Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é uma das doenças mais comuns da atualidade, afetando mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com um trabalho publicado na revista Journal of the American College of Cardiology, a depressão se relaciona a muitas doenças cardiovasculares e pode aumentar o risco de infarto se não for tratada adequadamente.
De acordo com o cardiologista do HCor (Hospital do Coração), Dr. Abrão Cury, é muito comum termos a associação entre depressão e várias doenças cardiovasculares e, somados os dois problemas, englobamos as principais doenças do mundo moderno. Pacientes com doenças cardíacas podem chegar a ter uma taxa de depressão entre 20% a 36%. E por que tal associação ocorre tão frequentemente?
Pessoas com doença coronariana, por exemplo, possuem um agravamento da doença quando estão deprimidas. “Muitos justificam isso ao fato de que praticam menos atividades físicas e se alimentem mal, com pouca aderência ao tratamento cardiológico devido à falta de motivação e energia típicas de quadros depressivos. O entupimento das artérias pode ocorrer devido a um mal funcionamento do sistema nervoso em pessoas deprimidas, pois a doença é capaz de modificar o funcionamento de glândulas e alterar o funcionamento de células responsáveis pela coagulação sanguínea”, esclarece Dr. Abrão Cury.
Essa questão é tão importante que pessoas deprimidas têm um risco de mortalidade quatro vezes maior após seis a 18 meses do evento de infarto agudo do miocárdio. A Associação Americana de Cardiologia recomenda, como uma de suas principais diretrizes na atualidade, o tratamento antidepressivo obrigatório dos pacientes cardíacos deprimidos, a fim de melhorar o prognóstico da doença cardíaca.
Diversos fatores podem explicar esse elo entre depressão e doenças do coração sendo os mais estudados as alterações nas plaquetas, inflamação e o aumento da atividade do sistema nervoso simpático. “Depressão é uma doença multissistêmica, não é uma doença apenas cerebral, sendo que um dos aspectos mais estudados atualmente é seu caráter inflamatório. Substâncias pró-inflamatórias aumentam sua concentração sanguínea durante a depressão e isso, somado ao aumento do tônus simpático, piora o prognóstico das doenças cardiovasculares”, explica Dr. Fernando Fernandes, psiquiatra do HCor.
A depressão e os problemas cardíacos: de acordo com o cardiologista do HCor, cerca de ? dos pacientes que tiveram um infarto têm depressão, o que aumenta o risco de mortalidade nos doentes com doenças cardiovasculares. A doença faz com que as pessoas se mexam menos, ganhem peso, e cuidem menos de si, o que pode levar ao abandono da medicação.
A depressão aumenta também o risco de aparecimento da diabetes por mecanismos diversos, como o aumento de níveis de cortisol, além de levar a um pior controle metabólico no doente que já é diabético. “Desta forma, é importante que tanto o paciente como os seus familiares estejam atentos aos sinais de alarme, como as alterações no apetite, no peso e no sono, a perda de interesse pelas atividades que antes eram prazerosas. A depressão tem tratamento eficaz, quando devidamente reconhecida e medicada”, explica o psiquiatra do HCor, Dr. Fernando Fernandes.
Cuide da mente e evite problemas no coração: manter um estado emocional positivo e combater a depressão são atitudes fundamentais na prevenção de doenças. Diversos estudos científicos já comprovaram que as boas emoções são um excelente reforço contra gripes, resfriados, alergias, obesidade, problemas de pele, hormonais, cardíacos e gástricos. Essa maneira de agir também vale para quem passa por dificuldades emocionais.
“Independentemente do tamanho e do tipo de problema de cada um, é preciso ter domínio sobre os próprios pensamentos e aprender a enxergar a luz no fim do túnel. Esperança é um sentimento a ser cultivado. A depressão deve ser encarada como uma doença, semelhante ao diabetes e às doenças do coração. Ou seja, tem controle e tratamento”, alerta Dr. Fernando Fernandes, psiquiatra do HCor.
Dicas para combater o estresse e fugir da depressão:
Pare de se culpar
Perca o medo de envelhecer
Desabafe de vez em quando
Pratique exercícios
Se atenha à rotina normal
Evite álcool e drogas
Alimente-se e durma bem
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