 20,3%, em 2005, para 17%, em 2015.
De acordo com Lícia Kércia, ginecologista do Hapvida Saúde, não há problemas em engravidar mais tarde. Porém, diante desta escolha, a atenção com a saúde deve ser redobrada, alerta ela: “muitas mulheres têm deixado para engravidar quando já estão estabilizadas na carreira, aí passam dos 30, outras até dos 40 quando decidem ter o primeiro filho. Se por um lado profissionalmente isso é bom, por outro é importante ter um acompanhamento médico antes e depois de engravidar”.
De acordo com a especialista, os avanços na medicina ajudam as mulheres que optam para engravidar mais tarde. No entanto, o sistema reprodutor feminino também envelhece com o avançar da idade, o que pode dificultar a concretização de uma gravidez tardia e também aumenta os riscos de o bebê desenvolver alguma síndrome – quanto mais jovem é a mulher, menor é esse risco.
“Entre os 20 e 30 anos de idade é a fase da vida em que a mulher é mais fértil e também está mais propícia para ter uma gravidez tranquila e saudável. Não existe um prazo limite para a mulher ter uma gestação, mas os óvulos envelhecem como qualquer outra célula do corpo. Então, quanto maior a idade, menor a qualidade e quantidade de óvulos”, explica Lícia. Por isso, o ideal é que a mulher com mais de 35 anos tenha um acompanhamento próximo antes mesmo de engravidar, para que essa análise seja feita e qualquer risco seja imediatamente identificado.
O risco de aborto, parto prematuro e desenvolvimento de síndromes, como a de Down, e doenças, como hipertensão e diabete, são algumas das principais complicações que podem acontecer na gravidez tardia, caracterizada após os 35 anos. A obstetra indica que as mulheres que desejam engravidar nessa faixa etária passem por um exame para avaliação da reserva ovariana. “Esses exames nos ajudam avaliar a qualidade da reserva de óvulos da mulher e a prever se tem um risco maior de complicações ou não”, pontua.
Entre os principais exames a serem realizados, estão o hormônio folículo-estimulante (FSH), a ultrassonografia e o hormônio antimulleriano, que mostra ao médico o estoque de células germinativas e a qualidade dos óvulos estocados – a recomendação é que a futura mamãe sempre busque um especialista para melhor acompanhamento durante a gestação.
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