SAÚDE

Estudo sugere que caminhada pode prevenir a dor lombar

Um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade de Sydney e da Macquarie University e publicado recentemente na revista The Lancet avaliou a eficácia e custo-efetividade de uma intervenção de caminhada e educação em prevenir a recorrência de dor lombar

Estudo sugere que caminhada pode prevenir a dor lombar Crédito: Banco de imagens

Realizado entre 23 de setembro de 2019 e 10 de junho de 2022, a pesquisa incluiu 701 participantes na Austrália, majoritariamente mulheres (81%) com média de idade de 54 anos.

Eles foram divididos aleatoriamente em um grupo de intervenção (351 pessoas) e um grupo de controle sem tratamento (350 pessoas). A intervenção consistiu em seis sessões de caminhada orientadas por fisioterapeutas, usando uma abordagem de coaching de saúde.

Os resultados mostraram que a caminhada reduziu significativamente a recorrência da dor lombar, com uma razão de risco de 0,72, indicando uma diminuição de 28% no risco de recorrência em comparação com o grupo controle.

Financiado pelo Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da Austrália, o texto sugere que tal intervenção pode ser uma opção acessível e escalável para tratar a dor lombar, com potencial para ser amplamente implementada.

Segundo o médico ortopedista mineiro, especialista em coluna vertebral, Daniel Oliveira, a dor lombar é definida como dor ou desconforto localizado na região inferior das costas, que pode ser causada por problemas nos músculos, ligamentos, nervos ou estruturas ósseas da coluna lombar.

“Ela pode ser classificada como aguda (duração inferior a seis semanas), subaguda (seis semanas a três meses) ou crônica (mais de três meses).”

Entre os sinais característicos da dor lombar, o ortopedista cita a dor localizada na parte inferior das costas, a rigidez e limitação de movimento na região, espasmos musculares, dor que pode irradiar para as nádegas ou pernas (ciática) e, em casos graves, sintomas neurológicos como fraqueza nas pernas, dormência ou perda de controle da bexiga ou intestino.

“As causas são diversas. Podem vir de distensões musculares e ligamentares, resultantes de esforço excessivo, levantamento inadequado de pesos ou movimentos bruscos, doenças degenerativas dos discos intervertebrais, incluindo hérnias de disco,  espondilose, que é um desgaste natural das vértebras com o envelhecimento, artrite ou osteoartrite, fraturas vertebrais, devido a traumas ou condições como osteoporose, anomalias estruturais, condições não espinhais, doenças viscerais que causam dor referida na região lombar, como problemas renais ou ginecológicos e o sobrepeso, que coloca uma carga adicional na coluna lombar, aumentando o risco de desenvolver dor lombar."

“Fumar também está associado a um aumento do risco de dor lombar devido a vários mecanismos, como a redução do fluxo sanguíneo para os discos intervertebrais, menor capacidade de cura e reparo dos tecidos, devido à diminuição da oxigenação e o aumento da inflamação do corpo."

Como forma de prevenção, o especialista em coluna fala sobre a importância do fortalecimento dos músculos das costas e abdominais através de atividades como caminhada, natação e exercícios de fortalecimento, uso de móveis e técnicas adequadas para manter uma postura correta tanto no trabalho quanto em casa, realizar técnicas de levantamento corretas, manter o peso saudável, cessar o tabagismo e alternar entre sentar, ficar de pé e caminhar.

Com relação à caminhada, Daniel explica que a atividade é altamente recomendada pelas sociedades de ortopedia como um excelente exercício para prevenir e tratar a dor lombar devido ao fortalecimento muscular, melhoria da flexibilidade e mobilidade, melhora da circulação sanguínea, controlar o peso e por promover a liberação de endorfinas, que são analgésicos naturais do corpo.

“Além disso temos o benefício psicológico, já que diminui o estresse e a ansiedade, que são  fatores que podem exacerbar a percepção da dor”, finaliza.

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