Artigo - Medicina do Esporte X Medicina Antienvelhecimento

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgia da Face

Fisiologia Humana Geral e do Esporte

Doutor em Ciências Médicas (h.c)

Pesquisador em Medicina Metabólica Humana com foco no esporte e exercício

Instagram: @doutoredsonrosa

Facebook: Dr. Edson Rosa

Abro o artigo de hoje, com mais um tema científico relacionado ao mundo da fisiologia humana e medicina antienvelhecimento aplicada ao esporte. Você já ouviu falar de uma proteína produzida endogenamente pelo organismo humano, chamada G3BP1?

Inicialmente, de forma resumida, podemos dizer que essa proteína, quando ativada continuamente, é responsável por uma série de reações bioquímicas que promovem cronicamente o envelhecimento humano.

Mas o que a Medicina do Esporte e a prática dos exercícios físicos podem fazer para brecar o relógio biológico e induzir a um menor envelhecimento dos seres humanos? 

Para esclarecer melhor a pergunta acima, deixo outra pergunta no ar:

Já reparou que os atletas profissionais de endurance (maratonistas), na maior parte das vezes, costumam apresentar uma aparência envelhecida, mesmo com pouca idade?

Sabemos muito bem, que os exercícios físicos são considerados um fator de estresse para o corpo, pois estimulam durante a bioquímica do metabolismo energético, a formação de espécies reativas de oxigênio (EROs), devido ao aumento repentino do consumo de oxigênio (VO2) intracelular.

Sendo assim, podemos dizer que a prática de exercícios contínuos (aeróbios) mantém o organismo humano sob uma maior carga de estresse metabólico, induzindo o mesmo a um alto consumo de oxigênio e, consequentemente, favorecendo, de forma significativa, a uma maior formação de radicais livres. 

Em contrapartida, os exercícios anaeróbicos (treinamento resistido de musculação) geram uma ação metabolicamente contrária, sobre a qual explicarei neste artigo.

Proteína G3BP1 e sua influência fisiológica na prática dos exercícios físicos aeróbicos e anaeróbicos 

A G3BP1 passou a ser conhecida quando um estudo científico (na Molecular and Cellular Biology, publicado em 2013) revelou que o alto consumo de oxigênio presente nos exercícios aeróbios, poderá estimular bioquimicamente a formação de uma grande quantidade de radicais livres, que culminam na inibição da formação de grânulos de proteínas e RNAs.

Esses grânulos de proteína têm um papel muito importante no quesito longevidade e envelhecimento humano, pois são moléculas que participam ativamente da inibição de uma proteína específica chamada G3BP1, protagonista principal deste artigo.

Assim sendo, o aumento de G3BP1 contribui com a inibição dos antioxidantes endógenos e poderá contribuir com a morte celular (apoptose celular), proliferação de inúmeras patologias, tais como doenças neurodegenerativas, cânceres, podendo culminar com a antecipação do envelhecimento humano.

Nesse mesmo estudo, de forma antagonista aos exercícios aeróbicos, foi observado que a isquemia promovida por exercícios de força (treinamento resistido de musculação), revela um mecanismo fisiológico inverso, ou seja, aumenta a formação de grânulos de proteínas e RNA, inibindo a G3BP1. 

Deste modo, o treinamento resistido acaba contribuindo para aumentar a ação dos antioxidantes endógenos do metabolismo humano, reduzindo a apoptose celular (morte celular), ação contrária ao que foi observado nos exercícios aeróbicos.

Esse estudo fez uma grande e motivadora revelação a todos os praticantes e adeptos do treinamento resistido de musculação, porém, sabemos da importância e também dos benefícios que os exercícios aeróbicos proporcionam ao metabolismo humano, principalmente na biogênese mitocondrial, que hoje em dia cada vez mais se torna alvo de estudos.

No entanto, para reflexão, se voltarmos ao ponto de vista da longevidade e antienvelhecimento, vem à tona uma importante frase do ilustre pesquisador Aubrey De Grey que diz:

 “Para interrompermos o envelhecimento seria necessário parar de respirar”.

Seria um exagero esta citação?

Pode ser um exagero, no entanto, fisiologicamente, sabemos que esta frase faz muito sentido. Mas novos estudos científicos estão sendo elaborados para obtermos sempre uma melhor compreensão deste e dos demais fatos ligados à Fisiologia Humana e Medicina aplicada aos Esportes e Metabolismo. Assim sendo, vale a pena aguardar as cenas dos próximos capítulos.