SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Tontura em crianças pode ser alerta de doenças graves

Segundo Dra. Marcia Kii, Otorrinolaringologia do Instituto Ganz Sanchez, o cansaço inexplicável, agitação, dificuldade de concentração, mudança súbita de comportamento e perturbações do sono são sintomas comuns em crianças que apresentam tontura

Tontura em crianças pode ser alerta de doenças graves

A tontura é qualquer sensação de alteração no equilíbrio corporal. São vários os tipos de tontura, sendo a do tipo rotatória e denominada como vertigem a mais comum. Neste tipo, a criança sente o ambiente girar ao seu redor ou tem a sensação de seu corpo estar rodando.

A tontura em crianças ocorre com mais frequência do que se imagina e chega a oscilar em 15%, segundo estudos da Universidades Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em crianças em idade escolar. Porém, para a Dra. Marcia Kii, Otorrinolaringologia do Instituto Ganz Sanchez, essa incidência pode ser maior. “Como ocorre a dificuldade no reconhecimento do sintoma pois as crianças costumeiramente não relatam como tontura e sim como dor de cabeça e dor de barriga. Existe também a dificuldade na identificação pelos pais, pediatras, neurologistas e otorrinolaringologistas, o que sugestiona que esse índice tende a ser superior”, detalha a médica.

Dependendo do motivo, a partir de meses de vida a criança já pode sentir tontura e as causas mais frequentes são a enxaqueca vestibular, insuficiência unilateral vestibular devido à labirintite, vertigem de posicionamento, além das síndromes somatoformes, quando há a presença do sintoma físico, porém, sem alteração clínica evidente, sendo mais comum em adolescentes.

Marcia Kii, doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP, explica que a vertigem pode ser causada por um desprendimento dos cristais contidos dentro do labirinto. “Os cristais que ficam no labirinto, região que proporciona o equilíbrio, saem do lugar  habitual e assim surge a sensação de tontura. Esse distúrbio tem sido encontrado com muita frequência nos dias de hoje devido aos erros alimentares e hábitos de vida inadequados.”

A Enxaqueca Vestibular, que ocorre no sistema nervoso, se trata da associação entre a enxaqueca e as tonturas pode ser a responsável por até 40% das vertigens em crianças de até os dez anos de idade e podem ser enumeradas muitas causas para os distúrbios de equilíbrio: "A lista é extensa para as causas, como o traumatismo craniano, a neurite vestibular. Até mesmo problemas comuns como as rinites, gripes e resfriados que obstruem a tuba auditiva e levam frequentemente ao acúmulo de líquido na orelha média e otites, e também efeitos colaterais de alguns medicamentos podem ser considerados na investigação da criança com este tipo de sintoma”, detalha a médica,

Os pais e os médicos devem ficar atentos para a realização de uma audiometria, exames laboratoriais e de outros, de acordo com o quadro de cada paciente para que se que possa identificar a origem da vertigem, como explica Dr. Márcia Kii: “A vertigem pode ter uma infinidade de causas sistêmicas, como distúrbios vasculares, metabólicos, hepáticos, sanguíneos (anemia), infecciosos (parasitoses intestinais) e inúmeras doenças que causam este sintoma como parte de seu quadro clínico.”

Com frequência, ocorrem as perturbações funcionais do sistema vestibular infantil e as alterações no desenvolvimento motor (representações de partes do corpo e orientação, além da posição dentro do ambiente podem sofrer alterações). “ Como consequência, além do aspecto do desenvolvimento motor, a linguagem falada e escrita pode ser prejudicada, assim como seu comportamento psicológico. Além disso, o rendimento escolar pode cair, pois atinge as funções cognitivas, até levar ao um isolamento social.”, complementa a especialista.

 

Dra. Marcia Kii detalha os principais sintomas apresentados pelas crianças que sofrem com a tontura:

- Mal-estar indefinido; dores de barriga frequentes e sem causa, além de cefaleia (principalmente após os movimentos). Náuseas, vômitos, enjoo em veículos e distúrbios visuais são comuns.

- Medo de altura, inabilidade para realizar movimentos coordenados, dificuldade em permanecer por muito tempo na mesma posição e assim procurar sempre por uma que seja mais confortável para que tenha sensação de equilíbrio.

- Cansaço excessivo (sem explicação), agitação, dificuldade de concentração, mudança súbita de comportamento, perturbações do sono e sensibilidade aos sons ocorrem com frequência e as crianças menores podem ter dificuldade em retirar a fralda.

-  Percepções imprecisas de tamanho, peso, estrutura corporal, de dimensões de objetos, da distância, da posição espacial ou da relação com objetos circundantes, quedas ou tendência às quedas.

- Atraso de desenvolvimento motor, da linguagem escrita ou falada.

- Evita determinados brinquedos (brinquedos altos ou que geram movimentos, como gira-gira e montanha russa), além do isolamento ou dificuldade de se socializar durante o recreio.

Como tratar?

Dra. Márcia detalha que, em média, recebe 2 a 3 pacientes por mês em seu consultório, muitos deles adolescentes, informa que o tratamento está baseado primeiramente na realização de exames, reeducação alimentar e postural, fisioterapia, psicoterapia, em medicamentos, além da reabilitação vestibular.

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