Roer unhas e cutículas durante a infância e adolescência é um hábito comum, porém perigoso. A onicofagia, termo médico para este comportamento, afeta uma em cada três crianças e um em cada quatro adolescentes, aproximadamente. Em geral, costuma aparecer depois dos quatro anos e é mais prevalente nos adolescentes e em crianças a partir dos sete anos.
A causa exata permanece um mistério para a medicina. Segundo Dra. Karina Weinmann, neuropediatra e cofundadora da NeuroKinder, o hábito pode surgir na fase pré-escolar com uma forma de lidar com as tensões e frustrações, uma vez que a criança ainda não sabe lidar com limites e regras impostas. “Há diversas razões para roer as unhas, como ansiedade, estresse, para chamar a atenção, assim como pode ser um simples comportamento de imitação de algum membro da família que tem o mesmo hábito”, diz a médica.
Recentemente, a onicofagia foi incluída no DSM-V dentro do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Mas, a médica alerta: nem toda criança ou adolescente que rói as unhas será diagnosticada com TOC. “Porém, os especialistas entenderam que é um comportamento dentro do que chamamos de espectro obsessivo-compulsivo. Neste caso, foram incluídos distúrbios que envolvem comportamentos repetitivos relacionados ao corpo, como a roer unhas, arrancar cabelos e mastigar as bochechas”, explica Dra. Karina.
Calmamente ou estimulante?
Alguns estudos mostraram que roer unhas pode realmente servir para regular as emoções. Quando estressadas, algumas pessoas sentem necessidade de roer as unhas para se controlar ou para se proteger da tensão. Por outro lado, crianças que se se sentem entediadas ou sem ter nada para fazer, podem roer as unhas para estimular o sistema nervoso central.
Há também uma ligação com o perfeccionismo. Os roedores de unhas podem passar horas examinando suas unhas e dedos procurando irregularidades e tentando consertá-las. Eles pensam que com isso podem melhorar a aparência, quando na verdade só pioram.
Consequências vão além da estética
“A questão de roer unhas não é só estética. Este comportamento pode causar infecções, já que a boca é o local mais infectado do corpo humano. Se a mão não estiver limpa, também levará uma série de micro-organismos para dentro. Pode afetar os dentes, machucar as gengivas e causar ainda problemas como a Disfunção Temporomandibular (DTM), micoses e deformar as unhas”, afirma a neuropediatra.
O tratamento deve ser direcionado para descobrir o que leva a criança a roer unhas, como ansiedade, tédio, estresse, imitação ou outro problema. “Não adianta obrigar a criança a parar, colocar pimenta ou qualquer outra substância se a causa do comportamento não for investigada. Se não houver nenhum motivo, o ideal é trabalhar para reforçar a autoestima e autoconfiança por meio da psicoterapia”, finaliza Dra. Karina.
SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL
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