A gestação produz profundas alterações no organismo materno com o objetivo fundamental de adequá-lo às necessidades orgânicas próprias do complexo materno-fetal e do parto. Inicialmente estas alterações se devem às ações hormonais provenientes do corpo lúteo e da placenta e a partir do segundo trimestre, também ao crescimento uterino. As principais modificações da fisiologia materna ocorrem no sistema cardiocirculatório, respiratório e gastrintestinal, além das metabólicas e hematológicas.
No tema de hoje, mergulhamos fundo na Neurofisiologia Endócrina Feminina, abordando um pouco dos aspectos que envolvem o ciclo de Gestação da mulher, mais especificamente os mecanismos de ação que resultam nos sintomas de Êmese e Hiperêmese (Enjôos e vômitos) que são muito freqüentes na mulher grávida.
ÊMESE E HIPERÊMESE GRAVÍDICA/DEFINIÇÃO
Sabemos que a êmese e a hiperêmese gravídica caracterizam-se por sintomas de náuseas e vômitos durante, principalmente, o primeiro trimestre gestacional e que desaparecem após a 14ª semana de gestação.
A êmese (conhecida popularmente como enjôos ou nauseas) é um quadro leve e temporário, que não costuma trazer complicações importantes para as gestantes, sendo facilmente contornada com uma dieta adequada e o uso de determinados medicamentos.
Já a hiperêmese gravídica se caracteriza por náuseas e vômitos constantes, associados a alguns outros sintomas, como: fraqueza, tontura, desidratação e perda de 5% do peso (perda ponderal) e cetose, sendo que se não abordada corretamente, pode prejudicar a saúde da gestante e do período gestacional como um todo. Assim sendo, como podemos observar, a diferença entre ambas é a intensidade e não necessariamente a duração do quadro, já que nem sempre uma mulher que tem náuseas durante toda a gestação, apresenta o diagnóstico de hiperêmese.
Podemos dizer que a hiperêmese gravídica já foi no passado, uma das principais causas da mortalidade durante a gestação na epoca, quando não haviam abordagens específicas e nem bons medicamentos capazes de tratar os sintomas de forma eficiente, sendo que hoje é muito dificil que esse diagnóstico prejudique a gestação a esse ponto.
Do ponto de vista epidemiológico, devemos ressaltar que náuseas e vômitos na gestação são condições consideradas comuns, que afetam de 70% a 85% das gestantes, sendo a hiperêmese gravídica cada vez mais rara acometendo de 0,5 a 2% das gestações, ao mesmo tempo que também é a segunda causa mais frequente de internação hospitalar, ficando atrás somente do parto pré-termo, evoluindo para um bom prognóstico materno e fetal.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS DE AÇÃO/COMO OCORREM OS ENJÕOS NA GESTAÇÃO
Podemos ressaltar que os mecanismos bioquímicos que resultam nos sintomas clínicos de náuseas e vômitos na gestante, de certa forma ainda são incertos, no entanto estão frequentemente relacionados com o pico do hormônio β-hCG (pois a maioria dos estudos científicos, propõe que esse hormônio promoveria a estimulação da secreção das glândulas do sistema digestório superior ou ainda a estimulação da função tireoidiana, por possuir estrutura molecular semelhante à do hormônio estimulante da tireóide, TSH) e níveis elevados de estrogênio, hormônios placentários. Assim sendo, esse mesmo pico de secreção de HCG (Hormônio Coriônico Gonadotrófico) iniciado pela gestação, seria responsável pelo estímulo neurológico á área da Postrema que é uma estrutura medular no cérebro localizada na base da cavidade chamada de quarto ventrículo, sendo banhada pelo líquido cefalorraquidiano, que por sua vez transporta substâncias que provêm do sangue; portanto, também é chamado de órgão circunventricular.
Podemos dizer que juntamente com vários outros nervos cranianos, partes do trato gastrointestinal, tórax e abdômen, a área postrema induz vômitos quando uma pessoa é exposta a estímulos eméticos, como alguns hormônios, toxinas, drogas e também quando resíduos metabólicos estão presentes no sangue.
A área neurológica postrema é chamada zona de gatilho quimiorreceptor do vômito, pois é sensível a substâncias transmitidas pelo sangue que servem como estímulos eméticos, nesse caso supostamente seria estimulada pelo excesso na produção de B-HCG.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos dizer que no período de gravidez, várias são as mudanças que envolvem o metabolismo da gestante, dentre elas no sistema endócrino, ocorrem mudanças significativas com destaque na produção de hormônios que tem papel fundamental para a mulher e o feto, tais como: o estrogênio, a progesterona, a relaxina, beta HCG, dentre outros, pois a gestação se faz para a mulher, um período de grandes transformações em sua vida, o que engloba as mudanças em caráter bioquímico, físico ou na esfera psicossocial.
A secreção em pico do hormônio β-hCG está relacionado a um aumento na estimulação da secreção das glândulas do sistema digestório superior ou ainda a estimulação da função tireoidiana, por possuir estrutura molecular semelhante à do hormônio estimulante da tireoide, TSH) e níveis elevados de estrogênio, hormônios placentários.
Os sintomas de êmese (náuseas), ocorre principalmente por estímulos na área cerebral chamada de postrema, que é uma zona de gatilho quimiorreceptor do vômito, pois é sensível a substâncias transmitidas pelo sangue que servem como estímulos eméticos, nesse caso supostamente seria estimulada pelo excesso na produção de B-HCG.
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