PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo: Alterações do tecido glandular mamário e ginecomastia

Fisiologia e Endocrinologia do Esporte: Você sabe o que é ginecomastia?

Artigo: Fisiologia e Endocrinologia do Esporte Fisiologia e Endocrinologia do Esporte
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Podemos dizer que a palavra Ginecomastia tem origem no radical grego ‘gine’, que significa mulher, e ‘mastos’, que significa mama. Trata-se, portanto, do aumento da mama masculina, que pode assumir um aspecto feminino ou, pelo menos, inestético.

No entanto, é importante diferenciarmos os tipos de quadros de ginecomastia existentes, pois as mesmas variam de acordo com a sua etiologia e histologia.

 

Desse modo, podemos classificar em 2 tipos:

 

a) Ginecomastia aglandular ou Lipomastia

Nesse tipo de alteração, observamos a ocorrência de mamas masculinas com aspecto feminino, devido ao depósito de gordura na região subcutânea, sendo geralmente relacionada ao sobrepeso ou à obesidade.

 

b) Ginecomastia glandular:

Já nesse tipo de alteração, observamos a ocorrência de parênquima mamário em homens. Ocorre principalmente em adolescentes, adultos jovens em uso de medicamentos hormonais e hormônios anabolizantes ou idosos com patologias clínicas crônicas.

 

Os seres humanos produzem hormônios esteroides de origem androgênica e estrogênica, sendo que os androgênicos desenvolvem as características masculinas e os estrogênicos desenvolvem as características femininas. 

Quase sempre a ginecomastia deve-se a um desequilíbrio nos níveis desses hormônios ou a forma em que o corpo utiliza e responde a esses hormônios (conversão enzimática). Podemos dizer também que as condições exógenas que facilitam essa ocorrência incluem: o envelhecimento, o uso de medicamentos quimioterápicos, doença hepática crônica, uso de hormônios esteroides anabolizantes ou de medicamentos à base de estrogênios, insuficiência renal, deficiência de testosterona, uso de maconha (Tetrahidrocanabinol e análogos), tratamento hormonal para câncer de próstata com irradiação dos testículos, efeitos colaterais de medicações, dentre outros.

Ainda assim, podemos citar alguns tumores malignos de testículo que podem originar quadros de ginecomastia, bem como outras neoplasias como de pulmão, estômago, glândulas suprarrenais e renal, pois os mesmos secretam estrógenos por mecanismo indireto e podem aumentar a proliferação das glândulas mamárias. 

Outro fator também que sempre levamos em consideração é a alteração de tecido mamário glandular, por quadros de hipertireoidismo ou de insuficiência hepática (embora raro em homens, porém ainda existente), o câncer de mama.

Nesse caso, podemos observar que a ocorrência prevalente de casos de ginecomastia, pode ocorrer no período pré-natal, puberal e senil, em que observamos quadros de ginecomastia transitoriamente na puberdade em até 40% das pessoas, mas a maioria regride espontaneamente. 

Outro pico de incidência, comumente observado, de ginecomastia também ocorre na terceira idade, quando alterações hormonais levam à diminuição das taxas de testosterona e aumento do estradiol. 

Outros fatores, tais como doenças e síndromes genéticas, também podem estar relacionados à ginecomastia, devendo ser investigadas inicialmente pelo profissional em consulta.

Já na área da medicina do esporte e exercício, observamos a frequente ocorrência de quadros de ginecomastia em pacientes masculinos, devido ao uso inadequado de hormônios esteroides anabolizantes, que em virtude de sua forte ação androgênica e consequente conversão em dihidrotestosterona (DHT), levam a maiores expressões da enzima aromatase, transformando a testosterona sérica circundante em estrogênios, (estrona E1, estradiol E2 e estriol E3), no tecido mamário, culminando no quadro clínico de hipertrofia (aumento) do tecido mamário (ginecomastia). 

Nesse caso, devemos tratar clinicamente os pacientes através de técnicas que visam inibir a conversão enzimática e o consequente aumento estrogênico, através de drogas bloqueadoras diretas da enzima aromatase ou através de antagonistas seletivos dos receptores estrogênicos (SERMS).

Podemos dizer que o diagnóstico diferencial entre a ginecomastia glandular e aglandular e entre quadros de ginecomastia e neoplasias (tumores), habitualmente é clínico, porém, em caso de dúvidas, poderá o profissional solicitar exames complementares mamográficos, para confirmação do caso.

Uma ginecomastia acentuada e persistente deverá ser tratada cirurgicamente e, para decidir qual deles é o melhor em cada caso, muitos cirurgiões utilizam a classificação de Simon, Hoffman e Kahan:

 

–Grau 1: Pequeno aumento mamário sem redundância de pele;

–Grau 2: Moderado aumento mamário, sem pele redundante;

–Grau 3: Moderado aumento mamário, com pele redundante;

–Grau 4: Acentuado aumento mamário, com acentuada redundância de pele.

 

Nesse caso a conduta a ser tomada (abordagem clínica ou cirúrgica), deverá ser planejada de acordo com cada caso individualmente apresentado, onde o profissional  especializado saberá abordar da melhor maneira em prol sempre da saúde e qualidade de vida de seus pacientes.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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