PALAVRA DO ESPECIALISTA

Artigo - Fisiologia endócrina feminina: porque ocorrem as celulites no organismo feminino e como se formam

Creio que só de ver a palavra celulite nesse artigo, a grande maioria das mulheres já ficam apavoradas, afinal a celulite representa a segunda maior preocupação na classe feminina, perdendo somente para a gordura localizada.

Fisiologia endócrina feminina: porque ocorrem as celulites no organismo feminino e como se formam Crédito: Banco de imagens

Sabemos que a celulite acomete grande número de mulheres de diversas faixas etárias e a mesma está relacionada a diversos fatores, desde genéticos, metabólicos, hormonais, alimentares, medicamentosos, etc. Outro fator que também está diretamente ligado ao metabolismo das celulites, é o surgimento de estrias e que são bastante comuns também nas mulheres.

Mas afinal o que são celulites e estrias?

As celulites são manifestações na pele, que se apresentam como ondulações, causando a aparência semelhante a furos que podem se localizar na região dos glúteos, coxas, abdômen, braços, região das mamas e até mesmo lombar. 

Fisiologicamente falando, as celulites são geradas no organismo por um processo inflamatório originado do tecido gorduroso, que causa um deslocamento de células sanguíneas, tornando o sangue mais viscoso e a circulação deficiente, passando a comprimir células nervosas e o tecido subcutâneo. Com isso, o organismo passa a produzir colágeno na tentativa de conter essa inflamação, já que o tecido cutâneo está sendo atingindo, porém o mesmo passa a ser secretado em excesso, o que somado a viscosidade e a falta de circulação sanguínea adequada, acaba gerando nodulações que conseqüentemente, se manifestarão clinicamente como ondulações ou buracos na pele. 

Já as estrias, se manifestam clinicamente como riscos brancos ou avermelhados na pele, semelhantes a cicatrizes. Abordando a questão fisiológica das estrias no organismo, podemos dizer que ocorre uma ruptura das camadas de colágeno subcutâneas, causadas na maioria das vezes por crescimento corporal repentino, gravidez ou quando o individuo engorda ou emagrece rapidamente diversas vezes, o que chamamos de efeito sanfona. Com essa mudança corporal repentina, a derme não consegue se moldar de forma imediata as mudanças rápidas, sofrendo estiramento e ruptura de suas fibras, se mostrando no corpo como cicatrizes em forma de riscos.

Podemos dizer que tanto as celulites como as estrias são consideradas dermatoses e também pode acometer homens, porém é bem mais comum e disseminada no sexo feminino. Essas dermatoses tem um fator genético como principal agente desencadeante, porém como qualquer tendência genética para seu desenvolvimento, é preciso somar outros agentes. Esses outros agentes desencadeantes estão relacionados ao meio ambiente de cada individuo, como uso do tabaco, alimentação desequilibrada, sedentarismo, uso de medicamentos hormonais (principalmente anticoncepcionais), estresse, gravidez, menopausa, etc. 

Mediante a esses fatores, podemos dizer que a técnica alimentar adequada, visando à prevenção e combate às celulites pode ser indicada, uma vez que a celulite provém de um processo inflamatório dos estoques de gorduras corporais. Nesse caso, a dieta alimentar não só previne a mulher do surgimento da celulite, como também previne o aparecimento de estrias corporais, já que elas se originam da ruptura das fibras de colágeno provenientes do ganho de peso repentino e emagrecimento rápido freqüente (efeito sanfona). Importante ressaltar que a aparência da celulite pode piorar se ela não for tratada logo no início, tornando mais difícil combatê-la. A evolução da celulite passa por quatro estágios:

Grau 1: Leve – A celulite é interna, não é vista nem sentida e só aparece caso a pele seja apertada com força. É nesse grau que os vasos estão suscetíveis à ação inflamatória e as toxinas começam a se acumular.

Grau 2: Visível – Nesse estágio não é preciso mais comprimir a pele para notar as marcas. Seu aspecto é acolchoado, porque o sistema linfático está mais comprometido. Ao apertar a pele, ela fica amarelada por conta do acúmulo de líquidos.

Grau 3: Intensa – A superfície da pele passa a ter aspecto de gomos visíveis; os  nódulos começam a aparecer e ser sentidos com o toque. Como a pele já está mal nutrida, pode haver desidratação dos tecidos. A textura torna-se áspera, os poros ficam dilatados e surgem microvarizes. É a partir desse estágio que começam os primeiros sinais de dor e o inchaço fica bem evidente.

Grau 4: Grave – A celulite se torna visível até mesmo através das roupas. As fibras que constituem a musculatura formam espécie de nós e as células de gordura  agrupam-se de tal forma que formam  nódulos maiores, prejudicando a circulação. Os nervos podem ser comprimidos, o que faz a região ficar endurecida e dolorida. Com a circulação comprometida, fica difícil eliminar as toxinas, o que agrava ainda mais a celulite. Já com relação as estrias, podemos dizer que existem apenas dois tipos de estrias que acomentem as mulheres, sendo elas: as rubras (avermelhadas) e as albas (esbranquiçadas). As rubras são as mais novas e têm essa coloração porque ainda existe um conjunto de vasos sanguíneos (vascularização) adequado na área, sendo assim, se forem tratadas rapidamente, podem desaparecer, já que existem nutrientes suficientes para a completa regeneração da fibra. Caso não sejam tratadas, poderão evoluir para o tipo albas, que são mais profundas, não sendo vascularizadas e têm aparência de pele envelhecida. Nesses casos, só é possível recuperar aproximadamente 70% da pele atingida. Podemos mencionar alguns mitos ligados ao surgimento das celulites como por exemplo, o consumo de bebidas gaseificadas como os refrigerantes e também o uso de roupas justas. No que diz respeito aos refrigerantes, podemos dizer que não há fundamento científico que comprove sua relação com a formação da celulite, porém a quantidade de açúcar contido nos refrigerantes pode contribuir para o aparecimento das celulites, não sendo o gás contido nas bebidas o grande vilão e sim o excesso calórico. Já o uso de roupas justas, não causam a celulite, mas podem agravar o problema, já que dificultam ainda mais a circulação sanguínea comprometida quando já se tem a celulite instalada. Outro mito comum que caiu nos ouvidos das mulheres sobre as estrias é que o bronzeamento ajuda a esconder essa dermatose e desse modo, contribui para disfarça-las. Isso é um mito, pois o sol não contribui para diminuir, nem disfarçar estrias, muito pelo contrário, o bronzeamento ajuda até a destacar alguns tipos de estrias, principalmente as estrias esbranquiçadas ou albas.

TRATAMENTO DAS CELULITES COM DIETA E EXERCÍCIOS

Existem diversos tipos de tratamentos para as celulites e estrias que vão desde métodos não invasivos como drenagem linfática, até mais invasivos como carboxiterapia, dermoabrasão, aplicação de ácidos subcutâneos e laser. Por outro lado, existem também formas de se prevenir e combater as celulites com técnicas não invasivas, como a dieta alimentar e exercícios físicos adequados, que podem ser associados ou não as demais técnicas descritas acima para combater as celulites e estrias, dependendo do grau em que se encontram. Os exercícios físicos praticados de forma freqüente representam um importante estímulo no combate às celulites, uma vez que atuam produzindo diversas reações benéficas ao metabolismo, diminuindo o acúmulo de gorduras, regulando a pressão arterial, diminuindo o risco para doenças crônico-degenerativas como o diabetes, etc. Tanto os exercícios aeróbicos como os de musculação são benéficos no combate às celulites e estrias, porém o treinamento resistido de musculação, possui um efeito mais intenso sofre as celulites, uma vez que age alterando a composição corporal de uma forma mais precoce, tonificando os músculos e substituindo o tecido gorduroso em tecido muscular, ou seja aumentando a massa magra corporal. Com isso, podemos dizer que as chances de surgimento de celulites ou estrias diminuem, pois o metabolismo passará a ser mais anabólico, criando maiores condições de desenvolvimento muscular, passando a diminuir o acúmulo de gordura corporal e toxinas inflamatórias, as principais formadoras das celulites. Por outro lado, uma dieta adequada, rica em nutrientes benéficos, com baixo teor de açúcares refinados, gorduras e sódio, acarretam numa diminuição acentuada das chances de desenvolvimento de celulites. Nesse caso, o preconizado seria o acompanhamento profissional, com o consumo de porções alimentares de nutrientes como proteínas, carboidratos e vitaminas de forma dosada e um baixo consumo de gorduras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, podemos dizer que a melhor forma de potencializar os resultados é a associação da dieta com os exercícios físicos resistidos de musculação. Lembrando que os exercícios resistidos de musculação ainda podem ser alternados com os exercícios aeróbios (corrida, caminhada, step, bicicleta ergométrica, spinning e hidroginástica) para que possam ser trabalhadas regiões diferentes do corpo, aumentando a oxigenação e queima de gordura. Os exercícios preconizados para membros inferiores atuam estimulando o aumento da massa muscular local, melhorando a circulação sanguínea, diminuindo a incidência de gordura corporal e conseqüentemente atuando no combate as celulites e estrias. Todavia, para a obtenção de resultados eficientes é recomendado o acompanhamento por profissionais capacitados, pois muitas vezes o tratamento é feito de forma multidisciplinar, envolvendo a atuação de dermatologistas, cirurgiões, nutrólogos, nutricionistas, fisiologistas, fisioterapeutas e personais trainers.

Dr. Edson Carlos Z. Rosa

Cirurgião, Fisiologista e Pesquisador em Ciências Médicas, Cirúrgicas e do Esporte

Diretor do Instituto de Medicina e Fisiologia do Esporte e Exercício (Metaboclinic Institute), Diretor Executivo do Centro Nacional de Ciências Cirúrgicas e Medicina Sistêmica (Cenccimes) / Diretor Executivo da União Brasileira de Médicos-Biocientistas (Unimédica) /  Presidente e Fundador da Ordem Nacional dos Cirurgiões Faciais (ONACIFA), Presidente e Fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Humana (SOBRAMEH) e Ordem dos Doutores de Medicina do Brasil - ODMB, Doutor em Ciências Médicas e Cirúrgicas (h.c),

Pós-graduado em Clínica Medica - Medicina interna, Medicina e Fisiologia do Esporte/Exercício, Nutrologia e Nutromedicina, Fisiologia Humana Geral aplicada às Ciências da Saúde.

Escritor e Autor de Diversos Artigos na área de Medicina Geral, Medicina e Endocrinologia do Esporte, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurociência e Comportamento Humano.

Fundador-Gestor do e-Comitê Mundial de Médicos do Desporto e Exercício (Official World Group of Sports And Exercise Physicians), Fundador-Gestor Internacional de Cirurgiões Craniomaxilofaciais (The Official World Group of Craniomaxilofaciais Surgeons).

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