Em virtude do menor calibre dos vasos periféricos, são os pés que sofrem maior influência dos fenômenos espasmódicos arteriais e venosos que causam dilatação e constrição dos vasos. Por esta razão, acabam sendo os sinalizadores dos problemas na circulação. A sua proximidade da pele torna essas respostas mais aparentes, já que altera o fluxo de sangue local. Maior cuidado deve ser tomado para as pessoas com risco maior, ou seja, as que apresentam, uma ou mais das patologias como hipertensão, tabagismo, Diabetes Mellitus, obesidade e hipercolesterolemia.
Quando os pés estão inchados, a causa pode ser central (decorrente de um problema na bomba cardíaca como insuficiência cardíaca ou hipertensão arterial), decorrente da circulação periférica (pelo sistema venoso como varizes, trombose, tromboflebites ou pelo sistema linfático) ou pelos componentes do sangue (déficit proteico, desnutrição e doenças crônicas) . Para que o sangue permaneça dentro do espaço vascular deve existir um equilíbrio entre a pressão arterial, a pressão venosa e os componentes sólidos do sangue. "Sempre que existir um aumento da pressão arterial, um aumento da pressão venosa (por dilatação, calor, varizes etc.) ou déficit proteico (comum em doenças crônicas, câncer ou desnutrição), existirá uma maior tendência para que a fase líquida do sangue extravase para o espaço extravascular, o que se manifesta como retenção de líquido e inchaço", comenta a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Nem sempre o inchaço nos pés é facilmente notado de imediato. A maneira mais fácil de perceber o edema nos pés é a percepção de perna pesada, cansada, com a marca da meia aparente no final do dia fazendo um degrau na pele, além da sensação de sapatos apertados. "Clinicamente o médico costuma fazer um teste apertando o dedo contra a pele na parte anterior da perna cerca de um palmo acima dos pés e ao segurar por uns segundos, se quando soltar o dedo ficar uma depressão no local da pressão, chamamos de Sinal de Godet positivo, indicando o inchaço nas pernas", informa Dra. Aline.
A presença de um problema de circulação geralmente vem acompanhado de outros sinais como dor, dificuldade para caminhar, dificuldade de cicatrização, sensação de frio e alteração de cor mesmo com aquecimento do membro. "Um dos grandes sinais de doença obstrutiva arterial se chama claudicação intermitente, que se caracteriza por uma dor, geralmente da batata da perna que se inicia após um tempo de caminhada que piora gradativamente até que a pessoa precise parar para cessar a dor", alerta a cirurgiã vascular. Após alguns minutos parado, a dor tem uma melhora significativa. A distância da caminhada realizada até a pausa (por dor) é inversamente proporcional a gravidade da doença. Mas preste atenção à aparência dos pés. "Pacientes com doenças arteriais obstrutivas frequentemente tem pés mais pálidos", alerta Dra. Aline.
"Devemos sempre lembrar que o sistema arterial é uma árvore única e toda interligada que leva sangue oxigenado do coração para o restante do corpo. Faz parte do envelhecimento normal do ser humano o espessamento da parede dos vasos e depósito de placas de colesterol, mas quando esse espessamento acontece de forma mais importante devido a alguns fatores de risco, o suprimento de sangue fica comprometido levando a déficit circulatório", comenta Dra. Aline. A interrupção de sangue para as artérias coronárias poderá levar a um infarto agudo do miocárdio, angina ou insuficiência cardíaca. A interrupção de sangue para as pernas poderá ocasionar a doença arterial obstrutiva crônica, problemas de circulação nas pernas e em alguns casos até amputação. Quando a interrupção de sangue se dá nas artérias cerebrais ou carótidas, o risco é de derrame ou acidente vascular cerebral (AVC).
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