PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Por que e como ocorre a retenção de líquidos corporais?

Medicina Endócrina: Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA). O sistema de controle hormonal hídrico eletrolítico 

Artigo - Por que e como ocorre a retenção de líquidos corporais? Por que e como ocorre a retenção de líquidos corporais?
Crédito: BANCO DE IMAGENS

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgia da Face

Fisiologia Humana Geral e do Esporte

Doutor em Ciências Médicas (h.c)

Pesquisador em Medicina Metabólica Humana com foco no esporte e exercício

Instagram: @doutoredsonrosa

Facebook: Dr. Edson Rosa

 

Abro o post de hoje, falando um pouco sobre a bioquímica hormonal do complexo renina-angiotensina-aldosterona e sua forte relação no controle osmótico, na pressão arterial sistêmica e no controle hídrico do organismo humano.

Sabemos, de acordo com a fisiologia humana, que por questões hormonais, o sexo feminino sofre maior tendência a retenção hídrica, o que pode acarretar numa maior permanência de fluidos no espaço extracelular (interstiscial), acarretando os famosos inchaços corporais, tão temidos pelas mulheres.

Nesse caso, podemos dizer que esse processo tem forte relação com a cascata de secreção hormonal renina-angiotensina-aldosterona, cujo marco zero inicia-se no órgão renal, que tem como principal função:

 

A) Excreção dos resíduos metabólicos, tais como ureia, creatinina e ácido úrico;

 

B) Regulação das concentrações de algumas substâncias em nosso organismo, tais como sódio, potássio, cloro, além, é claro, do controle da quantidade de água. Porém, para que essa regulação seja eficiente, faz-se necessária a ação de alguns hormônios, dos quais, vamos dar prioridade à renina, à angiotensina e à aldosterona, envolvidos na regulação da reabsorção de sódio.

 

 

Bioquímica Hormonal e Controle de Líquidos e Fluídos:

 

Resumidamente, em termos bioquímicos, podemos dizer que o fígado produz uma substância chamada de Angiotensinogênio, que está presente no sangue, sendo convertido pela renina (secretada pelos rins quando o sangue está em baixa concentração de sódio ou baixa pressão arterial) em Angiotensina I. A Angiotensina I, que não apresenta ação vascular, é então convertida em Angiotensina II, reação esta catalisada pela Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), liberada pelo endotélio capilar dos pulmões.

 

Sendo assim, a Angiotensina II se liga e ativa receptores específicos (AT1e AT2), promovendo a vasoconstrição e estimulando a liberação de Aldosterona pelo córtex da glândula Adrenal.

O hormônio Aldosterona promove a secreção de K+ e, consequentemente, a reabsorção de Na+, sendo que a vasoconstrição e a reabsorção de sódio irão resultar no aumento da pressão arterial, podendo levar ao acúmulo de líquidos extracelulares ou retenção hídrica corporal.

O interessante da fisiologia humana são as surpresas que ela nos revela, pois um dos mecanismos fisiológicos de controle da pressão arterial é realizado pelo coração, através da liberação do Peptídeo Natriurético Atrial (PNA) - além desse, existem outros peptídeos que atuam em conjunto com o PNA, tendo como ações: vasodilatação, redução da liberação de Aldosterona e inibição do Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SRAA).

A aldosterona circula no plasma ligado a uma globulina de ligação à aldosterona, à transcortina e a aldosterona circula no plasma ligado a uma globulina de ligação à aldosterona, à transcortina e à albumina.

 

 

Por que as mulheres são mais vulneráveis à retenção intersticial de líquidos? 

 

Podemos afirmar que a mulher, por alguns motivos de sua própria fisiologia hormonal, poderá variar em diferentes graus de retenção hídrica, de acordo com a individualidade de cada paciente.

Algumas pesquisas revelam que ao final da fase hormonal lútea, no período da síndrome pré-menstrual ou TPM, a elevação do estresse promove a excreção de magnésio, o que, em termos, acarreta um maior estímulo do sistema Renina- Angiotensina-Aldosterona (SRAA), aumentando os níveis séricos de Aldosterona, podendo levar à retenção de sódio e fluídos. A deficiência de magnésio também reduz os níveis de dopamina no cérebro, o que pode causar ou agravar os sintomas da TPM.

Outro evento bioquímico que ocorre nessa mesma fase lútea, se dá a elevação da concentração do hormônio progesterona, que por sinal aumenta a expressão de Aldosterona, por conversão enzimática, acarretando a retenção de sódio e água no organismo.

Bom, esse foi somente um dos mecanismos de ação de um complexo e, ao mesmo tempo, fascinante funcionamento do metabolismo hormonal humano.

Sabemos que existem grandes diferenças entre o sistema hormonal masculino comparado com o feminino, que além de mais complexo sistemicamente, tem como característica principal os pulsos de liberação que, em síntese, são classificados como fases.

Em breve, continuação dos posts sobre Fisiologia Endócrina Feminina.

 

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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