Embora não tenha cura, a anemia falciforme, doença genético-hereditária, não impede seus portadores de levar uma vida normal. Para isso, porém, exige alguns cuidados permanentes, dentre eles transfusões periódicas de sangue.
Marcada por fortes dores (consequência do bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos), inclusive nas articulações, a enfermidade é provocada por uma alteração no formato dos glóbulos vermelhos. Estas células perdem a forma arredondada e elástica, adquirindo o aspecto de uma foice, e endurecem, dificultando a passagem do sangue por vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.
Diagnosticada com a enfermidade desde os dois anos, Priscila Valerio, 30 anos, conseguiu ter uma vida normal apenas ao atingir a idade adulta, pois sua infância foi marcada por crises constantes, devido à falta de ferro em seu organismo.
“Agora eu sei me cuidar, mas antes era muito difícil. Os médicos não sabiam o que eu tinha e minha mãe não sabia como cuidar. Então, ela me dava muita beterraba, muitos alimentos com ferro, mas isso não resolvia”, conta. Ela enfrentou ainda uma rotina de transfusões de sangue frequentes até os seus 17 anos. Atualmente, Priscila faz uso de medicação para controlar a enfermidade, que não tem cura.
Além desses sintomas, as pessoas diagnosticadas com anemia falciforme sofrem com feridas nas pernas, cálculos biliares, problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais, além de atraso no crescimento. Se em suas variações mais agudas a doença exige muitos sacrifícios de quem possui a mutação genética, algumas pessoas portadoras desse gene conseguem levar uma vida normal.
Portador do traço falciforme, o técnico em informática Marcelo Pereira, de 38 anos, leva uma vida normal. Diagnosticado há três anos com essa mutação genética, Pereira teve apenas um episódio em sua vida relacionado com a doença: durante uma viagem à Bolívia seu organismo produziu glóbulos brancos em excesso, para adaptar-se à mudança de altitude, sobrecarregando seu baço.
Junho Vermelho estimula doação de sangue
Parte importante do tratamento aos portadores de anemia falciforme, o volume de doações de sangue diminui consideravelmente durante o mês de junho, derrubando o estoque dos hemocentros.
Iniciada no início deste mês, a campanha Junho Vermelho busca sensibilizar a população sobre a importância da doação regular de sangue como um ato de solidariedade e cidadania principalmente no inverno, quando há baixa de 30% nos hemocentros. Em julho a necessidade é maior, devido as férias escolares e o aumento nos acidentes de trânsito.
Organizada pelo Movimento Eu Dou Sangue desde 2014, a iniciativa iluminará monumentos e fachadas de prédios em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Santa Catarina.
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