A Covid-19 já contaminou mais de 520 milhões de pessoas no mundo, sendo 31 milhões só no Brasil1. Após dois anos de pandemia, os médicos começam a entender melhor o processo inflamatório causado pela doença, que afeta principalmente os pulmões, mas tem repercussão em diversos outros órgãos do corpo humano.
Estudos demonstram que 61% dos pacientes com COVID-19 apresentaram anemia no momento da internação e que o problema persistiu em 9% dos pacientes após a recuperação ou alta hospitalar2,3. Em 30% dos casos, houve continuidade da deficiência de ferro3. Na base do processo inflamatório associado à doença está o aumento substancial da Interleucina-6 (IL-6), um potente estimulador da síntese da hepcidina, hormônio produzido no fígado que tem papel importante no metabolismo e na regulação do ferro no organismo4,5. O problema é que, em grande quantidade, ela inibe a absorção do mineral.
“A perpetuação do processo inflamatório em pacientes com Covid por semanas e meses leva ao estado de hipoferremia, provocando a chamada deficiência funcional do ferro (DFF), um dos mecanismos predominantes do processo anêmico”, destaca o hematologista Flávio Augusto Naoum.
O médico explica que o fenômeno exige a suplementação alimentar diária por no mínimo três meses, mas que os compostos ferrosos ou férricos convencionais não são a melhor opção para esses casos. “Em condições normais, a absorção intestinal dos compostos de ferro convencional varia de 8 a 15%. No entanto, o processo inflamatório da Covid-19 causa elevação da hepcidina, reduzindo consideravelmente a fração de ferro absorvido para cerca de 1 a 5%. Isso prejudica a eficácia do tratamento com compostos convencionais do mineral, tornando-os menos adequados para esse tipo de paciente”, detalha.
Flávio Naoum explica, ainda, que o tratamento com o ferro endovenoso, que poderia ser uma opção, “deve ser evitado porque quando há infecção ativa bacteriana ou viral, as altas concentrações do mineral podem estimular a patogenicidade desses microrganismos.”
Referências:
1. https://covid.saude.gov.br/
2. Bergamaschi G, de Andreis FB, Aronico N, et al. Anemia in patients with Covid-19: pathogenesis and clinical signifcance. Clin Exp Med. 2021;21:239-46.
3. Sonnweber T, Boehm A, Sahanic S, et al. Persisting alterations of iron homeostasis in COVID-19 are associated with non-resolving lung pathologies and poor patients’ performance: a prospective observational cohort study. Respir Res. 2020;21:276.
4. Bonaventura A, Vecchié A, Daga L, et al. Endothelial dysfunction and immunothrombosis as key pathogenic mechanisms in COVID-19. Nat Rev Immunnol. 2021; 21:319–29.
5. Ganz T. Anemia of inflammation. N Engl J Med. 2019; 381:1148-57.
6. Folhetos Fisiogen Ferro/Ferro Forte/Kids
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