SAÚDE E SUPLEMENTAÇÃO INFANTIL

Mudança de estilo de vida para tratar a obesidade em crianças e adolescentes

De acordo com médicos, modificação passa pela reeducação alimentar, estímulo à atividade física, melhora da qualidade e da quantidade de sono e controle emocional

Mudança de estilo de vida para tratar a obesidade em crianças e adolescentes Mudança de estilo de vida para tratar a obesidade em crianças e adolescentes
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Dados de 2019, baseados no Índice de Massa Corporal (IMC) de crianças que foram atendidas na Atenção Primária à Saúde (APS), do Sistema Único de Saúde (SUS), constataram que 15,9% dos menores de 5 anos e 31,8% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso e, dessas, 7,4% e 15,8%, respectivamente, apresentavam obesidade. No que se refere aos adolescentes acompanhados na APS, em 2020, 31,9% e 12% apresentavam excesso de peso e obesidade, respectivamente. Levando em consideração essas informações, é possível estimar, segundo o Ministério de Saúde, que atualmente cerca de 7,2 milhões de crianças e adolescentes do Brasil estejam obesas.

Extremamente preocupados com esta condição das crianças e adolescentes brasileiros, e a fim de combater a obesidade e as doenças relacionadas ao distúrbio, o casal de médicos Thanguy e Patrícia Friço escreveram o livro “Pais Saudáveis = Filhos Saudáveis - 4 passos fundamentais para tornar-se um exemplo para seus filhos, transformar o seu cotidiano e revolucionar a saúde da família”. Publicado pela editora Gente, a obra fornece subsídios para que os pais consigam modificar o estilo de vida de seus filhos de maneira prática e fácil. Nesse sentido, um dos temas abordados pelo livro é a obesidade e suas causas.

Na obra, os autores explicam que a obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, suas causas não estão relacionadas apenas à alimentação e exercícios. Embora estes aspectos devam receber um cuidado especial para que o distúrbio seja tratado de modo eficiente, evitando assim o surgimento de doenças como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos e distúrbios psicológicos. São fatores causadores da obesidade: aspectos genéticos, sociais, emocionais e nutricionais.

Dr. Thanguy explica que o que sugere a participação do fator hereditário na fisiopatologia da obesidade é a constatação de que filhos de pais obesos têm maior probabilidade de apresentar obesidade. Conforme o médico, esta herança está relacionada à leptina, hormônio produzido pelo tecido gorduroso do corpo, que atua como um sinalizador de saciedade no cérebro. “Em pessoas obesas, a leptina é produzida em grande quantidade, o que leva à diminuição da sensibilidade a essa substância no cérebro delas, fazendo com que mesmo saciadas continuem comendo”, conta.

Em seu aspecto social, a obesidade está relacionada ao estilo de vida, aos hábitos alimentares, às formas de lazer, à prática de atividades físicas e às relações familiares e sociais. Nesse sentido, de acordo com Dra. Patrícia, para que se pense em uma abordagem terapêutica de crianças e adolescente obesos, é preciso levar todos esses aspectos em consideração.

Comer é mais do que simplesmente “matar a fome”. Dr. Thanguy explica que a comida tem várias significações para o ser humano, além daquela relacionada à satisfação de uma necessidade biológica. “Dessa forma, podemos compreender que muitas vezes é fundamental a abordagem terapêutica das questões emocionais por profissionais da área de saúde mental quando queremos tratar uma criança ou um adolescente obeso”, diz.

Como não poderia deixar de ser, a obesidade também está relacionada a aspectos nutricionais. O que se come e como se come envolve, por sua vez, fatores culturais. Conforme Dra. Patrícia, no caso dos brasileiros, as origens portuguesas e africanas fizeram com que tradicionalmente nos alimentássemos de pratos ricos em gorduras saturadas, carboidratos simples e carnes vermelhas salgadas. Além disso, por diversos fatores, a sociedade brasileira se acostumou a ingerir alimentos rápidos e baratos, ricos em gorduras e açúcares. “A criança e o adolescente perpetuam o que lhes é ensinado e oferecido. Desse modo, sua alimentação acaba sendo de baixa qualidade e quantidade nutricional”, diz.

Levando em conta todos esses aspectos, os autores do livro concluem que a mudança de estilo de vida é o principal meio para reduzir e controlar o peso e assim tratar a obesidade entre crianças e adolescentes. “Dessa forma, além da reeducação alimentar e do estímulo à atividade física, certos hábitos devem ser modificados, tais como melhorar a qualidade e a quantidade de sono e também manejar o controle emocional”, diz Dr. Thanguy.

Dra. Patrícia destaca que as famílias obesas precisam ter em mente que as pessoas não conseguem modificar seus genes, mas podem melhorar seus hábitos. “Tais mudanças no estilo de vida trazem benefícios para todos os membros da família, inclusive para as próximas gerações, que crescerão em um ambiente saudável e sem os riscos associados à obesidade”, conclui.  

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