SUPLEMENTOS

Suplemento de ômega-3 à base de fosfolipídios pode tratar lesões agudas renais, diz estudo

O LPC-DHA é uma forma altamente biodisponível de ácido docosahexaenóico (DHA) presente no ômega-3, o que significa que pode ser facilmente absorvido e utilizado pelo organismo. Segundo estudo, a suplementação dessa forma de ômega-3 melhora a recuperação após lesão renal aguda.

Suplemento de ômega-3 à base de fosfolipídeo pode tratar lesões agudas renais, diz estudo Crédito: Banco de imagens

Os ácidos graxos ômega-3, devido às propriedades antioxidantes, são extremamente importantes para proteger o sistema cardiovascular do estresse oxidativo e de complicações trombóticas. “Eles têm o poder de reduzir os níveis de colesterol, triglicérides e o perfil de estresse oxidativo. Por esse motivo, também trazem benefícios aos rins”, explica a nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Um estudo de pesquisadores de Cingapura identificou que a suplementação de um tipo mais biodisponível (ou seja, mais facilmente absorvido pelo organismo) de ômega-3 pode melhorar a recuperação após lesão renal aguda (LRA). A descoberta foi publicada no Journal of Lipid Research e o ômega-3 ‘especializado’ é chamado de LPC-DHA. Essa forma é chamada de lisofosfolipídica, ou seja, o ômega-3 está ligado a fosfolipídios, que são considerados vetores para melhorar sua entrega.

Segundo a médica, a lesão renal aguda é uma grande preocupação de saúde pública, já que afeta cerca de 13,3 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano e tem uma taxa de mortalidade de 20 a 50%, dependendo da situação econômica do país e do estágio da doença. “Uma das principais causas do problema é a lesão isquêmica de reperfusão, que ocorre quando o suprimento sanguíneo do rim é restaurado após um período de restrição do fluxo sanguíneo e má oferta de oxigênio devido à doença, lesão ou intervenção cirúrgica. Em particular, danifica uma parte crucial do rim chamada túbulos proximais S3 que regulam os níveis de absorção de água e substâncias solúveis, incluindo sais”, diz a médica. As opções de tratamento são limitadas. Os pesquisadores descobriram que uma proteína (Mfsd2a) transporta o ômega-3 mais biodisponível (LPC-DHA) para as células, o que se mostrou um fator chave para influenciar a taxa de recuperação da função renal após lesão isquêmica de reperfusão. “O estudo descobriu que esse suplemento é importante para tratar pacientes com níveis reduzidos dessa proteína, de forma que o LPC-DHA também restaurou a estrutura dos túbulos proximais, ajudando-os a funcionar adequadamente novamente”, diz a médica.

De acordo com a nefrologista, o uso suplementar de ácidos graxos essenciais e seus derivados pode oferecer múltiplos benefícios à saúde de pacientes com insuficiência renal e afetar positivamente a estrutura da membrana celular, além de exercerem efeitos anti-inflamatórios. “Muitos estudos mostraram que os ômega-3 também são eficazes na redução da albuminúria (eliminação de proteína na urina) em pacientes com doença glomerular, com a nefropatia por IgA, sendo este efeito dose-dependente. A albuminúria é um marcador precoce bem estabelecido não apenas para lesão renal, mas também como fator de risco cardiovascular. Ela é um preditor de morbidade e mortalidade cardiovascular, bem como mortalidade por todas as causas na população geral. Portanto, os ácidos graxos ômega-3 podem apresentar efeitos cardio e nefroprotetores também em indivíduos saudáveis, através da modulação desta excreção de proteína na urina”, explica a nefrologista.

Apesar dos avanços na compreensão da atuação desse ômega-3, mais pesquisas são necessárias. "Os resultados sugerem que o LPC-DHA pode se tornar um tratamento seguro e eficaz que oferece proteção vitalícia, seu potencial pode ajudar a proteger os rins e auxiliar na recuperação desses indivíduos", finaliza a médica.

Comentários